A disputa pelo cargo de primeiro-ministro do Reino Unido chegou à fase final após uma votação interna na quarta-feira (20/7) que definiu os dois finalistas à liderança do Partido Conservador.
Os candidatos ainda na disputa são o ex-ministro das Finanças Rishi Sunak e a atual secretária de Relações Exteriores, Liz Truss. A eleição ocorre após o anúncio da renúncia de Boris Johnson, no início de julho.
O novo premiê será escolhido pelo Partido Conservador, que tem maioria no Parlamento britânico atualmente. A legenda escolherá seu novo líder, que também ocupará o posto de premiê.
A eleição interna é realizada em etapas, durante as quais os candidatos menos votados pelos parlamentares conservadores foram sendo eliminados.
Na penúltima fase, Sunak e Truss avançaram, enquanto a secretária de Comércio Internacional, Penny Mordaunt, foi eliminada da disputa.
O ex-ministro das Finanças terminou essa fase em primeiro lugar, com 137 votos a seu favor. Truss ficou em segundo com 113 votos, contra 105 de Mordaunt.
O novo premiê agora será escolhido em uma votação pelos 160 mil membros do Partido Conservador, com resultado previsto para 5 de setembro.
Conheça mais sobre os dois candidatos a seguir.
Rishi Sunak
O político de 42 anos é apontado como o favorito para suceder Boris Johnson depois que sua candidatura à liderança atraiu apoio de seus ex-colegas de gabinete e ele venceu todas as etapas de votação até agora.
Filho de imigrantes de origem indiana, ele foi eleito para o Parlamento pela primeira vez em 2015 e se tornou secretário do Tesouro de Johnson em fevereiro de 2020.
Poucas semanas depois de assumir, ele se viu incumbido de gerir a economia do Reino Unido bem quando a pandemia começou.
Quando ele prometeu fazer “o que fosse preciso” para ajudar as pessoas durante a crise sanitária e anunciou o pacote de socorro de 350 bilhões de libras (R$ 2,3 trilhões em valores atuais), sua popularidade disparou nas pesquisas de opinião no país.
Mas o Reino Unido continuou a ser atingido pela crise econômica nos meses seguintes e sua imagem pessoal foi atingida quando ele foi multado pela polícia por violar as regras do lockdown em junho de 2020.
Sunak é tido ainda como um dos parlamentares mais ricos da atualidade e foi atingido em abril deste ano por especulações de membros do Partido Trabalhista, de oposição, sobre suas finanças e o uso de paraísos fiscais.
O jornal Independent publicou um relatório no qual ele foi listado como beneficiário de fundos nas Ilhas Virgens Britânicas e nas Ilhas Cayman em 2020. Um porta-voz disse que “não reconhecia” as alegações.
Ele renunciou ao cargo de ministro das Finanças em 5 de julho, colocando pressão para que Johnson deixasse o comando do país.
Sunak e o então ministro da Saúde, Sajid Javid, se demitiram após um escândalo envolvendo a nomeação de um parlamentar acusado de assédio sexual para um cargo no governo.
Ele disse que deixar o posto “enquanto o mundo está sofrendo as consequências econômicas da pandemia, da guerra na Ucrânia e outros sérios desafios não foi uma decisão que tomei com facilidade”.
“No entanto, o público corretamente espera que o governo seja conduzido de forma apropriada, competente e séria”, afirmou naquele momento.
Sunak tem se apresentado como o candidato que não cortará impostos até que a inflação esteja sob controle, ao contrário da maioria de seus rivais.
Após o resultado da votação de quarta-feira, ele agradeceu o apoio recebido nas redes sociais.
“Grato por meus colegas terem confiado em mim hoje. Trabalharei noite e dia para entregar nossa mensagem para todo o país”, escreveu no Twitter.
Sunak é casado com Akshata Murty, herdeira de um bilionário indiano. O casal tem duas filhas
A atual chanceler chegou ao cargo como a segunda mulher a ocupar a secretaria de Relações Exteriores no Reino Unido.
Aos 46 anos, já ocupou uma ampla variedade de cargos no Parlamento e governo e lidou com questões domésticas e internacionais, apesar de seu período relativamente curto no Legislativo.
Antes de ser nomeada chanceler, foi ministra da Mulher e da Igualdade e precedeu seu atual rival Rishi Sunak como ministra das Finanças.
Foi ainda secretária de Meio Ambiente do governo de David Cameron e secretária de Justiça no mandado de Theresa May.
Durante o Brexit, plebiscito sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, ela inicialmente fez campanha contra, mas posteriormente mudou sua posição, argumentando que o divórcio oferecia uma oportunidade de “sacudir a maneira como as coisas funcionam”.
Como secretária de Relações Exteriores, Truss teve que enfrentar o complexo conflito sobre a fronteira que separa a Irlanda do Norte e a Irlanda, que quase colocou o acordo entre Reino Unido e União Europeia pós-Brexit em cheque.
Ela ainda negociou a libertação de Nazanin Zaghari-Ratcliffe e Anoosheh Ashoori, dois cidadãos anglo-iranianos, que foram presos e detidos no Irã.
Quando a Rússia invadiu a Ucrânia, ela adotou uma posição dura, insistindo que todas as forças russas deveriam ser retiradas do país.
Truss enfrentou críticas depois de expressar seu apoio a indivíduos britânicos que desejavam ir à Ucrânia para lutar ao lado das forças locais.
Casada e mãe de dois filhos, ela agradeceu aos seus colegas de partido após o resultado da votação desta quarta.
“Obrigado por depositar sua confiança em mim. Estou pronta para enfrentar o desafio com energia desde o primeiro dia”, escreveu no Twitter.
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