Elogiada por seu ativismo por palestinos, mas acusada de ser uma ferramenta de propaganda em Israel, a ativista Ahed Tamimi foi um dos 30 prisioneiros palestinos liberados por Israel na quarta-feira (29/11), como parte do acordo de trégua com o Hamas.
A proeminente ativista foi fotografada tendo um reencontro emocionante com a mãe depois de deixar a prisão Damon, perto da cidade israelense de Haifa, e após retornar à Cisjordânia.
Tamimi, de 22 anos, foi presa no início deste mês por conta de uma postagem no Instagram que sua família afirma que não foi ela que fez.
A postagem pela qual Tamimi foi detida não está mais disponível online, nem a conta de onde veio — que continha seu nome e foto.
A mídia israelense informou que ela havia ameaçado “massacrar” colonos judeus, mas sua mãe disse que a conta não pertencia à sua filha.
“Existem dezenas de páginas [online] em nome de Ahed com a foto dela, com as quais ela não tem ligação”, disse a mãe, Nariman Tamimi, à agência de notícias AFP no momento da prisão da filha.
Tamimi é uma das centenas de palestinos que foram presos desde 7 de outubro — quando homens armados do Hamas atravessaram de Gaza para Israel, assassinando 1.200 pessoas e levando cerca de 240 reféns para Gaza.
Quando adolescente, Tamimi tornou-se um símbolo da resistência à ocupação da Cisjordânia por Israel.
Em 2015, quando tinha 14 anos, ela foi fotografada mordendo um soldado israelense que tentava deter seu irmão mais novo.
Dois anos depois, em 2017, ela foi filmada esbofeteando e chutando um soldado israelense do lado de fora de sua casa durante protestos na Cisjordânia ocupada.
O vídeo se tornou viral. Ele foi filmado por sua mãe e transmitido em sua página do Facebook. Nas imagens, Ahed Tamimi chuta um soldado, dá um tapa na cara dele e ameaça dar um soco no outro.
No dia seguinte, ela foi presa durante uma operação noturna, filmada pelas forças israelenses. Sua mãe foi detida quando se dirigiu a uma delegacia para perguntar por sua filha.
Tamimi foi acusada de agressão e condenada a oito meses de prisão.
O pai dela, Bassem Tamimi, também um ativista proeminente, disse após a detenção de 2017 que antes de o vídeo viral ser filmado, os soldados dispararam gás lacrimogéneo e quebraram janelas da casa da família.
Tamimi passou oito meses na prisão.
Quando ela foi solta em julho de 2018, ao retornar para sua cidade, foi ovacionada por simpatizantes.
“A resistência continuará até que a ocupação seja retirada”, disse ela à multidão.
Falando à imprensa após a soltura, ela disse que havia resolvido “estudar Direito e focar na responsabilização da ocupação”.
‘Táticas provocativas’
Para muitos palestinos, Tamimi é uma heroina. Outros a chamam de Shirley Temper, uma referência à atriz mirim de Hollywood Shirley Temple — uma brincadeira que dá a entender que Tamimi seria uma estrela da propaganda palestina.
O caso de 2017 provocou uma onda de opiniões profundamente opostas entre israelenses e palestinos.
Muitos israelenses diziam que Ahed Tamimi era explorada há muito tempo por sua família, a quem acusavam de usá-la para tentar provocar soldados israelenses em filmagens. Ativistas pró-Israel chamam esses vídeos de “Pallywood”, juntando as palavras Hollywood com palestinos.
Sua mãe também foi acusada de incitação nas redes sociais e agressão, Seu primo Nour, que participou do incidente de 2017, foi igualmente acusado de agressão.
O então ministro da Educação de Israel, Naftali Bennett, disse que Ahed e Nour Tamimi mereciam “terminar suas vidas na prisão”.
Para os palestinos, Ahed Tamimi tornou-se um ícone nacional pelo que consideravam atos de bravura ao enfrentar soldados armados em terras ocupadas.
Seu rosto está em murais e cartazes na rua, enquanto uma petição online organizada por seu pai pedindo sua libertação reuniu 1,7 milhão de assinaturas.
Fonte: BBC
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