- Author, Rebecca Morelle, Alison Francis e Rachel Looker
- Role, BBC News
Uma análise dos destroços do submersível Titan, da empresa OceanGate, revelou como seu casco se desintegrou.
Imagens de partes da embarcação espalhadas pelo fundo do mar mostram que o casco de fibra de carbono se separou em várias camadas — um problema conhecido do material.
Não foi confirmado que o casco foi a primeira parte do submersível a falhar, mas os detalhes sugerem que é o foco principal da investigação.
Os investigadores estão tentando descobrir os detalhes do que levou à tragédia — e chegar a recomendações que possam evitar novas tragédias em expedições.
O Titan, operado pela OceanGate, implodiu menos de duas horas após o início do mergulho até o local onde se encontram os destroços do naufrágio do Titanic.
O casco do Titan era feito de várias camadas de fibra de carbono misturadas com resina.
É um material altamente incomum para um submersível de águas profundas, uma vez que não é confiável sob pressão — a maioria das embarcações é feita de metais como titânio.
Don Kramer, engenheiro do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes, mostrou à Guarda Costeira dos EUA uma série de imagens de partes do casco no fundo do mar.
Ele explicou como, em alguns fragmentos, as camadas de fibra de carbono haviam se desintegrado — um processo conhecido como delaminação.
Em outros lugares, o material estava rachado.
Não foi confirmado se os danos ao casco haviam causado a implosão.
“Não estou oferecendo nenhuma análise neste momento sobre se [o dano] ocorreu antes ou depois da implosão”, ele disse.
Kramer também contou que sua equipe analisou amostras do casco do Titan que haviam sobrado da sua construção.
Segundo ele, as amostras mostravam áreas em que as camadas de fibra de carbono haviam se separado, assim como dobras, vazios e lacunas.
Qualquer irregularidade no material teria afetado o desempenho do casco sob a forte pressão debaixo d’água.
A Guarda Costeira dos EUA também foi informada de que um forte estrondo ouvido durante um mergulho um ano antes do desastre pode ter danificado a estrutura do submersível.
Os passageiros relataram o fato em 2022, quando o submarino estava retornando à superfície após um mergulho até o naufrágio do Titanic. Um passageiro descreveu como um “evento sonoro alarmante” enquanto prestava depoimento na semana passada.
Na época, o CEO da OceanGate, Stockton Rush, disse que achava que era o submarino se deslocando na estrutura metálica que o envolvia.
Mas uma nova análise de dados de sensores feita pelo Conselho Nacional de Segurança nos Transportes sugeriu que o ruído sinalizava algum tipo de mudança na estrutura do casco.
Isso pode ter alterado a maneira como o submarino era capaz de responder à pressão nas profundezas do oceano.
Bill Kemper, da empresa Kemper Engineering, foi solicitado pela Guarda Costeira americana a elaborar um relatório independente sobre a falha do Titan.
Ele concluiu que, no momento, a causa principal da falha era indeterminada.
“Neste momento, há várias falhas pontuais não mitigadas”, disse ele à Guarda Costeira.
Em sua longa apresentação, ele descreveu vários pontos fracos no design do submersível.
Isso incluiu uma análise da janela do submarino, que sugeria que ela estava sendo deformada a cada mergulho — o que poderia resultar, em algum momento, em rachaduras. Ele também descreveu sérios problemas com o casco de fibra de carbono.
Fonte: BBC