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A ciclista Emily Bridges em competição no Reino Unido em 2018, quando ainda era identificada como Zach Bridges

A ciclista transgênero Emily Bridges afirma que foi “molestada e demonizada” depois que soube que não poderia competir no Campeonato Nacional de Omnium do Reino Unido, na categoria feminina.

Bridges tem 21 anos de idade e afirma que forneceu as evidências médicas que comprovam que ela tinha condições de participar do seu primeiro evento feminino, na modalidade Omnium – uma competição de ciclismo de pista, composta de várias provas combinadas. Mas ela diz que ainda tem “pouca clareza” sobre sua “suposta ineligibilidade”.

“Ninguém deveria ter que escolher entre ser quem é e praticar o esporte do seu coração”, afirmou ela em uma postagem no Twitter.

Bridges afirma que passou seis meses em contato com a Federação Britânica de Ciclismo e com a União Ciclista Internacional (UCI – o órgão regulador internacional do esporte), sobre os critérios de eligibilidade que ela deveria atender para participar da competição, que foi realizada em Derby, na Inglaterra, no primeiro fim de semana de abril.

As regras sobre transgêneros da Federação Britânica de Ciclismo, que foram atualizadas em janeiro de 2022, exigem que as ciclistas tenham nível de testosterona abaixo de 5 nanomols por litro por um período de 12 meses antes da competição. Bridges afirma que forneceu à Federação e à UCI provas de que ela atende a esse critério, “até porque meu nível de testosterona tem estado muito abaixo do limite estabelecido pelas normas nos últimos 12 meses”.

Mas a UCI informou à Federação Britânica que, como os campeonatos nacionais são utilizados para atribuir pontos ao ranking internacional, a participação de Bridges somente poderia ser permitida se a sua eligibilidade para competições internacionais fosse confirmada – e este processo ainda está em andamento. Por isso, a Federação Britânica declarou no final de março ter sido informada pela UCI que “com base nas suas orientações atuais, Bridges não está autorizada a participar” do evento.

Segundo Bridges, “apesar do anúncio público, ainda não tenho total clareza sobre a conclusão da minha ineligibilidade. Sou uma atleta e apenas quero voltar a competir. Espero que eles reconsiderem sua decisão de acordo com as regras.”

E ela acrescenta: “Tenho sido incessantemente molestada e demonizada por pessoas que querem promover pautas específicas. Eles atacam tudo o que não for a norma, sem se preocupar com o bem-estar dos indivíduos ou de grupos marginalizados.”

Bridges afirma que sua privacidade também foi “totalmente violada” e recebeu “abuso dirigido” nas redes sociais, “apesar de eu ainda não ter corrido na categoria feminina”.

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Recentemente, participação de nadadora transgênero Lia Thomas em comeptição dos Estados Unidos gerou polêmica naquele país

Bridges começou a terapia hormonal em 2021, como parte do seu tratamento de disforia de gênero. Ela continuou a competir nas corridas masculinas, mas inscreveu-se provisoriamente na lista inicial feminina para o Campeonato Nacional de Omnium do Reino Unido.

Segundo a revista especializada britânica Cycling Weekly, Bridges participa de um estudo na Universidade de Loughborough, na Inglaterra, para rastrear seus próprios dados de potência com níveis reduzidos de testosterona – e afirma que esses dados demonstram uma redução de 13 a 16% dos seus resultados de potência após seis segundos, um minuto, cinco minutos e 20 minutos.

Bridges também conta que recebeu reações variadas ao falar em público sobre sua transição, mas muitas mulheres ciclistas enviaram mensagens de apoio.

Até que, quando a UCI considerou Bridges inelegível, a atleta britânica dos 800 metros Ellie Baker declarou no Twitter: “Eu me recusaria a competir e espero que outras mulheres assumam a mesma posição sobre esta questão. É totalmente injusto. As vantagens das mulheres trans por terem atravessado a puberdade como meninos até se transformarem em homens nunca podem ser desfeitas.”

Já Liz Ward, diretora de programas do grupo ativista Stonewall, afirmou que Bridges “não recebeu uma chance justa de competir na corrida de 2 de abril de 2022”.

“É lamentável que a UCI tenha rejeitado os critérios de competição da Federação Britânica de Ciclismo, que foram totalmente atendidos por Bridges. A Federação já fez extensas consultas sobre a sua política de inclusão de transgêneros, que está totalmente de acordo com as orientações do Comitê Olímpico Internacional. Nossos pensamentos estão com Emily”, conclui Ward.

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