No dia 1º de outubro, comemora-se o Dia do Idoso
Publicado por: Marcos Oliveira, em: 01/10/21 às 8:00
“Velhice não é doença”. A sentença foi a primeira mensagem proferida por um senhor que no alto dos seus 83 anos não aparenta ter mais de 60, talvez 50, se a máscara contra Covid-19 também servir como proteção adversária do tempo. Escudo que parece ter feito mesmo a vitalidade de Ramiro Vieira da Silva se manter a mesma de décadas atrás. A fala é macia, as mãos seguem firmes, sobretudo na hora de tirar cópias de documentos da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos de Olinda. A memória é quase sempre certeira. Sim, quase sempre, pois perguntado sobre quantas vezes foi casado, Ramiro timidamente ri, desconversa e tenta enrolar o repórter. No dia 1º de outubro, comemora-se o Dia do Idoso.
Ramiro chegou para a conversa de posse de uma informação que ele considera inaceitável. O papel era uma nota técnica do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos que criticava a inclusão da palavra velhice como doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS). “Isso aqui tá errado. Eu faço tudo, minha avó faleceu com mais de 90 anos e sem doença nenhuma”, frisou.
Nascido em Bezerros, no Agreste de Pernambuco, hoje ele é morador do bairro de Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes. Ramiro vem há 17 anos todo dia para Olinda e trabalha no setor de reprografia. Querido por todos, não para. Mas o senhor no fim de semana descansa, né? “Aí eu vou lá para Surubim, aplicar vacina em gado ou então montar no cavalo. Monto e vou de Surubim até Jucazinho, a duas horas de distância”, explicou.
A vida profissional dele foi toda como servidor público. Após o Exército, trabalhou 27 anos no Governo do Estado. Já aposentado, veio contribuir diretamente com a cidade de Olinda, sendo um dos servidores mais dedicados. Chega todo dia às 7h e trabalha até 15h.
No Governo do Estado desempenhou várias funções. Foi operador de laboratório, chefe de manutenção, chefe de transportes, chefe de serviços gerais e responsável pelo setor de reprografia e processo.
Oficialmente ele casou apenas uma vez e teve cinco filhos neste matrimônio. Divorciado, hoje é noivo. Hoje não, o noivado já dura 30 anos e rendeu os outros dois filhos de Ramiro. Os sete são um orgulho para homem, incluindo um de 27 anos com necessidades especiais, que faz a ternura dominar a fala do pai quando entra no assunto.
Vaidoso, Ramiro se cuida. Passa creme hidratante na pele e loção pós-barba não pode faltar. O cabelo, quase sem nenhum fio branco é outro destaque todo preto. “Quem pinta é a minha noiva. Ela gosta de cuidar e eu amo esse cuidado”, confessou.
Outro detalhe que ele conta, e tem como segredo para chegar ativo na oitava década de vida, é não comer carne vermelha. Além de sempre estar em contato com os médicos.
Na fala calma, muitas vezes se expressando em pausas em que a sagacidade do olhar termina por concluir a oração, de passos acelerados e firmes, Ramiro Vieira da Silva usa a avançada idade não como muleta de acomodação, mas como instrumento de maturidade e vontade de viver e trabalhar ainda mais.
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