Prefeito João Campos lançou edital de chamamento de startups para testar soluções inovadoras e novos modelos de negócios, nesta quarta-feira (11). Tecnologias poderão gerar acordos no ecossistema do Recife, permitindo fechar contratos com as empresas em qualquer parte do Brasil e do mundo (Foto: Marcos Pastich/PCR)
Imagine a cena: paradas de ônibus inteligentes com totens que oferecem estações para recarga de smartphones, tablets e equipamentos a partir de fontes renováveis. Essas e outras soluções estão mais próximas de se tornarem realidade. É que o prefeito João Campos lançou o edital do EITA Labs, no Núcleo de Gestão do Porto Digital, nesta quarta-feira (11), que implementa o mecanismo necessário para transformar os territórios que compreendem o Parque Tecnológico Porto Digital – bairro do Recife e parte de Santo Amaro e Santo Antônio – em áreas de experimentações tecnológicas e inovadoras para exploração de empresas e startups. No lançamento, duas empresas já manifestaram interesse para apresentar os protótipos para avaliação nesse laboratório de testes a céu aberto: a Avantia e a Insole. A proposta da primeira une a infraestrutura de câmeras já instalada no bairro com o sistema de inteligência artificial e a visita é tornar o ecossistema recifense de tecnologia e inovação pioneiro na portabilidade da matriz energética sustentável nas empresas embarcadas.
O grande diferencial na partida do EITA Labs é que as soluções experimentadas no Recife poderão ser integradas ao ambiente do Parque Tecnológico Itaipu Brasil (PTI-BR), em Foz do Iguaçu, no Paraná, graças ao termo de cooperação técnica assinado entre o Recife e a entidade privada.
“O EITA Labs é um sandbox regulatório e a gente definiu uma área no centro da cidade, onde a gente cria uma legislação específica. Nessa área é permitido testar uma série de inovações, tanto de ordem urbana, de ordem tecnológica, de interação social. A gente lança esse desafio e diz: se você tem alguma ideia para a cidade, nessa área do Recife, você está livre para testar. Temos uma comissão que avalia e coloca isso em prática”, explicou João Campos, no lançamento do EITA Labs. “Por exemplo, como aqui foi apresentado pelo Porto Digital, a ideia de colocar estações de abastecimento de veículo elétrico através de energia solar, umas estações que vão ser utilizadas para abastecer os carros. Então a gente cria uma legislação específica e essas estações podem ser instaladas aqui no centro. Os sistemas de vídeo segurança, com inteligência artificial, com câmeras integradas, também podem ser testados. A gente chama as pessoas para buscar inovar com a Prefeitura, porque cuidar e fazer a cidade é um papel de todos nós e não exclusivamente da Prefeitura”, finalizou o gestor municipal.
A partir da publicação do edital, as empresas e startups interessadas deverão inscrever as soluções que desejam testar no Centro do Recife através do portal EITA Labs: eitalabs.recife.pe.gov.br. Cada entidade interessada terá o prazo de seis a 12 meses para realizar as experimentações, podendo renovar esse tempo a depender das avaliações do Conselho Gestor e do Comitê Coordenador do Programa Recife Living Labs (CCRLL) – responsáveis pela curadoria dos projetos.
“Nesse edital a gente já apresenta algumas soluções e possibilita que as empresas tenham um ambiente de teste para ser realizado aqui. Atualmente, no Brasil, em nenhum local você pode testar um carro autônomo. Mas, hoje, aqui no bairro do Recife, a gente já pode. Então, muitas experiências poderão ser feitas a partir desse momento aqui, dessa parceria que é firmada aqui, desse compromisso que foi assumido com a Prefeitura do Recife com o ecossistema do Porto Digital”, destacou Pierre Lucena, presidente do Porto Digital.
As soluções a serem experimentadas no território do EITA Labs devem se enquadrar nos seguintes eixos temáticos: Meio Ambiente; Tecnologia e Inovação; Segurança; Economia, Finanças ou Empreendedorismo; Governança; Urbanismo; Saúde; Educação; Energia; Habitação; Esporte, Cultura ou Recreação; Telecomunicações; Mobilidade e Acessibilidade; Agricultura; Saneamento; ou Turismo. Pelas regras, as empresas e startups poderão submeter, ao mesmo tempo, até cinco projetos num mesmo edital.
Entre os critérios de avaliação para autorizar os experimentos, o comitê coordenador levará em consideração o grau de inovação e de maturidade da solução, o impacto na vida dos cidadãos e no seu meio a partir da tecnologia escolhida, a capacitação técnica da equipe que vai conduzir as experimentações, além de verificar se o experimento atende aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), dentre outros preceitos. A cada fundamento será atribuído um peso, refletindo seu grau de importância.
Primeiramente, o Programa EITA Labs vai permitir criar um ambiente de experimentação no bairro do Recife ao ar livre, delimitando uma área para transformar o espaço em um laboratório vivo, desburocratizado e que permitirá ações e inovações que possam ser testadas e construídas com participação ativa dos atores da região e de fora dela. Além disso, a iniciativa vai possibilitar celebrar parcerias da Prefeitura com empresas privadas, universidades e outras instituições, além da população, todos colaborando para a criação, desenvolvimento de protótipos, validação e teste de novos serviços, produtos e sistemas em contextos da vida real. Esse cenário vai abrir um mercado para atração de empresas para o Recife, permitindo o surgimento de novos negócios e geração de empregos com mais qualidade e melhores remunerações, além de fomentar o turismo empresarial, tudo isso sem necessidade de investimentos públicos por parte do município, conectado com o conceito de smart cities.
O EITA Labs é uma iniciativa da Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (SDECTI), Secretaria Executiva de Transformação Digital (SetDigital) e a Empresa Municipal de Informática (Emprel).
EMPRESAS INTERESSADAS – Logo no início, duas empresas embarcadas no Porto Digital já manifestaram interesse em participar do EITA LAbs. São elas: a Avantia e a Insole. A primeira é especializada em segurança através do uso de câmeras, que une o sistema de monitoramento com o software de inteligência artificial para detectar qualquer situação de violência ou transtornos ao patrimônio público. Para isso, a ideia é interligar todos os equipamentos de vídeo instalados no bairro do Recife ao software para que a máquina possa colaborar com a segurança pública do ambiente, sem requerer, necessariamente, a presença de um agente da força policial monitorando as telas.
Já a proposta da Insole é tornar o Porto Digital o ecossistema pioneiro na portabilidade da matriz energética elétrica para uma fonte sustentável e renovável. A iniciativa da empresa propõe distribuir pontos de recarga para carros elétricos e bicicletas de compartilhamento em locais estratégicos, usando a tecnologia a favor e para o bem-estar das pessoas.
ACORDO COM ITAIPU – Além de poderem ser testadas no Recife, as soluções tecnológicas inscritas no EITA Labs também terão condições facilitadas para serem experimentadas no Parque Tecnológico de Itaipu Brasil (PTI-BR), em Foz do Iguaçu, no Paraná. Isso ocorre graças a um acordo de cooperação técnica assinado entre a Prefeitura da capital pernambucana e a entidade privada, visando fomentar a expansão de cooperações, trocas de saberes e de experiências.
O objetivo é que tanto a Prefeitura do Recife quanto o Parque Tecnológico Itaipu possam avaliar e realizar projetos em conjunto para construção de soluções inovadoras orientadas pelo conceito de smart cities (cidades inteligentes). As ideias e os projetos que venham a surgir a partir dessa cooperação têm como foco central a melhoria da vida da população gerando uma cidadania digital que seja eficaz.
Os projetos serão testados dentro dos ambientes das living labs que permitem as condições mais adequadas para aprimoramento e visibilidade por meio da exposição, testes e validação das soluções. Fica também firmada a possibilidade da realização de discussões abertas sobre soluções inovadoras para o Turismo, Cidades Inteligentes e tecnologia em hardware e software. As discussões levam em consideração as realidades vivenciadas nas duas cidades, Recife e Foz do Iguaçu.