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  • Author, Sarah Smith
  • Role, Editora de América do Norte da BBC

A esperança era fazer os eleitores focarem no que Trump poderia fazer se fosse reeleito para a Casa Branca e, com isso, aumentar o apoio a Biden.

A campanha dele estava baseada na ideia de que, se esta eleição fosse um referendo sobre Trump, Biden venceria.

Mas a atuação confusa e incoerente do presidente transformou a disputa em um referendo sobre Biden e sua aptidão para o cargo.

As desculpas – ele estava resfriado, ele estava com jet-lag – eram consideradas fracas e pouco críveis.

Democratas espertos também perceberam uma oportunidade potencial. Uma chance de transformar a corrida e talvez animar eleitores que estavam desiludidos por terem que escolher entre os mesmos dois homens velhos que concorreram da última vez.

Qualquer disputa para selecionar um novo candidato terá que ser breve. A Convenção Nacional Democrata está programada para confirmar seu candidato em 19 de agosto.

Mas quatro semanas de debates, campanhas e eventos com alguns dos talentosos e experientes candidatos do partido poderiam ser empolgantes e atrair a atenção de que um novo nomeado precisará.

No entanto, parece que o partido está rapidamente se unindo em torno da vice-presidente Kamala Harris como sua nova candidata. Com o apoio de muitos representantes eleitos, senadores e figuras importantes do partido, a candidatura de Harris pode ser incontornável.

Nenhum dos políticos que poderiam desafiá-la – como o governador da Califórnia, Gavin Newsom, a governadora de Michigan, Gretchen Whitmer, ou o governador da Pensilvânia, Josh Shapiro – vão disputar com ela.

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Legenda da foto, Muitos democratas estão rapidamente se unindo em torno de Kamala Harris como sua nova candidata

Os democratas acabaram de assistir ao Partido Republicano se unir em torno do culto a Donald Trump.

Os republicanos não apenas apoiam seu candidato, eles o adoram.

A perspectiva de uma disputa acirrada pela nomeação democrata, em contraste com a coroação triunfante de Trump, pode parecer arriscada demais – mesmo que grande parte do partido não esteja entusiasmada com Kamala Harris.

Um estrategista democrata me disse, poucos dias antes de Joe Biden desistir, que Harris não passava de “um terno vazio, sem direção ideológica ou bússola moral”. Mas ele disse que a apoiaria se isso fosse necessário para tirar Biden da cédula.

A maior batalha pode ser sobre quem Harris escolherá como vice.

O desafio principal será atrair a atenção dos eleitores em uma disputa contra um ex-presidente que constantemente domina toda a atenção.

“Não deixe uma crise séria ser desperdiçada” é uma citação favorita do chefe de gabinete de Barack Obama, Rahm Emanuel – embora ele possa tê-la emprestado de Churchill.

O que ele queria dizer é que uma crise pode ser uma oportunidade para fazer coisas que antes não eram possíveis.

Os democratas aproveitaram a crise causada pelo desempenho de Biden no debate e a usaram para transformar a eleição que se aproxima.

Foi o próprio Biden quem disse que o resultado desta eleição seria crucial para determinar o futuro da democracia americana.

Os democratas argumentam que Donald Trump representa uma ameaça existencial às instituições democráticas do país.

Nessas circunstâncias, eles precisam fazer tudo o que puderem para encontrar um candidato vencedor.

A situação se tornou tão crítica que forçou um presidente em exercício a sair da disputa. Mas talvez eles não sejam ousados o suficiente para permitir uma disputa aberta em busca do melhor candidato para substituí-lo.