Em poucas horas, as temperaturas caem drasticamente. Ao mesmo tempo, nevascas, tempestades e ventos, que chegam a ultrapassar 120 km/h, atingem Estados inteiros.
Um fenômeno natural com essas características, conhecido como “ciclone bomba” ou “bombogenesis” (como é chamado pelos meteorologistas fora do Brasil), atingiu os Estados Unidos e Canadá nos últimos dias e seus desdobramentos causaram ao menos 50 mortes.
As autoridades americanas relataram a morte de pelo menos 25 pessoas na cidade de Buffalo, no Estado de Nova York. O município foi descrito como uma “zona de guerra”, com falta de energia e estradas bloqueadas, o que dificulta o trabalho das equipes de emergência.
Quatro mortes ocorreram no Canadá quando um ônibus capotou em uma estrada com gelo perto da cidade de Merritt, na província ocidental da Colúmbia Britânica.
Os especialistas ouvidos pela BBC disseram que a formação desses ciclones ocorre por conta do encontro de duas massas: uma de ar quente e outra de ar frio. A força desse sistema depende basicamente do contraste entre elas.
O meteorologista e consultor climático Francisco de Assis diz que esse não é um fenômeno incomum na região e que muitas tempestades de neve são associadas a ciclones bomba nos Estados Unidos.
“Trata-se de um ar frio que vem muito forte dos polos e se encontra com o ar quente da região. Ele se desloca como uma bolha de ar frio muito forte, causando uma queda de pressão e temperaturas, com condições para a formação de muita queda de neve. Esse nome ‘bomba’ é por conta da grande queda de pressão”, explica o meteorologista.
Mesmo sendo considerado comum, Francisco de Assis afirma que, neste ano, a intensidade do ciclone bomba nos Estados Unidos e Canadá está acima da média.
“Ele atingiu toda a costa leste e área central dos Estados Unidos. Ele acontece quase todos os anos, mas não com essa intensidade”, diz.
Os meteorologistas dizem que a intensidade do “ciclone bomba” diminuirá nos próximos dias. Mas o alerta para os moradores das regiões mais ao norte é que evitem viagens, a menos que seja uma emergência.
Nos últimos dias, milhares de voos foram cancelados nos Estados Unidos e no Canadá, impedindo que muitas pessoas chegassem a suas casas durante as festas de Natal.
Essas tormentas causam um clima que varia de nevascas a fortes tempestades e precipitações.
Os ciclones bomba são mais comuns na costa leste dos Estados Unidos e Canadá, onde o solo frio e o ar quente da Corrente do Golfo proporcionam condições ideais para seu surgimento.
Alguns dos mortos na região foram encontrados em carros ou sob a neve, disse uma autoridade do condado de Erie à agência de notícias Reuters.
Mortes relacionadas à tempestade também foram relatadas nos Estados de Vermont, Ohio, Missouri, Wisconsin, Kansas e Colorado.
O Estado de Montana, no oeste dos EUA, é o mais atingido pelo frio, com temperaturas que chegaram a -45ºC.
A governadora do Estado de Nova York, Kathy Hochul, disse no domingo (25/12) que “isso ficará para a história como a tempestade mais devastadora em Buffalo”.
No Canadá, as províncias de Ontário e Quebec são as mais afetadas pela tempestade.
Em Quebec, quase 120 mil residências ficaram sem energia no domingo. Autoridades dizem que pode levar dias para algumas casas se conectarem novamente à rede elétrica.
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