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Agosto dourado reforça a importância do aleitamento materno

A amamentação exclusiva até os seis meses de vida garante um crescimento saudável e proteção para o bebê. Técnicas podem facilitar o processo e aumentar a produção do leite da mãe. (Foto: Divulgação/Secretaria de Saúde do Recife



Pode parecer fácil e instintivo, mas não é. A amamentação de um recém-nascido é um processo que exige esforço da mãe e do bebê para que o momento seja proveitoso e duradouro. E para estimular esse ato, o mês de agosto é pintado de dourado para lembrar o valor que tem o leite materno e a importância de fazer a sua doação. Por meio de ações que estimulam e orientam as mulheres, durante este período, diversas instituições se dedicam a lançar programações para aumentar a visibilidade do aleitamento.

Como é o caso da Maternidade Professor Bandeira Filho, em Afogados, que é um equipamento de saúde ligado à Prefeitura do Recife. O local abriga o primeiro Banco de Leite Humano (BLH) regido pelo município, fundado em 2009, e realiza, ao longo do mês, algumas atividades para as mães e gestantes que frequentam a unidade. Esse incentivo, que também é feito de forma rotineira durante todo o ano, possibilitou o recebimento da certificação Ouro concedida pela Rede Global de Bancos de Leite Humano.

Entre as ações promovidas na unidade, estão palestras que repassam para as  lactantes formas de facilitar o processo da amamentação e aumentar a produção de leite. Islene Veríssimo é técnica de enfermagem do BLH da Maternidade e durante o seu trabalho orienta as mulheres sobre as formas de amamentar. “Antes de colocar o bebê para mamar, é preciso massagear o peito para desfazer os nódulos e melhorar o fluxo de saída do leite. Isso vai evitar a formação de pedras e uma possível mastite, além de ajudar na pega do bebê, diminuindo o seu esforço”, destaca a profissional. A recomendação é que este exercício seja feito, pelo menos, seis vezes ao dia, durante 20 minutos. A amamentação frequente também faz com que a mãe produza mais leite.

Considerado o alimento mais completo para os primeiros meses de vida, o leite materno contém todas as proteínas, vitaminas, gorduras e os nutrientes necessários para o desenvolvimento saudável dos bebês. Até os seis meses de vida, os especialistas recomendam que a alimentação da criança seja feita exclusivamente com leite materno. O correto aleitamento resulta em um desenvolvimento cognitivo e fisiológico mais completo, além de nutrir o bebê de amor materno. 

“Esse é um alimento considerado padrão ouro e supre de forma eficiente e integral todas as necessidades do corpo da criança nessa fase. Para se ter ideia da sua complexidade e eficácia, nesta etapa da vida não é necessário nem oferecer água à criança”, reitera a nutricionista e coordenadora de controle de qualidade de leite humano do BLH da Bandeira Filho, Tereza Freire. 

A dona de casa Bruna Justino deu à luz o primeiro filho na Maternidade Bandeira Filho no dia 31 de julho. O bebê Lucas nasceu com fissura labial e fenda palatina, mas isso não tem sido impedimento para que mãe e bebê se conectem durante a amamentação. “Ele tem algumas dificuldades e pode se engasgar com o leite, mas não desisto de dar de mamar. Às vezes, tiro o leite e dou a ele no copinho para facilitar. Isso é muito importante para a saúde dele e para nosso vínculo”, vibra a mãe.

DOAÇÃO – Além de reforçar a importância do aleitamento, o Agosto Dourado também tem como objetivo estimular a doação de leite humano. E existem alguns critérios para que a doação seja feita: é preciso ter hábitos saudáveis, não tomar medicamentos que interfiram na amamentação, não consumir drogas lícitas e nem ilícitas, e ter excedente de leite. Antes de chegar às mãos de outras mulheres, o leite é submetido a um rigoroso processo de análise, pasteurização e controle de qualidade.

E, por se encaixar nos critérios de doação, a enfermeira obstétrica Monique Baltar, mesmo ainda amamentando o pequeno Murilo, de nove meses, tira o excedente de leite para ajudar outras mulheres nesse processo tão importante para o desenvolvimento infantil. “Para mim, ser uma doadora de leite é uma preciosidade, porque a minha angústia era saber se eu conseguiria dar o leite ao meu filho no meu peito. E, hoje, eu consigo amamentar, além de ainda extrair e doar leite para outros bebês cujas mães não puderam continuar a dar de mamar”, revela.

No Recife, as quatro maternidades municipais (Arnaldo Marques, no Ibura; Bandeira Filho, em Afogados; Barros Lima, em Casa Amarela; e Hospital da Mulher, no Curado – que também possui um banco de leite) fazem coleta de leite humano. Nesses locais, as campanhas para doação de leite humano e de potes de vidro para o seu correto armazenamento são contínuas, com o intuito de facilitar a doação a recém-nascidos que estejam precisando do alimento.

Qualquer pessoa pode doar as embalagens, que precisam ser de vidro, transparente, com boca larga, e possuir tampa rosqueável de plástico – como os vidros de maionese ou café solúvel, por exemplo. Esses requisitos se devem à resistência desse tipo de recipiente aos processos de esterilização, necessários para armazenar o leite. As doações de potes podem ser deixadas nas quatro maternidades ou qualquer unidade de saúde do Recife.

A DATA A Semana Mundial de Aleitamento Materno foi lançada pela Aliança Mundial para Ação em Amamentação (Waba), em 1992, com o objetivo de dar visibilidade à amamentação. Ocorre em 120 países e é celebrada oficialmente na primeira semana de agosto. O Agosto Dourado existe desde 2017 no calendário oficial do Recife. Em 2022, o tema será “Fortalecer a amamentação educando e apoiando” e envolverá uma série de ações em diversas unidades de saúde dos oito distritos sanitários do Recife. No ano de 2014, foi instituído o Dia Municipal do Aleitamento Materno e Doação do Leite Humano, celebrado em 1º de agosto. 

Dicas para uma amamentação bem-sucedida: 

– O leite materno nunca é fraco; ele é sempre adequado para o desenvolvimento do bebê. O alimento vai se transformando com o passar do tempo e se adequando às necessidades da criança; 

– Nos primeiros dias após o parto, ofereça o peito muitas vezes, mesmo que você ache que tenha pouco leite. Essa quantidade costuma ser suficiente, pois esse leite, chamado colostro, atende às necessidades do bebê; 

– Nos primeiros meses, o bebê ainda não tem horários regulares para mamar. Por isso, ofereça o peito sempre que ele quiser. Com o tempo, ele faz seu próprio horário; 

– Até os seis meses de vida, dê apenas leite materno ao bebê. Ele não precisa de água, chás, leites artificiais ou qualquer outro alimento nesse período; 

– Após os seis meses, continue amamentando por até dois anos ou mais, e acrescente a dieta complementar ao bebê sob orientação do pediatra e/ou nutricionista.

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