- Giulia Granchi
- Da BBC News Brasil em São Paulo
Céline Dion revelou que foi diagnosticada com a síndrome da pessoa rígida, um distúrbio neurológico raro com características de uma doença autoimune.
Em seu Instagram, a cantora franco-canadense de 54 anos revelou o diagnóstico aos fãs.
“Há muito tempo venho lidando com problemas de saúde e tem sido muito difícil para mim enfrentar esses desafios e falar sobre tudo o que tenho passado.”
“Recentemente, fui diagnosticada com um distúrbio neurológico muito raro chamado síndrome da pessoa rígida, que afeta cerca de uma em um milhão de pessoas. Enquanto ainda estamos aprendendo sobre essa condição rara, agora sabemos que é isso que está causando todos os espasmos que tenho”, disse no vídeo publicado.
Na sequência, a artista explicou que a condição afeta sua capacidade de fazer suas atividades básicas como andar e cantar, e por isso os shows planejados no Reino Unido e na Europa no próximo ano estão oficialmente cancelados.
“Estou trabalhando duro com meu terapeuta de medicina esportiva todos os dias para recuperar minha força e minha capacidade de desempenho novamente, mas tenho que admitir que tem sido uma luta”, disse a cantora, que agradeceu o apoio dos fãs.
O que é a síndrome da pessoa rígida?
A síndrome da pessoa rígida, no passado chamada de “síndrome do homem rígido”, é uma doença neurológica que acomete o sistema nervoso central e provoca alterações neuromusculares.
“A doença tem um caráter autoimune, ou seja, ela faz com que algumas células do próprio corpo ataquem outras células saudáveis”, diz Gustavo Franklin, neurologista do Hospital Marcelino Champagnat.
“Um anticorpo chamado de anti-GAD é tipicamente relacionado com esse processo de autoimunidade. Ele ataca algumas estruturas nervosas levando aos sintomas característicos.”
Os sinais, explica o médico, são principalmente a rigidez dos músculos, que pode variar em intensidade e frequência, o que costuma dificultar o diagnóstico correto.
O paciente pode ter espasmos dolorosos nos membros como braços e pernas e também na coluna.
“Ter essa síndrome aumenta a chance da pessoa ter outras doenças autoimunes, como diabetes mellitus”, afirma Franklin.
Embora a síndrome no passado levasse “homem” em seu nome, o neurologista afirma que ela é mais comum em mulheres com mais de 40 anos.
O diagnóstico que confirma o quadro é feito por meio de um exame neurofisiológico chamado de eletroneuromiografia, pela observação dos sintomas e também pela análise do líquor dos anticorpos GAD.
Não há cura, mas há tratamento
Não há cura, mas de acordo com o neurologista há tratamentos que, em alguns casos, funcionam tão bem que o paciente é considerado em estado de remissão.
“O tratamento envolve medicamentos imunossupressores e remédios para aliviar os sintomas, como relaxantes musculares.”
A autoimunidade, explica o especialista, pode ser primária (de causa genética) ou secundária, como no caso de cerca de 1% dos pacientes com o quadro.
“Esses casos mais raros são chamados síndrome paraneoplásica, o que indica que a doença autoimune pode ser paralela à presença de um tumor. Não é nada comum, mas toda vez que diagnosticamos a síndrome da pessoa rígida devemos avaliar a possibilidade de ter tumores concomitantes”, aponta Franklin.
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