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Inglaterra e França, dois ataques poderosos com dúvidas na defesa

Questionadas antes da Copa do Mundo, as defesas de Inglaterra e França terão o desafio de parar os ataques comandados por Kylian Mbappé e Harry Kane, respectivamente, no próximo sábado (10), pelas quartas de final, em partida que promete ser um verdadeira choque de estratégias.

As duas equipes chegaram ao Catar com dúvidas e desfalques na zaga, mas também com um retrospecto estatístico similar. Foram dois jogos sem sofrer gols nos oito disputados em 2022.

Por esse motivo, o técnico francês Didier Deschamps resolveu abandonar o sistema defensivo com cinco jogadores (três zagueiros e dois laterais), considerando que a sua equipe se encontrava “com dificuldades” e “muitas vezes desequilibrada”.

O retorno à defesa com quatro atletas, como em 2018, tornou a ser considerado devido aos desfalques de última hora de Presnel Kimpembe e Lucas Hernández. Mas Deschamps não mudou seus planos e ainda busca melhorar o desempenho de sua defesa, que, até agora, sofreu um gol em cada partida no Mundial.

Histórico que preocupa, considerando que os rivais de sábado marcaram 12 gols em quatro jogos no torneio, com um ataque que se destaca pela velocidade e eficácia pelas laterais (com Phil Foden, Marcus Rashford, Raheem Sterling e Jack Grealish) e a criatividade pelo meio com Jude Bellingham, Bukayo Saka e, principalmente, Kane, que neste torneio passou do artilheiro letal do Tottenham para um jogador mais participativo e coadjuvante em sua seleção.

Duelo Mbappé-Walker


“Na verdade, vai ser preciso fechar bem as laterais… mas eles (os ingleses) também”, admitiu Olivier Giroud, que marcou três gols na competição e se tornou o maior artilheiro da história da seleção francesa (com 52 gols), beneficiado pela velocidade dos alas Ousmane Dembélé (duas assistências), na direita, e Mbappé (cinco gols e duas assistências), na esquerda.

A Inglaterra, por sua vez, sofreu poucos gols no Mundial, sendo vazada apenas duas vezes contra o Irã, na partida que venceu por 6 a 2. Apesar de sua questionada zaga composta por John Stones e um inconstante Harry Maguire, o sistema defensivo vem sendo bem resguardado pelo goleiro Jordan Pickford, que parece ter melhorado seu desempenho na competição, em relação às suas performances no Everton.

Apesar disso, os ingleses tiveram adversários relativamente mais fáceis na fase de grupos (Estados Unidos, País de Gales e Irã) do que Mbappé e companhia.

Um dos grandes desafios do técnico inglês Gareth Southgate será parar o atacante do Paris Saint-Germain. Mas o treinador parece ter um caminho: Kyle Walker, lateral-direito que conseguiu conter Mbappé nos confrontos entre Manchester City e PSG pela Liga dos Campeões.

“Eu sei que (Mbappé) é um grande jogador, mas não estamos jogando tênis. Não é um esporte individual, é um jogo de equipe”, disse Walker em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (7).

“Não penso em melhor lateral-direito no mundo para essa função”, comentou Gary Neville, o ex-jogador da posição na seleção inglesa.

“Ele vai marcá-lo de perto e tem mais repertório do que os zagueiros poloneses”, acrescentou Neville.

Escolha estratégica


Contra a França, Southgate parece estar tentado a colocar Walker para ficar na cola de Mbappé, uma estratégia para evitar que o francês fique cara a cara com Stones, que perde na disputa em velocidade. Assim, poderia fechar o sistema defensivo com três zagueiros, tática que já usou com frequência no passado, principalmente contra seleções fortes, mas que não ficou imune a críticas, sobretudo pela derrota nos pênaltis para a Itália na Eurocopa 2021.

Esquema esse que ainda não utilizou no Catar, mas que lhe permitiria colocar Kieran Trippier na ponta direita, e até Bukayo Saka, como extremos para fazer um dois contra em cima do camisa ’10’ francês, mas que lhe custaria um dos três meio-campistas (Declan Rice, Belligham ou Jordan Henderson), que até agora tiveram excelente desempenho em funções de contenção.

Southgate, porém, também parece estar ciente de que o foco no atacante francês não pode anular a atenção em Antoine Griezmann, Giroud, e, sobretudo, Ousmane Dembélé, que acrescenta muita velocidade pelo lado direito de Luke Shaw e Maguire.

“Sabemos que ele (Mbappé) é um grande jogador e é por isso que está no centro de todas as questões. Mas não vamos esquecer de Giroud, que marcou vários gols, ou Dembelé, que para mim é tão bom quanto, no outro lado”, acrescentou Walker.

Este duelo entre dois times históricos do futebol europeu pode acabar sendo uma longa partida de xadrez.

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Fonte: Folha PE

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