Para fomentar a segurança viária e o fortalecimento da estratégia de Visão Zero no Recife, a Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) promoveu um encontro com lideranças dos seus agentes. A formação durou dois dias e abordou os principais fatores de riscos de sinistros de trânsito e as estratégias de fiscalização para salvar vidas e evitar essas condutas perigosas. O evento aconteceu nestas quinta (23) e sexta-feiras (24), no bairro do Recife e foi feito em parceria com a Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global (BIGRS), com apoio da Global Road Safety Partnership (GRSP, na sigla em inglês).
O encontro reuniu experts em fiscalização de trânsito para debater temas como excesso de velocidade, uso de capacete, uso de cinto de segurança e de sistema de retenção para crianças, tudo isso sob uma perspectiva da abordagem de Visão Zero. “No Recife, tem sido continuamente abordada a ideia de que nenhuma morte no trânsito é aceitável. Isso é um posicionamento que parte não somente da gestão, mas também dos nossos agentes que estão na ponta e vivenciam o quanto as nossas ruas podem ser violentas, especialmente para os usuários mais vulneráveis. Então estamos trabalhando com posicionamento político para mudar essa realidade e reduzir as mortes no trânsito da nossa cidade porque não aceitamos nenhuma delas e a capacitação contínua dos nossos agentes é parte disso”, destaca Taciana Ferreira, presidente da CTTU.
A Visão Zero é uma abordagem de gestão de segurança viária que prevê a criação de um sistema capaz de antecipar os erros humanos no trânsito e, com isso, evitar que elas paguem os erros com a própria vida. Dessa maneira, os fatores de riscos são reduzidos por meio de políticas públicas eficazes e baseadas em evidências por meio do trabalho de uma equipe de gestão de dados fortalecida. No caso da fiscalização, a eficácia da segurança viária se dá quando o cidadão acredita que pode sofrer sanções quando tem comportamentos errados.
“Foram adotadas leis de segurança viária para orientar os condutores no seu comportamento, muitos cumprem de bom grado, outros, no entanto, teriam menos probabilidades de cumprir se não fossem por medo de serem detectados e sancionados. É aqui que entra a importância da fiscalização. Existem muitas evidências de que a fiscalização tem um efeito direto na mudança de comportamento e, consequentemente, na mudança de atitudes em relação às regras de trânsito”, explica Robert Susanj, oficial sênior de fiscalização de trânsito da GRSP, organização ligada à Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho que trabalha com fiscalização para segurança viária em todo o mundo.
Dados preliminares do Comitê Municipal de Redução de Acidentes de Trânsito do Recife (Compat), indicam que, em média, o aumento de mortes no trânsito foi de 41% entre 2022 e 2023. Os motociclistas representam 45% do total de vítimas fatais. Ao todo, 74% das ocorrências de sinistros de trânsito com vítimas registradas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) são com motociclistas. Esses dados são preliminares, entretanto, demandam atenção. Em um estudo observacional realizado pela Johns Hopkins University (EUA) no Recife, esse público também é o que mais acelera: um a cada três motociclistas foram observados trafegando acima da velocidade regulamentada na cidade.
Por isso, as atividades de fiscalização da CTTU foram intensificadas a partir do mês de maio. O objetivo é que os condutores percebam as consequências antes de cometer infrações, especialmente o excesso de velocidade, que é o comportamento responsável por mais de 50% das mortes no trânsito do mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Diariamente, as blitze estão sendo intensificadas nos grandes corredores e locais com maiores números de sinistros por excesso de velocidade, em horários variados. As abordagens, além da fiscalização, envolvem orientação sobre os riscos e sobre os dados de sinistros. Paralelo à fiscalização de trânsito, foi realizada uma campanha nas redes sociais e nas operações de fiscalização com a chamada “No trânsito, não há segunda chance. Desacelera”. O objetivo é atrelar as ações de comunicação e de fiscalização para promover a mudança de comportamento de maneira mais efetiva por meio da conscientização dos condutores.
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