Em outubro de 2021, Alexandre Moraes de Lara deu entrada no Hospital Humaniza, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, para tratar uma arritmia cardíaca. O problema não era novidade e já estava sendo tratado há alguns anos. Contudo, a quantidade de medicamento que recebeu na unidade médica foi dez vezes maior do que a receitada.
A superdosagem causou uma parada cardíaca que durou 20 minutos e ocasionou uma lesão cerebral que o levou ao estado vegetativo permanente. Atualmente, sua esposa luta para ser indenizada por conta da falha da rede hospitalar.
“Ele recebeu um copinho de café, com uma etiqueta dizendo ‘propafenona 30mg’, com 20 comprimidos. Achamos estranho, mas sabíamos que ele iria tomar 600mg. A gente fez a conta, 30 x 20, dava 600. Falei com ele para questionar, e ele me falou que já tinha conversado com o técnico, que confirmou que a quantidade era aquela. Ele tomou”, informou Gabrielle Bressiani, esposa de Alexandre.
Acontece que cada comprimido tinha 300mg, não 30. A dosagem recebida foi 10 vezes maior do que a receitada pelo cardiologista.
“A equipe do hospital erroneamente achou que cada comprimido tinha 30mg e administrou 20 comprimidos, totalizando 6000mg. A superdosagem resultou em uma intoxicação medicamentosa, levando a convulsão e parada cardíaca de 20 minutos. Todo esse quadro causou uma gravíssima lesão cerebral levando-o ao estado vegetativo permanente”, explicou Gabrielle.
Enquanto tudo isso acontecia, Gabrielle esperava a filha do casal, com três meses de gravidez. Atualmente, a bebê completou quatro meses de vida, e a família ainda não recebeu nenhum tipo de amparo do hospital que causou o dano incorrigível na saúde do pai da pequena.
De acordo com a esposa, uma série de erros ainda foi cometida após a parada cardíaca causada pela superdosagem do medicamento. Ela informou que a equipe de socorro demorou para administrar adrenalina e o equipamento de oxigênio não estava funcionando durante os 20 minutos em que o coração de Alexandre estava parado.
O esposo que antes era uma pessoa perfeitamente saudável, praticava esportes, dançava e sonhava com um futuro em família, perdeu suas funções cognitivas por falta de oxigenação cerebral.
“Não há reversão. Faltou oxigênio no cérebro, e muitos neurônios morreram. Não atingiu apenas uma parte específica do cérebro dele, atingiu o cérebro inteiro. Dos neurônios que restaram, há chances de ter o que eles chamam de neuroplasticidade. Que é um neurônio assumir a função do outro, e ele retomar algumas atividades. Mas não é voltar para a vida normal, são atividades pequenas, como deglutir. Mas a vida dele não vai ter uma reversão desse estado vegetativo em cima de uma cama”, contou Gabrielle.
A busca por divulgação pública do erro ocorrido se deu após o hospital não cumprir um acordo. “Não tínhamos divulgado nada, pois o hospital havia se comprometido em fazer um acordo. Porém, não podemos mais esperar, já faz mais de dez meses que tudo aconteceu”, informou Gabrielle.
“O nosso principal objetivo é garantir que ele tenha assistência vitalícia dentro do hospital. Manter ele no hospital garante que ele tenha todos os profissionais 24 horas por dia”, informou Gabrielle. Ela ainda busca uma indenização pelo que aconteceu, a responsabilização do hospital e dos profissionais que cometeram o erro da dosagem e parar de pagar o plano de saúde do esposo, que atualmente precisa de atendimento médico apenas por conta do erro cometido pela unidade de saúde.
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Fonte: Folha PE