Técnicos do Ministério da Saúde deram aval à vacinação contra a Covid-19 com imunizante da Pfizer para a faixa etária de bebês a partir de 6 meses de idade até crianças de 4 anos. O início da aplicação, porém, segue sem data para começar, mais de duas semanas após a liberação dada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 16 de setembro. Cabe ao titular da pasta, Marcelo Queiroga, bater o martelo sobre a imunização da faixa etária. Atualmente, só crianças a partir de 5 anos podem tomar as doses pediátricas de Pfizer no Brasil.
A decisão foi tomada pela Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização do Programa Nacional de Imunizações (CTAI/PNI), da qual esses técnicos fazem parte, nessa terça-feira. O colegiado iria se reunir na na última sexta-feira, mas o encontro foi remarcado — segundo fontes ouvidas pelo Globo, o adiamento ocorreu porque havia enviado aos técnicos o termo de confidencialidade que, agora, é exigido para acompanhar as discussões.
O grupo tem função de assessoramento, sem poder de decisão. É formado por representantes da pasta, de secretarias de Saúde e por especialistas do setor privado, que já haviam se posicionado a favor da vacinação em ocasiões anteriores.
Como mostrou O Globo, o Ministério da Saúde dizia aguardar a avaliação da CTAI e de integrantes da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) antes de chancelar a decisão da Anvisa. Com isso, a decisão ficou para depois do primeiro turno das eleições presidenciais. A avaliação de interlocutores ligados ao ministério é de que uma ala do governo federal é tão resistente à vacinação de crianças que busca adiar o início da aplicação.
Numa comparação, a pasta levou 20 dias — isto é, de 16 de dezembro a 5 de janeiro — para liberar a vacina da Pfizer para crianças de 5 a 11 anos após a aprovação da Anvisa. O período ficou marcado por um imbróglio político durante consulta e audiência públicas que deram voz a integrantes do movimento antivacina.
Dados do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe) mostram que 52,3% das internações por Covid-19 na faixa etária ocorrem de recém-nascidos a bebês de até 1 ano.
A projeção é de que o Brasil tenha 12 milhões de crianças de 6 meses a 4 anos. Segundo a Anvisa, a vacina deve ser aplicada em três doses: a segunda vem três semanas após a primeira e, a última, depois de oito semanas. A dosagem é de 0,2 mL (equivalente a 3 microgramas), um terço da aplicada no grupo de 5 a 11 anos, o que exige a compra de novas doses.
A Pfizer informou que não comenta possíveis negociações em andamento. O contrato vigente, de 100 milhões de doses, permite que a Saúde peça doses atualizadas, sejam doses focadas em variantes como a Ômicron, seja para outras faixas etárias, desde que haja aval da Anvisa.
“As estimativas de entrega da vacina para a nova faixa etária contemplada pela Anvisa, que inclui crianças de 6 meses a 4 anos (4 anos, 11 meses e 29 dias), dependerão das definições junto ao Ministério da Saúde”, diz a nota da Pfizer.
Procurado pelo Globo, o ministério não respondeu até a publicação desta reportagem.
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Fonte: Folha PE