Sem surpresas, Arthur Lira (PP-AL) foi reeleito para a Presidência da Câmara nesta quarta-feira (01/02) ao receber 464 votos de um total de 513 deputados federais.
Foi a maior votação da história obtida em uma eleição para o comando da Casa.
Lira teve como únicos concorrentes os deputados Chico Alencar (PSOL-RJ) e Marcel Van Hattem (Novo-RS), que não conseguiram reunir apoio expressivo para ameaçar a sua vitória.
Alencar teve 21 votos e Van Hattem, 19.
“É hora de desinflamar o Brasil. Distensionar as relações. E os poderes da república, pilares da nossa democracia, devem dar o exemplo. É hora de ver cada um no seu quadrado constitucional. Para voltarmos a ver poderes articulando com a clareza exata de onde termina o espaço de um e começa o espaço de outro”, disse Lira, após a vitória.
Um amplo arco de alianças, dentro de um bloco que incluiu o PT e outros partidos da base governista, possibilitou a vitória com marca recorde.
A votação foi secreta e Lira recebeu menos votos que o total de deputados (496) do bloco que apoiou sua candidatura.
No entanto, o número superou a votação obtida por João Paulo Cunha (PT-SP) na disputa para presidir a Câmara em 2003 — 434 votos.
Em 1991, Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) chegou ao mesmo número. Ambos foram candidatos únicos em suas disputas.
‘Desarmar os espíritos’
Antes da votação, Lira defendeu sua primeira gestão à frente da Casa listando leis aprovadas e números. No discurso, disse que “continuarei fazendo um atendimento sem intermediários a todos os deputados que nos procuram”.
Citou a reforma tributária como uma das prioridades da Câmara neste ano e que “é preciso desarmar os espíritos”, “arrefecer os ódios” e “compreender o Brasil real”.
Após a vitória, reiterou o discurso: “Aos vândalos e aos instrumentadores do caos que promoveram os eventos do 8 de janeiro, eu afirmo: no Brasil nenhum regime político irá prosperar fora da democracia”.
O presidente da Câmara tem a tarefa de organizar os trabalhos do Plenário, além de decidir quais projetos serão votados. É o primeiro na linha de sucessão do presidente da República após o vice-presidente.
Lira foi eleito pela primeira vez para a Presidência da Câmara em fevereiro de 2021 numa aliança com Jair Bolsonaro (PL) que blindou o ex-presidente de dezenas de pedidos de impeachment.
Em compensação, obteve grandes poderes ao administrar uma fatia importante do chamado Orçamento Secreto, como ficou conhecida a distribuição de emendas parlamentares com pouca transparência.
Diante da certeza de que Lira iria se reeleger independentemente da vontade do seu governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT resolveram que o melhor era construir logo uma boa relação com o presidente da Câmara.
“Precisamos governar agora. Não adianta a gente lançar um candidato contra um que já ganhou por uma marcação de posição”, reconheceu à BBC News Brasil o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) em novembro.
Antes da votação, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) também havia ressaltado a necessidade de estabilidade para o governo.
“Do nosso ponto de vista, a eleição terminou e é muito importante entrarmos em um período de pacificação do Brasil, Isso não significa esquecer aquilo que de ruim foi feito no período anterior, muito menos a data do 8 de janeiro, onde os Poderes foram atacados e destruídos”, disse.
“Mas hoje o apoio ao Lira está sintetizado em um programa em defesa das instituições e da democracia. Então, justamente para isolar os setores mais radicalizados e extremistas que atacaram o Parlamento, o Supremo Tribunal Federal e a Presidência da República, nós decidimos agora compor uma chapa comum com o presidente Lira.”
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