- Author, Julia Braun
- Role, Da BBC Brasil em Londres
- Twitter, @juliatbraun
Os últimos dias foram marcados por ineditismos no Oriente Médio.
Diante do nível elevado de tensões, líderes mundiais se manifestaram pedindo contenção. Há temores de que uma escalada entre os dois países arraste seus respectivos parceiros regionais para um conflito expandido.
Mas afinal, quais são as principais alianças e rivalidades que unem e dividem o Oriente Médio atualmente? E quais os fatores que influenciam nesse complexo xadrez geopolítico?
Os grandes rivais
A rivalidade entre Israel e Irã já dura muitos anos e é uma das principais fontes de instabilidade na região. Mas a relação entre os dois países já foi bastante cordial.
Embora tenha se oposto ao plano de divisão de território que resultou na criação do Estado de Israel em 1948, o Irã foi um dos primeiros países de maioria muçulmana a reconhecer Israel.
Porém, as coisas mudaram em 1979, quando a chamada Revolução Islâmica conquistou o poder em Teerã.
A revolução impôs uma república islâmica que se apresentava como defensora dos oprimidos. Uma das suas principais marcas era a rejeição ao que classificava como “imperialismo” americano e a Israel, que já tinha nos Estados Unidos o seu principal aliado.
O ex-presidente da Autoridade Palestina Yasser Arafat foi o primeiro líder estrangeiro a visitar Teerã após a queda do Xá e elogiou os novos revolucionários. Em um movimento simbólico, o governo local também entregou a embaixada israelense ao movimento palestino Fatah. Durante esses anos, as autoridades iranianas enfatizaram a hostilidade para com Israel.
Já Israel acusa o Irã de financiar grupos que têm os israelenses como alvo e de realizar ataques contra seus interesses. Justamente por isso, sempre foi uma obsessão para os israelenses minar o programa nuclear iraniano.
A rivalidade entre os dois países já fez um grande número de mortos, muitas vezes em ações secretas em que nenhum dos governos admite sua responsabilidade. E a guerra em Gaza só fez as coisas piorarem.
Desde o começo, analistas e governos do mundo todo demonstravam preocupação com a possibilidade de que o conflito pudesse provocar uma reação em cadeia na região, e um confronto aberto e direto entre iranianos e israelenses.
Por um bom tempo, pareceu que tanto o Irã quanto Israel estavam tentando evitar uma escalada de hostilidade. Mas o ataque à sede diplomática do Irã na Síria no início do mês bateu forte em Teerã. Várias pessoas morreram, incluindo alguns altos comandantes iranianos.
O Irã atribuiu esse ataque a Israel – o que nunca foi confirmado pelo governo israelense.
Na época, o Ministério das Relações Exteriores iraniano prometeu um “castigo ao agressor”. Por isso, a ofensiva contra Israel no último fim de semana não foi exatamente uma surpresa.
Nos últimos anos, Israel atacou bases iranianas e as suas forças aliadas muitas vezes, mas o Irã nunca havia respondido antes.
Imediatamente após a ofensiva, as alianças alcançadas pelos dois rivais nos últimos anos se tornaram motivo de discussão.
Enquanto os parceiros do governo israelense participaram da estruturação da defesa e resposta à ofensiva iraniana, os laços entre Teerã e grupos não-estatais que agem no Líbano, Iraque e outros países da região ficaram mais uma vez evidentes após relatos de disparos vindos de seus territórios no último sábado (13/4).
Após os disparos, o Corpo da Guarda Revolucionária do Irã (IRGC) confirmou ter lançado os drones e mísseis contra Israel.
Mas o Departamento de Defesa dos EUA afirmou que suas forças interceptaram dezenas de projéteis lançados do Iraque, Síria e Iêmen. O grupo Hezbollah no Líbano, aliado do Irã, também disse ter disparado duas barragens de foguetes contra uma base militar israelense nas Colinas de Golã ocupadas.
Segundo as forças israelenses, 99% dos mais de 300 mísseis de cruzeiro e drones lançados foram interceptados por Israel, com o auxílio de Estados Unidos, Reino Unido, França e Jordânia.
O ex-chefe do Conselho de Segurança Nacional israelense, Giora Eiland, afirmou ainda ao jornal Financial Times que um complexo sistema de comando e controle estabelecido entre os EUA, Israel e seus vizinhos árabes há mais de quatro anos foi essencial para detectar e responder às ameaças.
Os EUA também exerceram um importante papel diplomático, ao advogar pela contenção do lado israelense.
Ainda assim, autoridades norte-americanas confirmaram que um míssil israelense atingiu o Irã na manhã desta sexta.
Explosões foram ouvidas na cidade de Isfahan, embora não esteja claro qual foi o alvo. A província abriga uma grande base aérea, um importante complexo de produção de mísseis e várias instalações nucleares.
A imprensa iraniana não noticiou nenhum impacto direto do ataque israelense desta sexta-feira, e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmou que nenhuma instalação nuclear foi danificada.
Não está claro que tipo de armas foram usadas, nem de onde foram lançadas. Fontes dos EUA disseram que um míssil foi disparado no ataque, enquanto o Irã afirmou que o ataque envolveu apenas drones de pequeno porte.
Não houve nenhum comentário oficial por parte de Israel até agora.
O ex-embaixador do Reino Unido no Líbano, Tom Fletcher, disse ao programa Today da BBC Radio 4 que o quadro ainda é “bastante nebuloso” e muitos em toda a região estão “acordando com um medo real”.
“Este é um sinal de que Israel pretende continuar este jogo de pôquer de alto risco com o Irã”, diz ele.
Fletcher acrescentou que diplomatas de toda a região, bem como dos EUA e do Reino Unido, “estarão procurando maneiras de minimizar isso agora”.
Irã e o ‘eixo da resistência’
Segundo especialistas consultados pela BBC Brasil, os principais aliados do Irã na região são atualmente atores não-estatais. Essa rede de influência por meio da associação com grupos em diversos países ficou conhecida como “eixo de resistência”.
Essa influência ocorre no contexto de conflitos como os da Síria e Iêmen, e na luta contra o Estado Islâmico no Iraque.
O eixo, marcadamente antiamericano e anti-Israel, é composto principalmente por Irã, Síria, grupo Hezbollah no Líbano, milícias xiitas no Iraque, Afeganistão e Paquistão, grupos militantes nos territórios palestino e os Hutis (grupo rebelde do Iêmen).
Embora o denominador comum destes grupos seja o fato de serem xiitas, tal como a maioria da população do Irã, o eixo também inclui um grupo sunita: o Hamas.
“É uma questão de alinhamento de interesses para esses atores, majoritariamente não-estatais, cuja razão de ser é a resistência, seja a Israel ou aos regimes locais. Muitas vezes a resistência de um incorpora a resistência do outro”, explica Elizabeth Monier, da Universidade de Cambridge.
Em um artigo publicado em 2020 pela BBC News Mundo, Kayvan Hosseini, jornalista da BBC Persa, afirmou que todos estes grupos recebem “apoio logístico, econômico e ideológico” do Irã.
O arquiteto desta rede de influência iraniana foi Qasem Soleimani, ex-comandante do grupo de elite Força Quds, da Guarda Revolucionária Iraniana, morto pelos Estados Unidos em janeiro de 2020.
A Força Quds é responsável pelas ações militares secretas das forças iranianas no exterior e por meio da qual se articulam os laços de Teerã com grupos e milícias em outros países.
E enquanto o Hamas possui fortes laços com o regime iraniano, o Fatah, organização política que controla a ANP (Autoridade Nacional Palestina), tem uma relação cada vez mais distante.
Recentemente, o Fatah acusou o governo iraniano de “instigar o caos e intrometer-se nos assuntos internos palestinianos de uma forma que beneficia apenas a ocupação israelense”.
No Líbano, Iraque, Iêmen, Afeganistão e Paquistão, divisões internas marcam a busca pela influência iraniana.
Além de um grupo armado, o Hezbollah também é um partido político e uma força incontestável no Líbano. Mas apesar de ter poder de veto no Executivo do país, a organização e sua aliança com o Irã não possuem apoio absoluto.
Já no Iêmen, a ligação acontece por meio dos rebeldes houthi. O grupo que segue uma corrente do islamismo xiita conhecida como zaidismo ganhou grande força política no início de 2014 e hoje controla grandes partes do país.
A Arábia Saudita sunita apoia o governo internacionalmente reconhecido, por mais fraco que seja, e interveio militarmente para tentar derrubar os houthis em uma ação que teve apoio do Bahrein.
Os houthis teriam recebido centenas de milhões de dólares dos iranianos, segundo relatos. O Irã não confirma essa destinação de recursos.
Mas quando o assunto são atores estatais, a Síria aparece como o aliado mais importante do Irã no Oriente Médio.
Assim como a Rússia, o Irã ajudou o governo sírio de Bashar al-Assad a sobreviver à guerra civil que já dura uma década no país.
“O regime Bashar al-Assad depende extensivamente do Irã e ambos os países são aliados há muito tempo. Mas a Síria é um Estado muito fraco no momento, não é um grande ator regional geopolítico e ainda sofre as consequências da guerra civil”, diz Yaniv Voller, da Universidade de Kent, no Reino Unido.
“Isso significa que o Irã não pode contar muito com a Síria além de como um corredor para transportar armas para o Hezbollah no Líbano.”
Fora do que é conhecido como ‘eixo da resistência’, no Iraque o Irã tem se envolvido de forma mais profunda na política local desde a queda do regime de Saddam Hussein em 2003. Muitos partidos políticos iraquianos têm ligações com o regime iraniano, que financia e treina grupos paramilitares alinhados com estes partidos.
Segundo um artigo publicado pelo especialista em assuntos militares e de segurança Michael Knights no CTC Sentinel, um periódico acadêmico da Academia Militar dos Estados Unidos, entre os grupos que possuem ligação com a Força Quds estão o Kataib Hezbollah e o Asaib Ahl al-Haq.
“O Irã tem uma enorme influência social no Iraque. Há milícias xiitas que estão muito alinhadas com o Irã e o atual governo depende dessas milícias, mas ao mesmo tempo precisa e tenta manter relações mais estreitas com os Estados Unidos”, explica Ewan Stein, da Universidade de Edimburgo.
Quando Cabul caiu para o Talibã em agosto de 2021, o aiatolá Khamenei saudou publicamente a mudança, embora com palavras cuidadosamente elaboradas. O Irã também foi um dos poucos países que manteve a sua embaixada aberta no país após a transição de poder.
Mais recentemente, porém, preocupações com a capacidade do Talibã de manter a segurança local – algo especialmente importante para o Irã, que divide uma fronteira de quase 950 quilômetros com o território afegão – têm crescido.
Distúrbios na região da fronteira também marcam os vínculos com o Paquistão. Em janeiro, os dois países passaram por momentos de tensão após trocas de bombardeios.
A primeira ofensiva veio de Teerã, que disse ter como alvo o Jaish al-Adl, um grupo muçulmano sunita balúchi que acusa de realizar ataques dentro do Irã.
Como resposta, o Paquistão lançou ataques com mísseis contra o Irã dois dias depois, matando nove pessoas. Segundo o governo local, os alvos eram “esconderijos terroristas” de dois grupos militantes, o Exército de Libertação do Baluchistão (BLA) e a Frente de Libertação do Baluchistão (BLF).
O Irã ainda conta com um mais discreto apoio de China e Rússia. As relações são principalmente baseadas em comércio e transações financeiras, segundo Yaniv Voller.
“Não é muito provável que China ou Rússia decidam se juntar ao Irã em caso de um conflito ampliado” com Israel, diz.
O pesquisador, porém, não descarta a possibilidade dessas duas potências se envolveram por meio de apoio político com vetos nas Nações Unidas.
Especialistas ouvidos pela BBC Brasil também acreditam que, no caso extremo de uma escalada, os governos russo e chinês possam estar dispostos a enviar suporte logístico e fornecimento de armas ao Irã.
Israel e seus aliados
Os principais aliados de Israel estão fora do Oriente Médio, segundo Yaniv Voller, da Universidade de Kent. Além dos Estados Unidos, o especialista cita França, Reino Unido e outros países da Europa.
“Israel também tem importantes aliados na região, mas enquanto alguns demonstram apoio de forma mais aberta, outros agem mais nos bastidores”, diz Voller.
Elizabeth Monier, da Universidade de Cambridge, prefere classificar esses laços mais como uma “cooperação” em diferentes níveis do que como alianças.
Egito e Jordânia assinaram acordos de paz com o governo israelense em 1979 e 1994, respectivamente.
A parceria entre egípcios e israelenses se baseou nos últimos anos principalmente nos esforços para erradicar ameaças extremistas na Península do Sinai e no comércio de gás natural.
Mas segundo os especialistas ouvidos pela reportagem, o governo egípcio parece menos disposto a apoiar seu vizinho em um eventual conflito expandido com o Irã.
“Entre todos os países da região que possam eventualmente aderir a um hipotético conflito, o Egito certamente não é o primeiro da fila”, diz Yaniv Voller. “O país tem seus próprios problemas. O regime [do presidente Abdul Fatah] Al-Sisi está constantemente preocupoado em tentar melhorar a situação econômica e lidar com a pressões que sofrem em outras partes do seu território.”
O Egito trava uma batalha contra a Etiópia ao sul, por conta da construção de uma barragem gigante que o governo Al-Sisi afirma que ameaça o seu abastecimento de água do rio Nilo. Ao mesmo tempo, há preocupações com a segurança na fronteira oeste com a Líbia, que sofre com enorme instabilidade política após mais de uma década de guerra civil.
A cidade fica na fronteira com o Egito e essa eventual ofensiva poderia forçar milhares de palestinos a cruzar para o país em busca de refúgio.
Já a Jordânia participou ativamente dos esforços de defesa ao lado de Israel durante o ataque iraniano do último sábado.
O fato, porém, desagradou parte da população, que tem protestado contra o apoio jordaniano desde o início da ofensiva de Israel em Gaza.
“A decisão da Jordânia de se juntar à coalizão para barrar os misseis iranianos é algo bastante complicado”, diz May Darwich, professora de Relações Internacionais do Oriente Médio da Universidade de Birmingham, no Reino Unido.
Segundo a pesquisadora, o país poderia simplesmente ter se abstido ou então apenas permitido que os EUA usassem sua base militar em território jordaniano para abater os mísseis.
“Mas eles decidiram fazer eles mesmos e agora o regime é visto por todos como um aliado próximo de Israel, pronto para defender os interesses e o território israelenses”, afirma.
“Isso por si só coloca a Jordânia numa posição muito difícil a nível interno, mas também regionalmente, porque se a guerra expandir, a Jordânia será considerada um aliado de Israel.”
Os países do Golfo
Israel também assinou mais recentemente tratados de paz com os Emirados Árabes Unidos e Bahrein.
Antes do conflito em Gaza, também havia rumores de que a Arábia Saudita estava prestes a estabelecer relações diplomáticas com Israel, em uma aproximação patrocinada pelo governo americano.
No contexto atual, porém, especialistas afirmam que esse movimento está totalmente paralisado.
Historicamente, os sauditas estão entre os maiores defensores da causa palestina e nos últimos meses o reino têm condenado intensamente as ações israelenses em Gaza.
Mas segundo reportagem do Wall Street Journal, que ouviu oficiais americanos, egípcios e sauditas, Riad teria auxiliado Israel na defesa contra os mísseis iranianos no final de semana por meio do fornecimento de inteligência. A informação, porém, não foi confirmada oficialmente por nenhum dos dois lados.
Publicamente, o governo saudita disse estar profundamente preocupado e apelou aos “mais altos níveis de autocontenção”, de acordo com um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Durante cerca de 40 anos, a Arábia Saudita e o Irã mantiveram uma rivalidade aberta que alguns especialistas chegaram a descrever como “a nova Guerra Fria no Oriente Médio”. Esta situação foi agravada pelo apoio do Irã aos grupos armados no Iêmen, Líbano e Iraque.
Em março de 2023, as relações entre a Arábia Saudita e o Irã entraram em uma nova era ao restabelecerem os laços diplomáticos e acordos de segurança, comerciais, econômicos e de investimento em uma negociação mediada pela China. Isso seria mais um exemplo, como alertam os especialistas consultados pela BBC, da constante fluidez e complexidade das relações de poder no Oriente Médio.
Segundo Elizabeth Monier, da Universidade de Cambridge, a Arábia Saudita é hoje uma forte concorrente para o papel de liderança regional.
“A Arábia Saudita é crucial como equilíbrio para o Irã e como formadora das estratégias do Conselho de Cooperação do Golfo [organização formada também por Omã, Emirados Árabes Unidos, Catar, Bahrein e Kuwait]. É também fundamental para a segurança energética e para quaisquer desenvolvimentos no processo de paz.”
Também entre os países do Golfo, o Catar desempenha atualmente um papel singular como mediador entre Israel e o Hamas diante do conflito em Gaza e mantém relações próximas com o Irã.
Para Yaniv Voller, o país é um dos poucos na região que também teria condições de atuar como mediador entre Israel e Irã.
O especialista também cita a Turquia como uma segunda alternativa.
Como outro Estado não-árabe da região, o país desfrutou de laços estreitos durante grande parte da sua relação de 74 anos com Israel. Mas mais recentemente, sob a liderança do presidente Recep Tayyip Erdogan, as relações se tornaram mais tensas, muitas vezes em paralelo com os altos e baixos das tensões israelo-palestinas.
Erdogan criticou o premiê israelense na última terça-feira (16), após o ataque iraniano contra Israel. “O principal responsável pela tensão que tomou conta dos nossos corações na noite de 13 de abril é Netanyahu e a sua administração sangrenta”, disse o líder turco.
Ainda assim, Voller acredita que o país tem se mantido em uma posição mais neutra do que outros Estados da região.
“A Turquia é um ator importante na região e um aliado da Otan. A economia turca passa por dificuldades e um conflito maior certamente pode piorar as coisas. Por isso acredito que o país teria interesse na prevenção de uma escalada”, diz.
Há ainda quem aponte Omã como mais uma possibilidade de mediador. O país localizado a sul dos Emirados Árabes Unidos e da Arábia Saudita já fez esse papel em outros momentos de negociação entre Irã e nações ocidentais.
Sunitas x xiitas?
As duas grandes forças que representam essa divisão são atualmente Irã e Arábia Saudita. Enquanto o primeiro é majoritariamente xiita, o segundo tem os sunitas como principal vertente.
A divisão remonta ao ano de 632 e à morte do profeta Maomé, que resultou em uma luta pelo direito de liderar os muçulmanos. De certa maneira, essa disputa continua até hoje.
Embora as duas vertentes coexistam há séculos, compartilhando muitas crenças e práticas, sunitas e xiitas mantêm diferenças importantes em questões de doutrina, rituais, leis, teologias e organização.
Seus respectivos líderes também tendem a competir por influência religiosa.
E da Síria ao Líbano, passando por Iraque e Paquistão, muitos conflitos recentes enfatizaram ou até agravaram essa divisão, separando comunidades inteiras.
Nos países governados por sunitas, os xiitas geralmente fazem parte da parcela mais pobre da sociedade e se veem como vítimas de opressão e discriminação. Alguns extremistas sunitas também pregam ódio contra os xiitas.
Mas segundo os especialistas ouvidos pela BBC Brasil, os conflitos no Oriente Médio atualmente não podem ser reduzidos à violência sectária.
“Embora a divisão sunita/xiita desempenhe um papel na retórica política e como combustível que pode aumentar o fogo de um conflito, não acredito que esta diferença sectária seja em si a fonte do conflito”, diz Elizabeth Monier.
Segundo ela, o conflito entre o Irã e os Estados árabes é geopolítico e está ligado à busca por alianças e à presença dos Estados Unidos na região.
Fonte: BBC
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