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Como seria se Pelé, um homem à frente do seu tempo e de todos os tempos, jogasse hoje?

O tempo nunca teve um adversário à altura. A finitude de seus oponentes era a vantagem intransponível. Um domínio nunca antes superado. Até que um Rei levou sua coroa. O tempo não contava com o detalhe de, um dia, ter de enfrentar alguém que estava sempre à frente dele. Um homem que, nos últimos dias, apresentava movimentos limitados e saúde debilitada. Físico esse que já foi invejado no passado. Foi aí que o grande desafiante jogou sua cartada final. Fez um senhor de 82 anos conhecer o destino de todos. A vida de Pelé aqui foi encerrada. Mas ele permaneceu. Porque Pelé superou o tempo. Fez dele mais um súdito. Atingiu um status antes inimaginável. Em campos que vão além do sinônimo para gramado. Mas fica o questionamento: como conseguiu isso e, acima de tudo, como seria se o “tempo de Pelé”, o do passado, fosse o agora? 

“É importante levar em consideração à época em que Pelé jogou. As aparições eram menores, aconteciam quase somente nos jogos. Hoje em dia, com as redes sociais, a exposição é maior, com muitas interações entre ídolo e fãs. Pelé teria mais contratos, publicidade. Em contrapartida, o risco de, ao se expor, receber críticas também”, afirmou o professor de Marketing Esportivo da ESPM, Ivan Martinho, citando que o Rei não era diferenciado somente com a bola nos pés.

Craque também no marketing

“Pelé soube distribuir sua marca. Foi o recordista de capas de revistas e jornais, de documentários sobre atletas. Encontrou uma forma de ter contato com o público além do futebol. Edson morreu, mas Pelé é eterno. Deixou um legado. Foi um dos primeiros que trabalhou com marketing esportivo. Sempre se relacionou bem fora do Brasil. Licenciou produtos, participou de filmes, foi comentarista, ministro, tudo isso sem deixar de ser uma figura admirada”, apontou o professor.

No exterior, Pelé tem uma imagem praticamente irretocável. “Meu nome é Ronald Reagan, sou o presidente dos Estados Unidos da América. Mas você não precisa se apresentar, porque todo mundo sabe quem é Pelé”, brincou certa vez o chefe de Estado do país norte-americano, em visita do brasileiro à Casa Branca. 

Em 1981, Pelé recebeu o prêmio de “Atleta do Século”, do jornal francês L’Equipe. Foi recebido por papas e condecorado Cavaleiro do Império Britânico, equivalente ao título de “Sir”, pela antiga rainha da Inglaterra, Elizabeth II

Um valor ainda maior

De acordo com um levantamento feito em 2021 pela Revista Forbes, Pelé, se jogasse hoje, seria o atleta mais bem pago do mundo. Ele receberia cerca de US$ 223 milhões anuais (mais de R$ 1 bilhão). Superando, por exemplo, o dono do topo no momento, o francês Mbappé (aproximadamente R$ 700 milhões). No período em que atuou, porém, os vencimentos do camisa 10 foram bem mais modestos. No Santos, seu salário, convertendo para os dias atuais, beirava os R$ 100 mil mensais. No New York Cosmos, algo perto de R$ 10 milhões por temporada.

“Difícil calcular o valor de Pelé porque isso ia depender dos clubes que ele jogaria, os títulos…mas sendo um bom produto dentro de fora de campo, sua marca seria um sucesso”.

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Fonte: Folha PE

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