O Brasil bateu, na última semana, a marca dos 700 mil mortos pela Covid-19. Os números precisos serão divulgados ainda nesta terça-feira, com a atualização pelo Ministério da Saúde da semana epidemiológica que foi do dia 19 a 25 de março.
Desde que chegamos à marca dos 600 mil mortos, passaram-se 17 meses. Desde os 650 mil, foi um ano. Esse intervalo chegou a ser de apenas um mês, entre março e abril de 2021, quando passamos de 300 a 400 mil mortos.
O aumento no período de tempo mostra a imensa desaceleração da pandemia graças à vacinação. É o que reforça o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Alexandre Naime Barbosa, professor da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp):
— O intervalo começou a ficar grande após a vacinação em massa, que foi do primeiro para o segundo semestre de 2021. O impacto que a vacinação trouxe em termos de redução de gravidade foi contundente. Tivemos picos de 3.500 óbitos por dia e hoje são, em média, cerca de 40 a 50. São pessoas que não se vacinaram ou não estão com vacinação completa — afirma.
Entre 35% e 40% das pessoas não tomaram alguma dose de reforço, seja a terceira dose ou a quarta para a população indicada.
Naime Barbosa conta que, na última semana, perdeu um paciente de apenas 39 anos por Covid grave. Ele tinha Aids, não sabia, e confessou não ter achado que a doença era grave ao participar de grupos que divulgam fake news.
— Hoje vivemos um estado de convivência om o vírus. Para a população geral, vida normal. Para a população mais vulnerável, manter uso de máscara em locais de aglomeração. Mas quem pesa mesmo nessa conta de 40 a 50 óbitos por dia são as pessoas com vacinação incompleta.
Cada vida conta
Se a desaceleração é algo a ser celebrado, não é possível deixar de dizer o número altíssimo de óbitos no país ao longo da pandemia em comparação com o resto do planeta.
Sexto país mais populoso do mundo, o Brasil é o segundo com mais mortes por Covid, em números absolutos, atrás apenas dos Estados Unidos, onde morreram mais de 1,1 milhão de pessoas.
Com a vacinação, o momento agora é outro:
— Não há dúvida que aqui no Brasil a Covid não é mais uma emergência de Saúde Pública de importância nacional (Espin). Isso persiste na Organização Mundial de Saúde (OMS) porque muitos países têm taxa de vacinação baixa e com esse decreto há questões de enfrentamento prático. Já saímos de uma fase epidêmica e estamos numa fase endêmica, mas dá para melhorar, se os elegíveis para a quarta ou quinta dose se vacinassem, esses óbitos podiam cair para 1/3 disso. Seria importante otimizar ao máximo porque toda vida conta.
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Fonte: Folha PE