O famoso compositor e pianista alemão Ludwig van Beethoven (1770-1827) tinha uma provável predisposição genética para doença hepática e contraiu uma infecção por hepatite B meses antes de sua morte, indicam testes conduzidos por cientistas.
Uma equipe de pesquisadores liderada pela Universidade de Cambridge, na Inglaterra, analisou cinco mechas de cabelo de Beethoven para sequenciar seu genoma.
Não foi possível, no entanto, estabelecer uma causa definitiva de sua perda auditiva, segundo eles.
O principal autor da pesquisa, Tristan Begg, disse que fatores de risco genéticos, juntamente com o alto consumo de álcool de Beethoven, podem ter contribuído para sua condição hepática.
A equipe internacional analisou, inicialmente, um total de oito mechas guardadas em coleções públicas e particulares, na tentativa de esclarecer os problemas de saúde de Beethoven. Cinco delas foram consideradas “autênticas” pelos pesquisadores e vieram de um único homem europeu.
Ludwig van Beethoven nasceu em Bonn, Alemanha, em 1770 e morreu aos 56 anos em Viena, em 1827.
O prodigioso compositor e pianista sofreu perda auditiva progressiva, que começou quando tinha 20 e poucos anos. Ele ficou funcionalmente surdo em 1818.
Begg disse que a equipe concluiu a partir dos “livros de conversação” do compositor — que ele usou na última década de sua vida para se comunicar com aqueles ao seu redor — que o consumo de álcool de Beethoven era regular, mas os volumes que ele consumia eram difíceis de estimar.
“Embora a maioria de seus contemporâneos afirme que seu consumo era moderado para os padrões vienenses do início do século 19, isso provavelmente representava quantidades de álcool conhecidas hoje como prejudiciais ao fígado”, disse o especialista.
“Se seu consumo de álcool foi suficientemente pesado durante um período de tempo suficientemente longo, a interação com seus fatores de risco genéticos apresenta uma possível explicação para sua cirrose.”
A equipe disse, com base nos dados genômicos, que os problemas gastrointestinais de Beethoven não foram causados por doença celíaca ou intolerância à lactose.
Johannes Krause, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva na Alemanha, disse: “Não podemos dizer com certeza o que matou Beethoven, mas agora podemos pelo menos confirmar a presença de risco hereditário significativo e uma infecção pelo vírus da hepatite B”.
“Também podemos eliminar várias outras causas genéticas menos plausíveis”.
Axel Schmidt, do Instituto de Genética Humana do Hospital Universitário de Bonn, também na Alemanha, afirmou, por sua vez, que “embora não tenha sido possível identificar uma base genética clara para a perda auditiva de Beethoven, os cientistas alertam que tal cenário não pode ser estritamente descartado”.
Begg acrescentou: “Esperamos que, ao tornar o genoma de Beethoven publicamente disponível para os pesquisadores, e talvez adicionando mais mechas autenticadas à série cronológica inicial, as questões remanescentes sobre sua saúde e genealogia possam algum dia ser respondidas”.
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