- Michelle Roberts
- Editora de Saúde
Cientistas da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, divulgaram um estudo que identificou um elo entre bactérias na urina e uma forma agressiva do câncer de próstata.
A descoberta pode servir de base para novas maneiras de detectar e até de prevenir tumores perigosos, dizem os pesquisadores.
Ainda não se sabe se essas bactérias são causa direta do câncer ou apenas um indicador útil de que há algo de errado no corpo. Mais estudos serão conduzidos.
Em outros tipos de tumores, já há evidências sobre o papel de infecções. A bactéria H. pylori, por exemplo, pode desencadear um câncer de estômago. Antibióticos podem eliminar esse risco.
Próstata: a chave é identificar
O câncer de próstata nem sempre oferece risco de morte – alguns tumores crescem muito lentamente e podem permanecer sem intervenção, apenas sob monitoramento.
O desafio é diagnosticar e tratar rapidamente homens que enfrentam formas agressivas do tumor ou evitar que outros passem por tratamentos desnecessários.
Exames atualmente disponíveis, como o PSA (via coleta de sangue) e biópsias, nem sempre oferecem precisão sobre a gravidade de um tumor.
No estudo da universidade britânica, publicado na revista European Urology Oncology, foram analisados os quadros de mais de 600 pacientes, saudáveis ou que enfrentavam câncer de próstata, para estimar o quão útil seria um teste bacteriano de urina.
Eles identificaram cinco tipos de bactérias que eram comuns em amostras de urina e compararam com o tecido corporal de homens que sofreram com modalidades agressivas do tumor na próstata.
Detalhe: todas eram bactérias que podem se desenvolver sem oxigênio. Algumas nunca haviam sido identificadas antes.
Rachel Hurst, da equipe de pesquisadores, comentou qual será o próximo desafio: “Ainda não sabemos como as pessoas pegam essas bactérias, se elas causam o câncer ou se uma resposta imunológica deficiente permite o crescimento da bactéria”.
“Mas esperamos que nossas descobertas e nosso trabalho futuro possam levar a novas opções de tratamento, que possam retardar ou impedir o desenvolvimento de um câncer de próstata agressivo. Nosso trabalho também pode lançar as bases para novos testes com bactérias para definir o tratamento mais eficaz para cada homem.”
O professor Colin Cooper, um dos chefes da pesquisa, disse à BBC que foram seguidas medidas rigorosas para garantir que não houvesse chance de contaminação enquanto realizavam o trabalho de laboratório – e isso é uma medida para resultados confiáveis do estudo.
Segundo ele, é possível que algumas dessas bactérias produzam hormônios que impulsionam o desenvolvimento de tumores agressivos.
Sam Godfrey, da Cancer Research UK, disse: “Quase quatro em cada 10 casos de câncer no Reino Unido estão ligados a fatores de risco conhecidos, como tabagismo e obesidade. Mas existem outros fatores de risco causadores de câncer, como bactérias, que estamos apenas começando a identificar.
“Mais estudos são necessários para estabelecer como essas bactérias influenciam o crescimento do câncer de próstata, mas a pesquisa pode ajudar ao desenvolvimento de novas ferramentas de triagem e prevenção que ajudariam a reduzir o impacto desse tipo de câncer na sociedade”.
Duas das novas espécies de bactérias encontradas pela equipe ganharam os nomes em homenagem a financiadores do estudo – Porphyromonas bobii, em homenagem ao The Bob Champion Cancer Trust e Varibaculum prostatecancerukia, em referência ao Prostate Cancer UK.
Sintomas do câncer de próstata
- Necessidade de urinar com mais frequência
- Dificuldade para urinar em pé, fluxo fraco e demorado
- Sangue no sêmen ou na urina
Esses sintomas também podem ser causados por outras doenças, por isso é fundamental buscar um médico para o diagnóstico correto.
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