A Federação Internacional de Atletismo (World Athletics) reviu sua política sobre pessoas trans e decidiu barrá-las das competições femininas, informou nesta quinta-feira (23) o presidente da entidade, Sebastian Coe.
“O conselho da World Athletics decidiu excluir das competições femininas internacionais os atletas transgênero homens e mulheres que tiveram uma puberdade masculina”, explicou Coe.
“O conselho da World Athletics tomou medidas claras para proteger a categoria feminina do nosso esporte e, para isso, restringiu a participação dos atletas transgênero e intersexuais”, acrescentou Coe.
A maioria dos atores do atletismo consultados “considerou que as atletas transgênero não devem competir na categoria feminina”, explicou.
“Para muitos, as provas de que as mulheres trans não têm uma vantagem sobre as mulheres biológicas são insuficientes. Querem mais provas antes de levar em consideração a opção de uma inclusão na categoria feminina”, acrescentou o dirigente.
O regulamento atual determina que as atletas transgênero que quiserem participar na categoria feminina mantenham sua taxa de testosterona abaixo do limite de 5nmol/l durante um ano.
Por outro lado, as atletas intersexuais, por exemplo a emblemática corredora sul-africana Caster Semenya, devem, desde abril de 2018, manter sua taxa de testosterona abaixo dos 5nmol/l durante seis meses para serem autorizadas a participar das provas de distâncias entre 400 metros e uma milha (1.609 metros).
Esse regulamento tinha sido denunciado por Semenya (bicampeã olímpica e três vezes campeã mundial nos 800 metros), que se nega a se submeter a um tratamento hormonal ou uma cirurgia.
A atleta sul-africana acabou perdendo os recursos que interpôs, especialmente no Tribunal Arbitral do Esporte (TAS).
Em novembro de 2021, o Comitê Olímpico Internacional (COI) pediu às federações esportivas que estabelecessem seus próprios critérios sobre as pessoas transgênero e intersexuais para as competições de alto nível.
Russos continuam vetados
Além disso, o conselho da World Athletics também se pronunciou sobre a questão da Rússia, após três dias de reuniões que se encerraram nesta quinta-feira.
Quanto à guerra na Ucrânia, a Federação manifestou que os atletas russos e bielorrussos continuarão “excluídos” das competições internacionais no “futuro próximo” por esse motivo.
Por outro lado, a World Athletics decidiu reintegrar a Federação Russa de Atletismo, que estava suspensa há mais de sete anos por um grande escândalo de dopagem.
Essa decisão não muda nada sobre a participação imediata dos atletas russos nas competições, já que, no momento, continuam vetados dos eventos internacionais por conta da situação atual na Ucrânia.
Esse posicionamento do atletismo, considerado o principal esporte olímpico, era especialmente esperado e significativo, num momento em que o esporte mundial debate sobre se deve reintegrar os atletas russos e bielorrussos, a pouco mais de um ano para os Jogos Olímpicos de Paris.
Depois de ter “recomendado”, em fevereiro de 2022, sua exclusão das competições internacionais, o COI mostrou no início deste ano vontade de “explorar as vias” para o retorno dos atletas russos e bielorrussos, eventualmente sob bandeira neutra e desde que não tivessem “apoiado ativamente a guerra na Ucrânia”.
A World Athletics decidiu estabelecer um grupo de trabalho sobre o assunto da exclusão dos atletas russos e bielorrussos pela invasão da Ucrânia.
A intenção do COI gerou uma grande polêmica e inclusive temores de boicotes.
Às vésperas da fase classificatória (em abril) para os Jogos Olímpicos, a Federação Internacional de Esgrima (FIE), votou em 10 de março a favor da reintegração de russos e bielorrussos em suas competições.
Com esta decisão, a Federação Ucraniana de Esgrima anunciou que vai boicotar os torneios que tiverem representantes desses dois países.
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Fonte: Folha PE