Os diálogos estão em curso ainda que de forma silenciosa nos bastidores, mas não à revelia da direção estadual do PP-PE. No partido, a ala pró-bolsonaro, que engloba também os evangélicos, tem liberdade para fazer as escolhas que julgar mais viáveis no pleito. Essa autorização é expressa a despeito de a sigla ter formalizado apoio à chapa completa da Frente Popular.
O presidente estadual da sigla, Eduardo da Fonte, assumiu compromisso com os integrantes desse conjunto quando eles ingressaram nas hostes progressistas. “A frente pró-Bolsonaro está liberada para votar no candidato a governador e a senador que quiser”, assinala, à coluna, o dirigente estadual, endossando carta já assinada por ele anteriormente nesse sentido.
Por essa lógica, o deputado estadual Pastor Cleiton Collins e sua esposa, a vereadora Missionária Michele Collins, já deram o primeiro passo e declararam voto em Miguel Coelho na corrida pelo Governo do Estado. Os dois fizeram o anúncio na última terça-feira (09). O detalhe é que eles não devem ser os únicos a seguir esse caminho. Outros nomes do grupo pró-Bolsonaro têm ido à mesa com o ex-prefeito de Petrolina.
Entre eles, estão os candidatos à Câmara Federal, Esdras Cabral, de Abreu e Lima e Tenente Santiago, de Jaboatão dos Guararapes, assim como Bispo Campelo. Há uma expectativa de que eles também possam escolher Miguel para votar. Considerados bolsonaristas mais ortodoxos, a deputada estadual Clarissa Tércio e seu marido, o pastor Júnior Tércio são exceções nessa negociação.
Ruídos recentes na relação dos Coelho com o chefe do Planalto seriam o pano de fundo para que o ex-prefeito não seja considerado por eles, exatamente, um palanque do presidente, que teve Fernando Bezerra Coelho como líder do governo. Em Pernambuco, quem encabeça o palanque de Jair Bolsonaro oficialmente é Anderson Ferreira, mas os Tércio não têm boa relação com os Ferreira, o que o afasta como possibilidade.
Também dessa ala bolsonarista, Erick Lessa, deputado estadual e candidato à reeleição, tem relação afinada com o Governo do Estado, o que também o deixa fora dessa rota pró-Miguel Coelho. Quem também estaria refletindo sobre em qual candidato a governador votar é o deputado estadual Adalto Santos, que já foi do PSB, mas há rusgas na sua relação com a gestão socialista e até mágoas. Nesse cenário, Miguel Coelho passou a fazer acenos ao grupo que apoia Bolsonaro, mas não se dá com Anderson Ferreira, nem vota em Danilo Cabral.
Neutralidade é outro caminho
Em meio às conversas de Miguel Coelho com a ala pró-Bolsonaro do PP, nas coxias da sigla, há quem veja como viável ainda numa solução de neutralidade. Ao menos, há uma bolsa de apostas dando conta de que esse deve ser o caminho adotado por Clarissa Tércio e Júnior Tércio. Na esteira, também não se descarta que o deputado estadual Adalto Santos também siga a mesma linha. A alternativa estaria sendo trabalhada internamente de forma que também possa ser estendida aos demais.
Viés > Nacionalmente, o PSB integra a chapa de Lula, com Alckmin na vice. Pernambuco é dos estados simbólicos dessa aliança e também da polarização LulaxBolsonaro. Nesse contexto, progressistas entendem que, a despeito de haver uma ala pró-Bolsonaro na sigla, o PSB não abraçou, na campanha de Danilo Cabral no Estado, esse viés evangélico. Nos bastidores, se avalia que esse conjunto ficou sem espaço no palanque do socialista.
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Fonte: Folha PE
Autor: Renata Bezerra de Melo