Familiares e amigos de Patrícia Araújo realizaram ato, na manhã deste domingo (8), contra a soltura de Guilherme José de Lira, suspeito de matar a ex-esposa, jogando o carro em uma árvore, na área central do Recife, no dia 4 de novembro de 2018. Na última quinta-feira (5), Guilherme foi solto e vai responder em liberdade ao processo por feminicídio. Ele estava preso no Centro de Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife.
Patrícia Araújo faleceu aos 46 anos devido à batida, no dia do acidente, na Rua Fernandes Vieira, no bairro da Boa Vista. A polícia concluiu que houve um feminicídio ocasionado por motivo torpe. Guilherme foi preso em casa, na Zona Norte da capital, no dia 17 do mesmo mês.
A libertação de Guilherme Lira deixou parentes e amigos de Patrícia indignados. “Nós tomamos essa decisão de fazer o ato no local do acidente na sexta-feira após nosso advogado informar o relaxamento da prisão de Guilherme. Entraremos com um recurso para pedir a anulação da decisão da juíza. A gente fica com uma sensação de impunidade. Então, se você não se manifestar para esses casos, é pior. Não é só por Patrícia, é por todas as mulheres que possam ser vítimas de feminicídio”, diz o tio da vítima, Marcílio Araújo.
A decisão de revogar a prisão preventiva de Guilherme é da juíza Fernanda Moura Carvalho, da Primeira Vara do Tribunal do Júri da Capital. Apesar de solto, o suspeito, após sair do Cotel, deverá cumprir algumas medidas cautelares.
“Ele tirou Patrícia de nós da maneira mais brutal e covarde. É um absurdo que uma pessoa como essa tenha liberdade. Eu sou testemunha desse processo. Essa pessoa nas ruas oferece, realmente, risco para quem continua aí. E a gente não pode dar esse exemplo no quinto país mais violento do mundo para se nascer mulher, onde os números de feminicídio aumentam cotidianamente. Patrícia não pode ser mais um número ou mais um nome. A gente precisa que o assassino de Patrícia esteja preso, seja julgado e punido”, comenta Dani Portela, amiga de infância de Patrícia.
Entenda o caso
O crime ocorreu após um fim de semana em que Patrícia passou com amigas em Porto de Galinhas, enquanto Guilherme estava com os filhos do casal. Segundo o Corpo de Bombeiros, o acidente ocorreu por volta das 20h30, nas proximidades do Hospital de Fraturas. A hipótese inicial era de que o motorista teria perdido o controle do veículo, colidindo com a árvore.
Por meio da perícia, ficou constatado que o veículo saiu de 51 para 70 quilômetros por hora, até chegar à árvore em que ocorreu a colisão. A hipótese de acidente de trânsito havia sido descartada por familiares da vítima desde o início das investigações, que afirmavam que o homem tinha utilizado o veículo para a morte da ex-mulher “desde o início”.
Segundo amigos e familiares, Guilherme era obcecado pela vítima e não aceitava o fim do relacionamento. Antes do acidente, de acordo com a polícia, o casal havia discutido. A polícia também constatou contradições no depoimento do homem.
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