- Daniel Thomas e Monica Miller
- Da BBC News
O dono do Twitter, Elon Musk, está pedindo aos usuários da plataforma de rede social que votem em seu futuro como CEO da empresa.
Em uma enquete realizada com seus 122 milhões de seguidores no Twitter, ele perguntou:
“Devo deixar o cargo de chefe do Twitter? Vou respeitar os resultados.”
Os usuários podem responder “sim” ou “não”.
O magnata, que também é dono da Tesla e da Space X, tem enfrentado muitas críticas desde que assumiu o Twitter.
Após uma batalha legal, Musk concluiu a compra da plataforma de rede social em outubro por US$ 44 bilhões.
Às 6h (09:00 GMT) da manhã desta segunda-feira (19/12), mais de 15 milhões de pessoas haviam votado na enquete — e 57,4% haviam respondido “sim” à renúncia de Musk.
Dan Ives, analista sênior de ações da Wedbush Securities, disse à BBC que acredita que a votação levaria “finalmente” ao “fim do reinado de Musk como CEO do Twitter”.
Houve uma enxurrada de mudanças controversas no Twitter desde que Musk comprou a plataforma de rede social em outubro.
Ele também foi criticado por sua abordagem em relação à moderação de conteúdo, com alguns grupos de defesa de liberdades civis acusando-o de tomar medidas que vão aumentar o discurso de ódio e a desinformação.
Repórteres do jornal americano New York Times, da rede CNN e do Washington Post estavam entre os que tiveram suas contas bloqueadas por supostamente compartilharem dados de localização. As contas já foram restabelecidas.
A ONU tuitou que liberdade de imprensa “não é um brinquedo”, enquanto a União Europeia ameaçou o Twitter com sanções.
Ives afirmou que as últimas semanas e meses foram “prejudiciais para a imagem de Musk e da Tesla”, que ele diz ser a “menina dos olhos”, porque é onde está a maior parte da riqueza do bilionário.
“O Twitter agora é algo como uma areia movediça, e acho que piorou desde que Musk assumiu o controle do Twitter. Tem sido um espetáculo de circo”, acrescentou.
“Acho que, nas próximas 24 horas, Musk provavelmente nomeará um novo CEO provisório para o Twitter.”
Análise de Zoe Kleinman
Editora de tecnologia da BBC News
A enquete de Elon Musk apareceu pouco depois de ele ser fotografado na final da Copa do Mundo da Fifa, no Catar, ao lado de Jared Kushner, genro e ex-assessor especial do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Se o objetivo era provocar ondas de choque — e, sem dúvida, provocou —, ele conseguiu.
Após uma semana caótica com medidas ainda mais confusas do Twitter — a suspensão e reintegração de jornalistas, e o anúncio de uma estranha nova política de compartilhamento de links para redes sociais concorrentes —, vem o gran finale.
Enquanto escrevo, mais de 15 milhões de pessoas já votaram, e 57,4% dizem que “sim”, ele deveria deixar o cargo de CEO do Twitter.
Alguém se pergunta: quantas dessas pessoas são acionistas da Tesla? A empresa de carros elétricos de Musk caiu drasticamente em valor de mercado, e há quem diga que sua obsessão com o Twitter está destruindo a marca.
No passado, Musk manteve sua palavra e obedeceu às enquetes do Twitter. Ele gosta de citar a frase “vox populi, vox dei“. É uma expressão latina que significa algo como “a voz do povo é a voz de Deus” (origem do termo vox populi). Vamos descobrir em algumas horas.
Musk também anunciou no Twitter que grandes mudanças de políticas da plataforma seriam votadas no futuro.
Isso aconteceu depois que o Twitter disse que encerraria contas concebidas exclusivamente para promover outras plataformas de rede social.
A medida também afetaria as contas que estão ligadas com ou contêm nomes de usuários de plataformas como Facebook, Instagram, Mastodon, Truth Social, Tribel, Nostr e Post, disse a empresa em um tuíte, embora postagens cruzadas de conteúdo de outros sites ainda serão permitidas.
O ex-chefe do Twitter, Jack Dorsey, que recentemente investiu na Nostr, respondeu ao post no Twitter com uma pergunta: “Por quê?”
No sábado, a repórter do Washington Post, Taylor Lorenz, foi suspensa por violar a nova regra antes de ser formalmente anunciada.
Após ser reintegrada no domingo, ela postou um link para o tuíte que alegou ter sido responsável por sua suspensão.
Em uma série de tuítes no domingo, o Twitter afirmou:
“Reconhecemos que muitos de nossos usuários são ativos em outras plataformas de rede social. No entanto, não permitiremos mais a promoção gratuita de certas plataformas de rede social no Twitter.”
Exemplos de possíveis violações podem incluir tuítes como “siga-me @nomedeusuário no Instagram” ou “confira meu perfil no Facebook — facebook.com/nomedeusuário”, afirmou o Twitter em um blog.
Aqueles que violarem as regras pela primeira vez ou em um “incidente isolado” podem ser solicitados a excluir os tuítes ofensivos ou ter suas contas temporariamente bloqueadas.
Mas quaisquer ofensas subsequentes “vão resultar em suspensão permanente”, acrescentou.
Mas os usuários podem continuar a postar conteúdo no Twitter das plataformas proibidas, e anúncios pagos desses sites ainda serão permitidos.
Poucas horas após o anúncio, Musk pareceu contradizê-lo ao tuitar que “compartilhar links de vez em quando casualmente não tem problema, mas chega de publicidade incessante de concorrentes de graça, o que é um absurdo ao extremo”.
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