• Giulia Granchi
  • Da BBC News Brasil em São Paulo

Crédito, Reprodução Instagram e Youtube SaltBae

Uma peça generosa de carne folheada a ouro é servida enquanto jogadores da seleção brasileira a temperam jogando sal com as pontas dos dedos.

O gesto, que foi filmado e compartilhado nas redes sociais, é uma imitação da “marca registrada” de Nusret Gökçe, conhecido como Salt Bae, dono do restaurante onde os pratos excêntricos são servidos.

Os atletas Vinícius Jr., Éder Militão e Gabriel Jesus, acompanhados do ex-jogador Ronaldo Fenômeno, jantaram no restaurante localizado no Catar, onde o preço da carne pode chegar a R$ 9 mil.

O consumo dos jogadores no local gerou críticas. Uma delas foi feita pelo padre Julio Lancellotti, que escreveu: “Enquanto milhões pelo mundo passam fome nos chega um vídeo deste, acintoso, e que causa indignação e tristeza” em uma postagem com quase 12 mil comentários no Instagram.

Em entrevista ao podcast PodPah, o ex-seleção brasileira Ronaldo rebateu as críticas dizendo que o consumo do prato “não tem nada de errado e inclusive pode ser inspirador para outras pessoas”.

O local visitado pelos jogadores é uma das filiais do restaurante Nusr-Et, que também está presente na Turquia, Grécia, Estados Unidos, Reino Unido, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita.

Afinal, o que é a ‘carne de ouro’ e como ela é preparada?

O prato mais caro, escolhido dos atletas brasileiros, é um prime-rib coberto com folha de ouro.

No Catar, o preço é o equivalente a cerca de R$ 3.300, mas a depender da localização, o cardápio do restaurante varia. Em Londres, por exemplo, uma peça de Wagyu, uma carne considerada mais nobre, custa £ 630 (cerca de R$ 4.360), sem as folhas de ouro.

“Mas é possível fazer o processo para ‘banhar’ a carne em ouro com qualquer tipo de carne que a pessoa desejar, como filé mignon e picanha, por exemplo”, aponta Paulo Zegaib, chef-proprietário do Dinho’s, restaurante especializado em carnes localizado em São Paulo.

Zegaib explica que o processo é mais simples do que muitos poderiam imaginar. “Basta colocar as folhas de ouro, que são vendidas separadamente, em cima da carne quente. Elas derretem e dão o visual.”

“A ideia de folhear em ouro vem da confeitaria, é comum no preparo de doces. Mas Nusret foi quem lançou a ideia de colocar em peças de carne”, completa.

O ouro não muda em nada o sabor da peça, explica o chef. “O que vai acontecer é ativar mais um sentido, o visual, pela beleza e o status de estar ‘comendo ouro’.”

Para quem deseja reproduzir a receita em casa, as folhas de ouro para receitas podem ser econtradas em lojas de produtos para culinária ou mesmo online. Já um quilo de rib-eye custa entre R$ 120 e R$ 160.

“O preço alto cobrado nos restaurantes de Nusret é mais por uma questão de experiência, do glamour, do que dos ingredientes de fato”, diz o chef-proprietário do Dinho’s.

Na avaliação de Zegaib, a receita ainda não tem se popularizado no Brasil, mas há espaço para isso. “Se um cliente que viu os vídeos pedir no meu restaurante eu posso comprar.”