O Marrocos conquistou o que muitos consideravam impossível na Copa do Mundo do Catar.
Ao derrotar Portugal neste sábado (10/12) por 1 a 0, tornou-se a primeira seleção árabe e africana a avançar para uma semifinal.
São oito jogos sem perder e também sete sem sofrer gols.
Tamanho feito deve-se, em parte, ao goleiro Yassine Bouno, mais conhecido como Bono.
“Estamos aqui para mudar a mentalidade e acabar com a inferioridade”, afirmou Bono, de 31 anos. “O Marrocos está disposto a enfrentar qualquer um no mundo, além das semifinais e qualquer outra coisa.”
Bono tem chamado a atenção nesta Copa do Mundo por feitos como os que demonstrou na partida contra a Espanha, quando defendeu dois pênaltis e não permitiu que a La Roja fizesse um gol em 130 minutos.
Aquele jogo, que mandou a seleção espanhola de volta para casa, se tornou um marco histórico para o futebol marroquino.
“Mudamos esta mentalidade e a geração que vem depois de nós saberá que os jogadores marroquinos podem fazer milagres”, declarou Bono.
O goleiro, que curiosamente fez boa parte da sua carreira em Espanha, tem papel de destaque no Sevilla, time que defende.
Seu desempenho levou-o a ser considerado o nono melhor goleiro do mundo na premiação Bola de Ouro ao receber o Troféu Yashin 2022 e conquistar seu primeiro Troféu Zamora como o goleiro com menos gols marcados na temporada 21-22.
Bono se tornou o herói de sua equipe em março de 2021 contra o Valladolid, marcando um gol aos 93 minutos e empatando a partida. Esse feito por parte de um goleiro não era alcançado há uma década no Campeonato Espanhol.
O desempenho de Bono nas semifinais de agosto de 2020 também permitiu ao Sevilla eliminar o Manchester United por 2 a 1 e conquistar seu sexto título da Liga Europa da UEFA.
Argentino ‘de coração
Yassine Bouno nasceu longe do Marrocos: em Montreal (Canadá). Ele voltou para a terra de seus pais quando tinha sete anos.
Desde pequeno, demonstrou interesse pelo futebol e fez parte do clube Wydad Casablanca, mas seu pai se opôs a que ele se dedicasse ao esporte. No entanto, Bono insistiu em se tornar um jogador profissional.
Ele deixou o Marrocos quando foi contratado pelo Atlético de Madrid. A experiência não foi a que ele esperava e ele desistiu. Passou duas temporadas com Zamora (2014-2016) e depois com Girona (2016-2019). Até que acabou no Sevilla.
Sua vida está ligada à Espanha. No entanto, sabe-se que é um grande torcedor do futebol argentino e torcedor do River Plate. “A primeira camisa que meu pai me deu foi da Argentina”, disse o goleiro há algum tempo.
Uma relação próxima à qual se atribui seu peculiar sotaque argentino. “Sou mais marroquino do que qualquer outra coisa. O que acontece é que quando cheguei na Espanha aprendi espanhol com os argentinos e acabei ficando com o sotaque”, explicou uma vez.
Seu grande ídolo é Ariel Ortega, ex-jogador de futebol argentino mais conhecido como “El Burrito Ortega”. Bono chegou a admitir em entrevista que seu cachorro se chama Ariel, em homenagem ao jogador do River.
Agora os olhos do mundo estão voltados para o Marrocos. As luvas do craque do goleiro ajudaram a seleção africana a alcançar seu melhor desempenho em uma Copa do Mundo, desde a Copa do Mundo no México, em 1986.
Será a vez de Bono enfrentar a seleção argentina?
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