A deputada federal e candidata a prefeita do Jaboatão,Clarissa Tércio (PP), conhecida por sua “babação” por Bolsonaro, surpreendeu a direita de Pernambuco ao deixar de seguir o perfil oficial do ex-presidente Jair Bolsonaro no Instagram. A ação tem gerado especulações sobre suas intenções políticas, especialmente em relação a uma possível aliança com Elias Gomes (PT) no segundo turno das eleições municipais de Jaboatão dos Guararapes que ainda não foi confirmada por ambos os candidatos.
Será que a decisão de Clarissa visa amenizar sua imagem diante de uma eventual união com o PT, caso a disputa avance para o segundo turno? No entanto, a tendência apontada por pesquisas é que Mano Medeiros vença já no primeiro turno.
Clarissa ainda segue a ex-primeira dama e o filho 02 do presidente, além de alguns perfis criados pelos bolsonaristas , mas o do ex-presidente, não. Usou , abusou , e tchau! Sua decisão de distanciar-se publicamente do ex-presidente, mesmo que apenas nas redes sociais, tem gerado questionamentos sobre o futuro de seu posicionamento político e a força de sua base eleitoral.
Mas , afinal quem é Clarissa Tércio(PP) candidata a prefeita do Jaboatão? Veja a seguir o Raio X da Candidata pelos olhos da excelente jornalista Raíssa Ebrahim, do Portal Marco Zero.
Raio-X do “Casal Cloroquiner”
Por Raissa Ebrahim –
“Eles foram o casal “cloroquiner” da política pernambucana durante a pandemia de covid-19. Negacionistas, apoiadores da pauta armamentista, fundamentalistas, donos de rádio e comunidade terapêutica, o Pastor Júnior Tércio (PP) e sua esposa, Clarissa Tércio (PP), são o retrato do conservadorismo que teve resultados nas urnas com um discurso e uma estrutura que mesclam mídia, política e religião em nome de “Deus, da pátria e da família”.
Propagadores de fake news, declaradamente defensores do discurso falacioso da “ideologia de gênero”, eles usaram para eleição uma das mais fortes representações do país naquele momento, Bolsonaro. Hoje nem falam no nome do ex-presidente. Clarissa comandou um grupo de parlamentares e fundamentalistas que, em 2020, atacaram um hospital público para tentar impedir o procedimento de aborto legal em uma criança de 10 anos. O grupo gritava “assassina” ao se referir à menina que veio do Espírito Santo, onde foi estuprada pelo tio, para realizar a interrupção da gravidez em Pernambuco, no Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), centro de referência nesse tipo de atendimento.
Júnior e Clarissa são genro e filha do coronel aposentado e pastor Francisco Tércio, presidente da Assembleia de Deus Ministério Novas de Paz, que começou suas atividades em 1995 em Jaboatão.
Com presença em campos missionários na Venezuela e Bolívia, a sede da Novas de Paz, em Jardim Piedade, conta com pontos de apoio, igrejas e congregações espalhados pela capital e por algumas cidades da região metropolitana, como São Lourenço da Mata, Camaragibe, Limoeiro, Carpina, Paudalho e Feira Nova. No Recife, o principal endereço é a avenida Cruz Cabugá, onde se concentra o maior número de igrejas evangélicas da cidade.
CLARISSA TÉRCIO: ANTIFEMINISTA E SUBMISSA
Em janeiro de 2024 contava com mais de um milhão de seguidores no Instagram, porém em julho o perfil foi pra 350 mil repentinamente. Clarissa, é acompanhada por mulheres que sintonizam a Novas de Paz para ouvir suas pregações e orar junto com ela. Defendendo que, para um casamento ser pleno, a mulher deve ser submissa, ela dá conselhos sobre relacionamento, sexo e amizade.
Negacionismo e patrocínio político de hidroxicloroquina
Durante a crise sanitária do novo coronavírus, enquanto estudos internacionais apontavam para os riscos colaterais do uso da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19, um grupo de médicos do Recife, os “Doutores da Verdade”, receitou e distribuiu a medicação de graça em comunidades da periferia. A compra do remédio e a promessa de salvar vidas eram patrocinadas por empresários e também pela deputada estadual, que anunciou, na época, a doação de metade do seu salário para a compra da hidroxicloroquina.
Em 2021, após representação de organizações da sociedade civil – entre elas o Intervozes, e o mandato do vereador do Recife Ivan Moraes (PSOL) –, a rádio teve que assinar um termo de compromisso junto ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) para se abster “de veicular qualquer manifestação de cunho negacionista à gravidade da pandemia da covid-19”.
Por causa das veiculações mentirosas, transmitidas pela Novas de Paz em 2020, a rádio ficou ainda obrigada a veicular, por um mês, duas vezes por dia, um spot de 40 segundos falando da seriedade do contágio da covid-19 e que a doença já tinha matado, na época, mais de 500 mil pessoas, alertando também sobre a necessidade do uso de máscara, higienização frequente com álcool e distanciamento social”
AUTOR
Vencedora do Prêmio Cristina Tavares com a cobertura do vazamento do petróleo, é jornalista profissional há 12 anos, com foco nos temas de economia, direitos humanos e questões socioambientais. Formada pela UFPE, foi trainee no Estadão, repórter no Jornal do Commercio e editora do PorAqui (startup de jornalismo hiperlocal do Porto Digital).
Também foi fellowship da Thomson Reuters Foundation e bolsista do Instituto ClimaInfo. Já colaborou com Agência Pública, Le Monde Diplomatique Brasil, Gênero e Número e Trovão Mídia (podcast). Vamos conversar? raissa.ebrahim@gmail.com
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