O governo do Peru decretou estado de emergência na capital, Lima, devido aos protestos contra a presidente Dina Boluarte, que causaram pelo menos 42 mortes nas últimas semanas.
A medida, que entrou em vigor neste domingo (15/1), valerá por 30 dias e autoriza o Exército a intervir para manter a ordem.
O decreto emitido na noite de sábado também declarou estado de emergência nas regiões de Cusco e Puno, bem como no porto de Callao, próximo à capital.
Também há restrições nas províncias de Andahuaylas, Tampopara e Tahuamanu, Mariscal Nieto e no distrito de Torata, e em cinco rodovias nacionais.
Além disso, foi decretada “imobilização social obrigatória” na região de Puno por 10 dias, o que significa que os habitantes dessa área devem ficar confinados em suas casas entre 20h e 4h da manhã.
Protestos contínuos
Apoiadores do presidente deposto Pedro Castillo marcharam e ergueram barricadas em grande parte do país sul-americano desde dezembro, após sua deposição devido à tentativa de dissolver o Congresso para governar por decreto.
Os manifestantes exigem novas eleições gerais este ano e a destituição de Boluarte.
A presidente fez um discurso televisionado na noite de sexta-feira (13/1), no qual se recusou a renunciar: “Meu compromisso é com o Peru”.
Nesta onda de protestos no Peru, pelo menos 42 pessoas morreram, das quais 17 perderam a vida em confrontos ocorridos na região de Puno há uma semana, naquele que foi o dia mais violento já registrado.
Neste sábado (14/1), continuaram os protestos que bloquearam estradas em todo o Peru, especialmente no sul, epicentro dos distúrbios, e nos arredores de Lima, segundo a AFP.
O aeroporto de Cusco, porta de entrada para o famoso Machu Picchu, reabriu no sábado depois de ser fechado por uma onda de protestos. As autoridades suspenderam as operações na quinta-feira como medida preventiva. Em dezembro, ele foi parado por cinco dias.
Instabilidade política
Em 7 de dezembro, Castillo, então presidente, anunciou em uma mensagem pela televisão sua intenção de dissolver o Congresso e estabelecer um governo de emergência que, segundo ele, governaria por decreto.
Sua decisão foi rejeitada por inúmeras instituições do país e inclusive gerou várias renúncias em seu gabinete de governo naquele mesmo dia.
O ex-presidente está em prisão preventiva por um período de 18 meses enquanto responde a processo judicial pelo suposto crime de rebelião.
Poucas horas depois, Castillo foi destituído pelo Congresso por meio de moção de vacância presidencial por “incapacidade moral” e foi preso e colocado à disposição da justiça.
Essas decisões, no entanto, geraram uma onda de indignação entre os partidários de Castillo que, desde então, protestam para exigir sua libertação, bem como a renúncia de Boluarte, novas eleições e a mudança da Constituição.
As manifestações foram duramente reprimidas pelas forças de segurança, que foram questionadas por grupos de direitos humanos por não terem feito uso proporcional da força.
Por sua vez, o Exército acusou os manifestantes de usar armas caseiras e explosivos.
O Peru vem enfrentando instabilidade política nos últimos anos, com Boluarte sendo a sexta pessoa a ocupar a presidência em cinco anos.
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