O que era para ser um símbolo de investimento em educação e oportunidade para a juventude de Jaboatão dos Guararapes hoje se transformou em um retrato do descaso e da inércia do poder público. A Escola Técnica Estadual da Muribeca, iniciada ainda na gestão Paulo Câmara com promessa de conclusão para setembro de 2023, está completamente abandonada desde o início do governo Raquel Lyra.

A placa oficial da obra, ainda de pé, expõe o tamanho do desperdício: R$ 11,3 milhões de investimento previstos, 1.817 dias de execução e um prazo de entrega que nunca se cumpriu. No papel, a escola deveria estar formando técnicos em diversas áreas neste momento; na prática, o terreno virou pasto para animais de grande porte e esconderijo para criminosos.
A situação é tão grave que moradores relatam riscos constantes na PE-17, via que passa ao lado do local, por causa de bois e cavalos que escapam da área e invadem a pista. Além da ameaça de acidentes, o mato alto e a falta de vigilância transformaram o espaço em ponto de insegurança para a comunidade, que agora convive com o medo de assaltos e violência.

O abandono da obra revela não apenas a quebra de uma promessa, mas também a falta de prioridade para a educação técnica em um município que registra altos índices de desemprego e evasão escolar. O silêncio da atual gestão estadual sobre o destino do projeto reforça a sensação de que a população da Muribeca foi esquecida.
Enquanto isso, a estrutura se deteriora a cada dia, o dinheiro público investido se perde e a esperança de centenas de jovens em ter acesso a ensino técnico gratuito e de qualidade segue à mercê de decisões políticas que, até agora, parecem caminhar a passos lentos — ou simplesmente não caminhar.

Se nada mudar, a Escola Técnica da Muribeca corre o risco de deixar de ser apenas um sonho interrompido para se tornar um caso emblemático de desperdício e abandono no estado de Pernambuco.
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