- Author, Dominic Lutyens
- Role, BBC Culture
Vem crescendo em todo o mundo – particularmente nos lares dos millennials (nascidos entre 1981 e 1995) e dos jovens da geração Z (nascidos entre 1995 e 2010) – a tendência das plantas domésticas.
Os tempos em que um vaso solitário com um arbusto ou palmeira no canto da sala era suficiente ficaram para trás. Agora, as casas abrigam cada vez mais plantas, de uma variedade muito maior de espécies – desde a clássica costela-de-adão (Monstera deliciosa) até as decorativas bromélias Neoregelia, com seus espetaculares padrões coloridos de verde e vermelho e suas folhas com espinhos.
As plantas domésticas estão assumindo a mesma importância dos móveis em um cômodo. E os entusiastas não estão só acumulando experiência em canteiros – eles também sabem a melhor forma de plantar em vasos e fazer as plantas crescerem.
Esta moda nos transporta às casas dos anos 1970. É o renascimento do suporte de plantas pendurado na parede.
Nos anos 1970, os britânicos, por exemplo, adoravam a era vitoriana – e a expansão das plantas domésticas também é um retorno àquela era. Também a adoção cada vez maior da arquitetura ambientalista e do design biofílico – que valoriza as folhagens, a água e o ar fresco, além das formas e materiais naturais na decoração de interiores – vem alimentando este fenômeno.
“As redes sociais estão fortalecendo essa tendência, com pessoas que adoram plantas compartilhando suas fotos em toda parte”, afirma o “influenciador vegetal” norte-americano Hilton Carter, autor do novo livro Living Wild (“Morando na selva”, em tradução livre).
“A fascinação com as plantas domésticas vem do desejo das pessoas de reconectar-se com a natureza”, segundo Emma Sibley, fundadora da loja London Terrariums, que promove workshops ensinando às pessoas como fazer terrários, outra face da tendência.
“Durante os lockdowns, as pessoas ficaram grudadas às suas telas enquanto trabalhavam de casa, sem poder ficar na natureza”, afirma Sibley.
Ela conta que as plantas domésticas satisfazem a necessidade que as pessoas têm de oferecer cuidados. “Elas introduziram um ritual no dia a dia que desconecta as pessoas das telas e permite que elas cuidem de algo que precise delas.”
Nós falamos com diversos influenciadores vegetais e descobrimos oito das tendências mais recentes da decoração usando plantas domésticas.
1. Plantas coloridas
Tony Le-Britton é o autor do novo livro Not Another Jungle (“Não mais uma selva”, em tradução livre) – que também é o nome da sua loja de plantas em Northampton, no Reino Unido, e da sua conta no Instagram. Segundo ele, uma das maiores tendências do momento são as plantas variegadas – com folhas de duas ou mais cores.
Disponíveis em uma oferta cada vez maior de cores e padrões, estas plantas podem ser combinadas em praticamente qualquer esquema de cores de um cômodo.
“Da mesma forma que as tulipas eram cultivadas na Holanda nos anos 1960 e o governo holandês aproveitou a oportunidade para cultivar novas plantas variegadas”, ele conta.
“A demanda por plantas domésticas disparou durante os lockdowns. Quando o bichinho das plantas morde, você quer descobrir tudo o que existe”, segundo Le-Britton. “As pessoas pesquisaram online em busca de plantas menos comuns, que antes só interessavam aos colecionadores de plantas sérios.”
“A diversidade das plantas aumenta constantemente”, prossegue ele. “A variegação com branco e verde ainda é comum, mas existem também muitas variações de vermelho, rosa e laranja. As pessoas estão agora deliberadamente comprando plantas que podem ser combinadas com o esquema de cores de um cômodo, nas mesmas cores das tintas e com os mesmos padrões dos estofados.”
2. Paredes escuras destacam as plantas
Uma das dicas de estilo favoritas de Le-Britton é exibir uma ampla variedade de plantas contra paredes com cores foscas e escuras, como azul-noturno ou verde-floresta. Estas cores destacam ainda mais as diferentes formas e texturas das plantas e seus tons parecem mais vibrantes.
As plantas podem incluir a costela-de-adão, uma planta incomum com folhas perfuradas e exuberantemente brilhantes.
“Ela era muito popular nos anos 1970 e voltou com toda força”, afirma ele. “Hoje em dia, suas folhas aparecem frequentemente como motivo de papel de parede e tecidos de estofados.”
Le-Britton também indica a begônia maculata, com suas folhas com bolinhas e tom vermelho brilhante no lado de baixo.
Para aumentar a cor, ele inclui a versátil Tradescantia, com suas folhas em cor púrpura. E também há as espécies rasteiras e trepadeiras.
Uma subtendência entre as plantas domésticas são os terrários, que exigem pouca manutenção, são vistosos e esteticamente agradáveis.
Segundo Sibley, “às vezes, a superpopulação de plantas domésticas traz pânico para as pessoas que precisam cuidar de todas elas. É aí que entra o terrário – a combinação perfeita entre a planta doméstica e a ornamentação.”
“Os terrários precisam de poucos cuidados e podem permanecer por meses sem precisar de intervenção”, explica Sibley. “Eles atraem as pessoas que viajam muito e precisam de amigos e parentes para regar as plantas.”
Existe agora até uma tendência para os terrários que contêm musgo, segundo ela – já batizados de “musgários”. O musgo, por sinal, está em alta demanda.
“As pessoas parecem estar gravitando em direção a uma tendência de musgo verde, que realmente dá um ar de frescor a um espaço”, segundo Sibley.
4. Iluminação das plantas
Uma tendência recente sobre as plantas domésticas é o aumento das opções de iluminação das plantas em ambientes internos, o que é prático e pode gerar uma atmosfera agradável.
As plantas precisam de luz natural para florescer. Mas, em alguns espaços, como cantos escuros, a luz é escassa.
Por isso, uma forte tendência atual é o uso de lâmpadas de crescimento, que compensam a falta de luz natural e acionam a fotossíntese. Elas podem ser encontradas em lojas de iluminação e vendedores online e instaladas em tomadas de luz comuns, permitindo a colocação das plantas em qualquer lugar.
E os terrários também podem receber luzes.
“Os terrários são atraentes porque criam mundos em miniatura para onde as pessoas podem escapar mentalmente. E iluminá-los aumenta sua magia”, afirma Le-Britton.
“Outra tendência recente é o híbrido entre o terrário e a lâmpada. Trata-se de uma lâmpada com base de bulbo de vidro que serve de terrário e é iluminado por ela”, explica ele. “Uma postagem com esta ideia viralizou recentemente no Instagram e o conceito se espalhou pelo mundo.”
5. Vasos criativos
À medida que aumenta o repertório de plantas domésticas em muitas casas, também presenciamos uma quantidade muito maior de opções de vasos para elas.
Mas estes avanços surgem em dois níveis – estético e prático.
Os influenciadores vegetais e os entusiastas das plantas domésticas conhecem e apreciam cada vez mais a imensa variedade de plantas que podem ser cultivadas. Por isso, eles também estão ficando mais criteriosos na escolha de vasos bonitos e estilosos.
Hilton Carter discute esta tendência em detalhes no seu livro, mas não é rígido com relação à estética. Ele indica vasos que sejam incomuns ou característicos de diversos estilos, desde os mais minimalistas, como os vasos simples de cerâmica branca com superfície canelada, até os recipientes de argila orgânica produzidos com a técnica japonesa nerikomi, que usa camadas finas de argila (muitas vezes, em tons terrosos sutilmente diferentes), que são empilhadas e manipuladas para criar um efeito marmorizado.
Mas é preciso observar que certas plantas só se dão bem em vasos feitos de materiais específicos. Os cactos, por exemplo, exigem vasos porosos feitos de concreto, argila ou terracota, para que o solo possa secar rapidamente depois da rega.
Já outras plantas, como a tropical peperômia, ficam mais felizes em vasos de metal ou cerâmica esmaltada, que retêm a umidade.
6. Paredes vivas e plantas crescendo livremente
A decoração com plantas domésticas é cada vez mais uma aventura. E uma consequência natural é a tendência de fazer com que as plantas pareçam ultrapassar os limites do vaso, com liberdade para crescer.
Se as plantas tradicionalmente já escalam as paredes externas dos edifícios, não há razão que as impeça de crescer sobre lareiras ou paredes internas.
A ideia de ter plantas e árvores crescendo sobre as paredes das construções ficou famosa, por exemplo, com a Floresta Vertical de Milão, na Itália – dois edifícios residenciais que abrigam 800 árvores e incontáveis plantas. E ela passou a ser adotada em ambientes internos, fornecendo uma alternativa mais original que os papéis de parede e pinturas. Carter apelidou a tendência de “arte viva”.
Ele menciona dois exemplos. Primeiramente, plantas como chifres-de-veado, montadas sobre quadros de cedro ou pedaços de madeira recuperada, com suas raízes em cortiça ou musgo. E, alternativamente, paredes vivas internas, que cobrem toda uma parede e precisam de sistemas de irrigação.
As duas soluções animam paredes que antes eram frias e vazias.
“Você está pegando uma superfície tipicamente dura e plana e fazendo com que ela ganhe vida”, explica Carter. “Uma parede viva é uma obra de arte em transformação e renovação permanente.”
Considerando a ampla adoção do design biofílico hoje em dia, esta tendência parece ter vindo para ficar. E, como as plantas, neste caso, são fixadas às paredes, também é uma boa solução para economizar espaço em ambientes internos compactos.
7. Elementos centrais vivos
Os restaurantes e as mesas de jantar para festas particulares costumam incluir vasos de ervas para que os convidados possam arrancar suas folhas. E, nessa mesma linha, os arranjos de flores formais em vasos que servem de elementos centrais das mesas estão sendo substituídos por alternativas mais duráveis, como limoeiros crescendo em vasos.
“Digamos que a ocasião seja uma festa no verão”, sugere Carter no seu livro. “Você pode posicionar um pé de limão-meyer no centro da mesa e colher os limões da árvore para servir em coquetéis enquanto serve os convidados.”
“Se for um jantar íntimo com os amigos, plantas decorativas baixas sobre a mesa, como um vaso de suculentas, agregarão um toque verde, permitindo que a conversa flua sem bloquear a visão das pessoas”, instrui Carter.
Naturalmente, essas ideias acompanham o compromisso cada vez maior com o design biofílico e sustentável, onde cortar flores, por exemplo, é considerado desperdício.
Outra opção cada vez mais popular de elemento central são os brotos retirados das plantas e colocados em água. Quando eles criam raízes, podem ser plantados em vasos com terra e gerar novas plantas.
“Esses elementos centrais mantêm a aparência desejada por muito mais tempo do que as flores cortadas”, indica Carter.
8. A planta-testemunho
E se um admirador de plantas domésticas gostar de um pouco de verde à sua volta como elemento calmante, mas a tendência atual de cômodos que lembram estufas vitorianas, ou até florestas, estiver além dos seus limites?
A resposta pode ser outra tendência destacada por Carter: uma grande planta chamativa, criteriosamente colocada em um espaço antes ocupado por um móvel.
Uma planta com o tamanho aproximado de uma árvore jovem, com um tronco simples coroado com folhas, pode ser colocada no final de um corredor. Ela oferece ao espaço um ponto focal e cria um ponto de fuga mais dramático.
Para atingir este efeito suavizado, Carter recomenda plantas com caule vertical, como o xaxim e a figueira-lira (Ficus lyrata).
“Gosto de decorar espaços minimalistas com uma única planta folhosa”, afirma ele.
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