Evento – em parceria com a Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global – visou discutir técnicas que estão sendo adotadas em projetos para vias mais seguras no que diz respeito aos usuários da mobilidade ativa, que são os mais frágeis no trânsito (Foto: Josenildo Gomes/CTTU)
Uma cidade que protege os mais frágeis no trânsito: esse é o objetivo de uma política de mobilidade ativa, assunto do workshop “Desenho de Infraestruturas mais Seguras para Ciclistas”, realizado nesta terça-feira (19), pela Prefeitura do Recife, em parceria com a Iniciativa Global de Desenho de Cidades (GDCI), referência global em mobilidade urbana e parceira da Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global (BIGRS). Na ocasião, 60 técnicos de órgãos como Autarquia de Trânsito e Transporte do Recife (CTTU), Autarquia de Urbanização do Recife (URB), Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb), Recentro e Instituto Pelópidas Silveira (ICPS) treinaram técnicas para construção de projetos cicloviários. Organizações da sociedade civil como a Ameciclo e WRI também estiveram no evento para dialogar com a gestão pública. A programação faz parte da Semana de Mobilidade do Recife.
Os desenhos de ruas seguras para ciclistas podem envolver diversas metodologias de infraestrutura viária – seja ciclovias, com segregação física; ciclofaixas, com segregação por sinalização; ou ciclorrotas, com espaços compartilhados. Há, ainda, elementos de adequação de velocidade, como as placas de sinalização, fiscalização eletrônica ou adaptações do desenho urbano, tornando as vias mais estreitas e as calçadas mais largas, por exemplo.
“Ruas seguras para as pessoas que andam de bicicleta precisam ser redesenhadas não apenas pensando nas estruturas cicloviárias, mas principalmente na adequação da velocidade, as vias ficam mais ocupadas por pessoas, o clima tende a ficar mais agradável ao longo do tempo, o que está relacionado à sustentabilidade, porque cada bicicleta a mais pode representar um carro a menos, por isso, investimos na malha cicloviária da cidade não apenas com novos projetos, mas também com formação técnica de qualidade para gestores e projetistas a partir do conhecimento das boas práticas adotadas em outras cidades do mundo para aplicar no Recife”, afirma o gerente geral de mobilidade humana da CTTU, Antônio Henrique.
A programação envolveu uma apresentação teórica com uma abordagem prática, na qual os participantes idealizaram novos projetos de vias pensadas para ciclistas de maneira acessível e universal, ou seja, para todos os tipos de ciclistas, como explica a coordenadora local no Brasil da GDCI, Beatriz Rodrigues: “a ideia é fazer um treinamento sobre estruturas mais seguras para ciclistas, visando abordar estratégias de planejamento urbano para promover um ambiente seguro e convidativo para ciclistas de todas as idades e níveis de experiência”, diz.
MALHA CICLOVIÁRIA DO RECIFE – A política de mobilidade ativa do Recife segue o Plano Diretor Cicloviário (PDC), pactuado com entre governo e sociedade civil ainda em 2014, com previsão de término em 2024. Ao todo, o Recife conta, hoje, com 183 km de rotas cicláveis, todas de acordo com o PDC, e 178 km interligados entre si, totalizando 88,23% das rotas complementares, de responsabilidade da Prefeitura do Recife, cumpridas. Com o aumento da malha cicloviária ao longo da última década, o Recife se tornou referência para diversas cidades, tanto na Região Metropolitana, quanto em nível nacional. Cidades como Paulista, Jaboatão dos Guararapes (PE) e Porto Alegre (RS) já realizaram intercâmbios com a capital pernambucana para troca de conhecimentos entre os municípios cujas gestões desejam ampliar a rede ciclável.
Outro fator que faz o Recife ser destaque na gestão da malha cicloviária entre a comunidade técnica é o nível de dificuldade encontrado no território, por não ter sido uma cidade planejada e que tem 67% de área de morro. É importante lembrar que, ao longo desses anos, toda a política de segurança viária se expandiu e garantiu mais qualidade de vida para todas as pessoas no trânsito. As ações levaram a uma redução de 42% nos sinistros de trânsito entre 2017 e 2021, de acordo com o Relatório de Segurança Viária do Recife, produzido pela CTTU em parceria com a Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global.
Além da CTTU na implantação de rotas cicláveis, a Prefeitura do Recife tem investido numa gestão sustentável para trazer mais conforto aos ciclistas. É o caso das ações para arborização da cidade. Até 2023, serão plantadas 1.200 árvores de grande porte nas grandes avenidas do Recife, o que garante mais conforto térmico, a iniciativa é da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SMAS). Além disso, a PCR investiu na iluminação de LED, que garante mais segurança – tanto pública, quanto viária – aos ciclistas durante a noite. Ao todo, já são mais de 106 mil pontos de LED implantados no Recife.
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