O ex-piloto brasileiro de Fórmula 1, Nelson Piquet, tornou-se alvo de uma ação civil pública ajuizada por quatro entidades nesta segunda-feira (4). O documento foi protocolado no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios e pede indenização no valor de R$ 10 milhões para a população negra.
A ação foi motivada pelas falas racistas e homofóbicas de Piquet sobre o britânico Lewis Hamilton, a quem o brasileiro se referiu como “neguinho” e disse que ele “devia estar dando mais c* naquela época”. As declarações foram dadas ao canal “Motorsports Talks” e tiveram repercussão negativa em todo o mundo.
Na petição inicial, a Educafro, o Centro Santo Dias, a Aliança Nacional LGBTI e a Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas (ABRAFH) pedem “reparação de dano moral coletivo e dano social infligidos à população negra, à comunidade LGBTQIA , e ao povo brasileiro de modo geral”.
O documento afirma ainda que as “ofensas injuriosas, humilhantes e vexatórias, de cunho racista e homofóbico, vociferadas publicamente pelo réu” violam normas que protegem a honra e dignidade da pessoa humana, assim como aquelas que protegem a população negra contra o racismo.
De acordo com a petição, assinada pela equipe do advogado Marlon Reis, a reparação integral “de dano dessa magnitude e alcance” não deve ocorrer apenas por meio de uma indenização.
A ação pede que Piquet seja obrigado a cumprir duas medidas: publicar em nota pedido público de desculpas e, em caso de voltar a dar declarações com teor racista ou homofóbico, pagar multa no valor de R$ 100 mil por ocorrência.
Depois que a entrevista viralizou, a repercussão internacional foi extremamente negativa a Piquet. Na semana passada, a Fórmula 1, a FIA e a Mercedes publicaram comunicados condenando a atitude do tricampeão. Hamilton também se manifestou, afirmando que é necessário uma mudança profunda de mentalidade, e outros pilotos, como Sebastian Vettel, ex-pilotos e organizações saíram em defesa dele.
A Fórmula 1, inclusive, analisa banir Piquet do paddock. O Clube dos Pilotos Britânicos — proprietário de Silverstone — suspendeu a inscrição do brasileiro. Ele chegou a se desculpar, mas disse que houve uma tradução equivocada do português para o inglês do termo “neguinho”. E reforçou que o uso da palavra é coloquial entre os cariocas.
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Fonte: Folha PE
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