O ex-vice-presidente da Fifa Reynald Temarii, um consultor e uma advogada foram colocados na condição de testemunha assistida na investigação em Paris sobre o processo de escolha do Catar como sede da Copa do Mundo de 2022, segundo uma fonte próxima do caso, que confirmou a informação ao jornal L’Équipe.
Intimado para ser acusado, Temarii, que também foi presidente da Confederação de Futebol da Oceania (OFC), foi colocado em novembro de 2021 sob a condição de testemunha assistida. Essa mesma condição, menos incriminatória que a de acusado, foi atribuída em julho à advogada do dirigente, Géraldine Lesieur, e ao consultor Jean-Charles Brisard. Ao longo da investigação, aberta em 2019, o juiz encarregado do caso se interessou pela conduta de Temarii, Lesieur e Brisard nos dias prévios à designação do país anfitrião do Mundial de 2022.
Suspenso por um ano pela Fifa em 17 de novembro de 2010 por infração ao código de ética depois dos artigos publicados pelo jornal britânico The Sunday Times, Reynald Temarii não pôde ocupar sua cadeira no comitê executivo no dia 2 de dezembro para votar.
A OFC deveria designar um substituto que teria acordado seu voto para a Austrália e depois para os Estados Unidos a partir da segunda rodada de votações. No entanto, Temarii recorreu de sua suspensão na noite de 30 de novembro, depois de ter anunciado previamente que aceitava a punição.
Ao apelar, segundo os estatutos da Fifa, ele privava a OFC de um representante durante a votação, e portanto tirava um voto dos EUA. No dia 2 de dezembro de 2010, o Catar ganhou à frente dos EUA, que eram favoritos. As investigações revelaram que os custos da defesa de Temarii foram financiados pelo influente catari Mohamed Bin Hammam. Esta quantia (300 mil euros) foi paga à sociedade de Brisard, a JCB Consulting, mediante uma convenção “com data anterior”.
“Esse dinheiro não tinha relação de forma alguma com a Copa do Mundo“, afirmou Temarii durante sua audiência.
Através de sua advogada, o dirigente teria encarregado Brisard de administrar financeiramente sua defesa e verificar as condições de redação dos artigos do Sunday Times.
Ele decidiu recorrer ao ler uma nota de Brisard que lhe dizia em especial que o Ministério Público da Suíça previa iniciar ações por corrupção na justiça, como consequência do artigo do jornal britânico, o que era falso. E que a ausência de um recurso poderia ser interpretada como uma admissão de culpa. Sua advogada e Brisard, que são ex-companheiros, negaram qualquer intenção de manipulação.
Ainda não foram formuladas acusações na investigação judicial sobre a escolha da sede da Copa de 2022, segundo a promotoria financeira nacional.
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Fonte: Folha PE