Os Campeonatos Estaduais de 2023 têm sido marcados por um fator em comum: clubes de menor investimento que estão deixando os grandes em maus lençóis. Mas não é só isso.
Casos como o Água Santa em São Paulo e o Volta Redonda no Rio de Janeiro foram responsáveis por fazer com que equipes tradicionais corressem o risco de não disputar a Copa do Brasil em 2024. Isso para citar apenas dois exemplos. Mas quem são esses clubes e em que divisão eles jogam atualmente? O Globo conta as histórias deles e a situação atual.
Água Santa (SP)
O Água Santa está na boca do povo por ter sido o algoz do São Paulo no último domingo, eliminando o tricolor paulista nos pênaltis nas quartas de final do Campeonato Paulista, dentro do Allianz Parque. Para se ter tamanho do feito, a equipe sequer está classificada para uma divisão oficial do futebol brasileiro e nunca disputou uma competição nacional.
No entanto, a atual administração não esconde o desejo de chegar à Série B até 2026. Um dos responsáveis por levar o clube até lá é o técnico Thiago Carpini, de apenas 38 anos, o mais jovem entre todos que estão disputando o Campeonato Paulista.
— Pelo quarto ano consecutivo, eu sou o treinador mais jovem da competição, porém, acho que o segundo ou terceiro com mais jogos. Então acho que eu sou um jovem experiente e trago alguns conceitos, nada muito diferente do que eu tenho visto em alguns treinadores que admiro. Gosto de um futebol bem jogado, de intensidade, de competitividade, de proposta, de ideais e de variações dentro do jogo — afirmou Carpini, em entrevista ao ‘ge’.
Até aqui, o Água Santa já faz campanha histórica no Paulistão: se classificou como o quarto melhor clube na fase de grupos e teve a mesma pontuação do São Paulo, a quem eliminou nas quartas de final. É a primeira vez na história que o Netune atinge as semifinais.
O destaque da equipe é o atacante Bruno Mezenga, que briga pela artilharia da competição, com cinco gols. De investimento modesto, o clube aposta em empréstimo de talentos dos grandes clubes de São Paulo ou de jogadores que já tiveram passagens pela elite, mas tem rodado por clubes brasileiros — caso de Mezenga. A mistura de experiência e juventude tem dado certo.
Athletic Club (MG)
Já o Athletic Club precisa de apenas um empate para garantir a vaga inédita na final do Campeonato Mineiro. O desafio será segurar o Atlético-MG, dentro do Mineirão. Mas o clube já conseguiu vencer por 1 a 0 dentro de seus domínios e faz campanha histórica. A ponto de até mesmo o prefeito de sua cidade comprar briga com Hulk.
Nivaldo de Andrade, prefeito de São João del Rei, apareceu recentemente em vídeos que o atacante do Atlético-MG “está uma m*** e não vale nada”. Também prometeu um bicho caso o Athletic se classifique para a decisão — cerca de R$ 100 mil. Tudo isso ao lado de Sassá, atacante com passagens por Cruzeiro e Palmeiras, que também é o jogador mais famoso da equipe.
— Eu vou dar R$ 5 mil se eles ganharem. Vamos arrumar 20 patrocinadores, eu acho que ninguém vai negar. Vinte patrocinadores de R$ 5 mil, ou 33 (patrocinadores) de R$ 3 (mil). Eles precisam de R$ 100 mil de bicho para comprar viagra, compra carne, comprar as coisas — afirmou.
Longe do investimento de Cruzeiro e Atlético-MG, o Athletico se tornou uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF) há um ano. O resultado foi imediato: o clube foi campeão do interior duas vezes e conquistou vagas inéditas para a Copa do Brasil e para a Série D do Campeonato Brasileiro de 2024.
Neste Campeonato Mineiro, o Athletic avançou para a semifinal sendo o melhor segundo colocado da fase de grupos. Ao todo, foram 15 pontos somados no Grupo A, ficando atrás apenas do próprio Atlético-MG. Ou seja, à frente do Cruzeiro na classificação geral.
Volta Redonda (RJ)
O Volta Redonda já é algoz de um grande do Rio de Janeiro e caminha para ser o do segundo. Na primeira fase do Campeonato Carioca, eliminou o Botafogo e se classificou para as semifinais. No jogo de ida do mata-mata, venceu o Fluminense por 2 a 1 e está a um empate de decisão. É a sensação do Campeonato Carioca até aqui e tenta aproveitar o embalo em busca do título inédito.
O Volta Redonda se destaca no cenário carioca clube de maior investimento tirando os quatro grandes do Rio de Janeiro. É apoiado pela Prefeitura de Volta Redonda e recebe dezenas de outros apoiadores, entre investidores e empresas. Está cada vez mais notabilizado como a quinta força do Estado e atualmente defende a Série C do Campeonato Brasileiro.
O ponto de maior destaque para a campanha acima do esperado do Voltaço é o fato de ter o artilheiro do Brasil no elenco: Lelê, autor de 14 gols na temporada até aqui — 13 no Campeonato Carioca e um na Copa do Brasil. Ele vive uma situação curiosa: ele tem pré-contrato assinado com o Fluminense e se apresentará ao clube após o torneio, mas segue atuando pelo Volta Redonda e inclusive marcou contra o tricolor no jogo de ida da semifinal.
— Cara, é bem difícil, né? Tem que estar bem focado. Muitas pessoas me perguntaram a mesma coisa, se eu iria jogar. Eu decidi, falei que iria jogar porque era jogo grande, e para poder também mostrar que não foi à toa que chegamos até aqui e tive o interesse de outros clubes, como o Vasco e o Fluminense. Mostrar que eu vou buscar o meu lugar quando for para lá. É continuar trabalhando para quando for para lá seguir dessa maneira — afirmou Lelê.
Cascavel
A Serpente é um caso diferente dos demais. O clube não fez uma boa campanha (ficou em 6º lugar na fase de grupos), vê o treinador ser bastante contestado pelos torcedores, mas surpreendeu no mata-mata para se classificar à semifinal. Ainda assim, é um feito e tanto para o clube.
Para entrar nesta lista, o Cascavel eliminou o Coritiba nas quartas de final do Campeonato Paranaense. Na ida, venceu por 3 a 1; na volta, conseguiu segurar o atual campeão por 0 a 0 dentro do Couto Pereira e ficou com a vaga.
Além da classificação, o Cascavel mantém um tabu: está invicta contra o Coritiba desde 2020. Com a vaga na semifinal, também garantiu vaga na Série D do Campeonato Brasileiro e na Copa do Brasil do ano que vem.
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Fonte: Folha PE