Ainda em agosto de 2021, se fez uma fila de lideranças políticas no Hotel Atlante Plaza, em Boa Viagem, no Recife. De partidos distintos, elas tinham um objetivo comum: ir à mesa com o ex-presidente Lula, que buscava, ali, entabular diálogos já de olho em 2022. Entre os deputados que compareceram, estava o presidente estadual do PSD, André de Paula.
Ali, foi a primeira vez que André teve uma conversa política com o petista, apesar da extensa experiência no parlamento. André foi deputado federal durante os dois mandatos em que Lula esteve à frente da Presidência da República. Mas nunca tinha estado no Planalto com o petista, uma vez que exercia Oposição na ocasião.
No encontro simbólico do ano passado, sob a bençao de Gilberto Kassab, presidente nacional o PSD, Lula cuidou de derramar elogios, como a coluna registrara, a correligionários de André. Entre eles, o senador Otto Alencar, da Bahia. E não só. Lula chegou a defender que Jaques Wagner não fosse candidato ao Governo da Bahia em prol de uma candidatura de Otto a governador.
Não foi aquela uma conversa à toa ou apenas uma homenagem. A projeção se consolidou no final da semana passada, menos de uma ano depois. Há parcerias entre as duas siglas em vários estados e Pernambuco está no radar. Ao PSD, interessa indicar André para o Senado, vaga que, no entanto, está hipotecada ao PT após o partido abrir mão da candidatura de Humberto Costa ao Palácio das Princesas.
Para o PT ser rifado, dizem socialistas, só se o PT mesmo assim decidir. Em outras palavras, isso ocorreria se Lula desse o aval. Gestos na Bahia e em Pernambuco, no entanto, nas previsões do PSD, não necessariamente assegurariam um apoio do partido de Kassab ao petista no 1º turno da corrida presidencial.
A legenda perderia muitos quadros, caso isso ocorresse. Há estados onde um apoio ao presidente Jair Bolsonaro é inegociável. O detalhe é que até para governabilidade do ex-presidente petista, caso eleito, argumentam lideranças aliadas, o tamanho do PSD ser mantido no Congresso Nacional é variável estratégica.
Os gestos feitos pelo PT ao PSD, então, credenciam, por enquanto, a sigla de Lula a ter apoio na disputa pelo Planalto no 2º turno. A construção, em Pernambuco, pode ficar mais viável, a depender do saldo do PSB no balcão de negociação nacional e de quanto interessa aos socialistas ter um partido de centro na chapa da Frente Popular.
Com você ou…
…Não há no PSB ainda solução interna capaz de viabilizar a federação com o PT. Entre petistas, isso não é visto mais como empecilho. O PT vai federar com PCdoB, PV, com quem estiver alinhado, independente de os socialistas acenarem positivamente.
…sem> Da mesma forma, o PSB estará com Lula “em qualquer circunstância”, nas palavras de Danilo Cabral, ditas à coluna no dia do lançamento de sua candidatura, com federação ou sem.
Apostas > Na Frente Popular, a depender da negociação com o PT, há bolsa de apostas dando conta de que o deputado federal Silvio Costa Filho poderia ser candidato a vice e seria alternativa interessante. No Republicanos, no entanto, o foco é uma chapa competitiva para estadual e federal. Partido que mais cresceu, proporcionalmente, em 2020, em número de prefeitos, trabalha para crescer na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa.
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Fonte: Folha PE
Autor: Renata Bezerra de Melo