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Fiocruz detecta transmissão local da cepa XQ, que mistura duas subvariantes da Ômicron

A Fiocruz identificou, entre março e maio, 25 casos de coronavírus causados pela ômicron XQ no Rio Grande do Sul. A cepa mistura as sublinhagens BA.1 e BA.2. Segundo a fundação, isso significa que o estado é o primeiro a apresentar transmissão comunitária da recombinante. A cepa XQ já tinha sido detectada em casos isolados em Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais.

Os casos foram identificados através da análise de amostras referentes aos meses de março a maio, com crescimento gradual: em março, foram detectados dois casos, representando 0,3% dos 324 genomas sequenciados; em abril, oito casos, correspondendo a 8% dos 98 sequenciamentos; e em maio, 15 detecções, o que representou 7% dos 109 casos analisados.

“A identificação ocorreu em diferentes municípios gaúchos, o que sugere uma transmissão local da recombinante XQ no estado”, afirmou em nota a pesquisadora do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Paola Resende.

Os primeiros casos foram identificados em sequenciamento genético realizado pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul (Cevs/SES-RS), com publicação no boletim genômico estadual do dia 24 de maio.

Os demais sequenciamentos foram conduzidos pela Fiocruz em parceria com o Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Sul (Lacen-RS). A Universidade Feevale, que integra a Rede Corona-Ômica BR-MCTI, ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, também contribuiu com genomas gerados no estado do RS. O trabalho teve a colaboração da Unidade de Apoio ao Diagnóstico da Covid-19 do Rio de Janeiro (Unadig-RJ), operada pela Fiocruz.

Casos da recombinante XQ já foram detectados mundialmente, em especial no Reino Unido, com depósito de genomas no banco de dados Gisaid. As sequências genéticas das amostras decodificadas no RS também já estão disponíveis plataforma. De acordo com Resende, até o momento, não há indicação de que o vírus esteja associado a maior gravidade de casos uma vez que a população apresenta boas taxas de vacinação e muitos já foram expostos a infecções prévias. No entanto, permanece necessário monitorar sua evolução.

“Ainda temos poucos dados genômicos disponíveis de abril e maio. O genoma da cepa XQ apresenta um trecho do código genético da linhagem BA.1 da variante Ômicron e um trecho da linhagem BA.2. São duas linhagens de uma mesma variante de preocupação, por isso, precisamos monitorar o que vai acontecer”, ressaltou a virologista.

Detectada no Brasil a partir de novembro de 2021, a Ômicron atualmente responde por quase 100% dos casos no país, com predomínio das linhagens BA.1 e BA.2 e suas sublinhagens.

A ação intensificada de vigilância genômica no Rio Grande do Sul começou em fevereiro, quando o Lacen-RS detectou um caso de outra cepa recombinante: a XS, que apresenta uma combinação dos genomas das variantes de preocupação Delta e Ômicron. O objetivo era investigar a possível disseminação da recombinante XS, mas o monitoramento acabou identificando a transmissão da XQ.

Entre fevereiro e maio, 824 genomas do coronavírus referentes a casos registrados no RS foram sequenciados. As análises detectaram 25 casos associados à cepa recombinante XQ e apenas um ligado à cepa recombinante XS.

Além disso, os pesquisadores observaram a substituição gradual da linhagem BA.1 (ou sublinhagens da BA.1) pela linhagem BA.2 da variante Ômicron – um movimento que também tem sido percebido internacionalmente e em outros estados brasileiros. Em fevereiro, 97,3% dos casos no RS foram atribuídos à BA.1, contra 2,4% da BA.2. Já em maio, a BA.1 respondeu por 13,8% das infecções, ante 72,5% da BA.2.

Segundo Paola, casos de recombinação genética do coronavírus têm sido identificados com mais frequência desde janeiro deste ano, quando a circulação simultânea de duas variantes do Sars-CoV-2, Delta e Ômicron, foi registrada em diversos países.

Na ocasião, foi considerada a possibilidade de surgimento de uma linhagem recombinante, que foi popularmente chamada de “Deltacron”. Porém, o monitoramento genético global mostrou a existência de múltiplas combinações genéticas entre variantes e linhagens do patógeno, que passaram a ser nomeadas com a letra X.

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Fonte: Folha PE

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