A Ucrânia prometeu encontrar os soldados russos que teriam matado um prisioneiro de guerra desarmado, conforme parece mostrar um vídeo que circulou nas redes sociais.
“Encontraremos os assassinos”, disse o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na noite de segunda-feira (06/03).
O vídeo mostra um soldado ucraniano fumando um cigarro em uma trincheira. Ele proclama “glória à Ucrânia!” antes de ser atingido várias vezes por disparos de armas automáticas.
Quem era o soldado
O exército ucraniano identificou o soldado como Tymofiy Shadura, embora esta informação ainda precise ser devidamente verificada.
Sua unidade militar, a 30ª Brigada Mecanizada Separada de Konstantin Ostrogski, informou que ele foi visto pela última vez em 3 de fevereiro, perto da cidade de Bakhmut, palco de violentos combates nos últimos meses.
“O corpo do nosso soldado está agora no território temporariamente ocupado”, diz o comunicado.
O texto acrescenta que a identificação só vai poder ser concluída quando o corpo for devolvido.
“Meu irmão sem dúvida seria capaz de desafiar os russos desse jeito”, afirmou a irmã de Shadura à BBC.
“Em sua vida, ele nunca encobriu a verdade e certamente não faria isso diante do inimigo.”
Há, no entanto, dúvidas sobre a identidade do soldado, já que um conhecido jornalista ucraniano atribuiu a ele outro nome.
No vídeo, um dos atiradores, aparentemente um soldado russo, diz “morra” ao prisioneiro de guerra e o insulta depois que ele é atingido pelos disparos.
O suposto assassino (ou assassinos) não aparecem nas imagens e não foram identificados.
A BBC não conseguiu verificar onde e quando o vídeo foi gravado, tampouco como o soldado foi capturado.
O vídeo apareceu pela primeira vez nas redes sociais na segunda-feira.
A Rússia não comentou publicamente o incidente.
‘Desprezo às normas’
O Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia denunciou que “atirar em um prisioneiro desarmado mostra um desrespeito cínico e descarado pelas normas do direito humanitário internacional e pelas convenções da guerra. Isso é o que assassinos sem valor fazem, não guerreiros”.
“Os ocupantes russos mostraram mais uma vez que seu principal objetivo na Ucrânia é o extermínio brutal dos ucranianos”, concluiu.
Kiev e seus aliados ocidentais acusaram as tropas russas de cometer crimes de guerra em massa desde que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, lançou a invasão em larga escala da Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022.
A Rússia nega essas acusações.
Em um discurso em vídeo, Zelensky afirmou que “os ocupantes” mataram “um guerreiro que bravamente disse na cara deles ‘glória à Ucrânia!'”.
“Quero que todos nós respondamos às suas palavras juntos, unidos: ‘Glória ao herói! Glória aos heróis! Glória à Ucrânia!'”, acrescentou.
Zelensky estava se referindo a um grito de guerra do seu exército que se tornou popular entre milhões de ucranianos.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, tuitou, por sua vez, que as imagens são “mais uma prova de que esta é uma guerra genocida” e solicitou uma “investigação imediata” pelo Tribunal Penal Internacional.
O responsável pelos direitos humanos da Ucrânia, Dmytro Lubinets, acusou as tropas russas de cometer crimes de guerra ao violar as Convenções de Genebra sobre o tratamento de prisioneiros.
E o procurador-geral da Ucrânia, Andriy Kostin, anunciou a abertura de uma investigação criminal.
Outros crimes de guerra
A Ucrânia já havia acusado as tropas russas de torturar, estuprar e matar prisioneiros de guerra ucranianos.
Em julho passado, viralizou um vídeo que mostrava um soldado ucraniano capturado sendo castrado na região de Donbas, ocupada pelos russos, no leste da Ucrânia.
O soldado russo que realizou o ataque na cidade de Severodonetsk foi identificado como membro de uma unidade pertencente ao líder checheno Ramzan Kadyrov.
Em novembro, Moscou acusou as forças ucranianas de executar um grupo de prisioneiros russos.
Um vídeo da linha de frente de combate no leste da Ucrânia aparentemente mostrou vários soldados se rendendo, em um incidente que terminou com a morte deles.
Uma autoridade ucraniana afirmou que a rendição havia sido “orquestrada” pelas tropas russas na tentativa de atacar os soldados que os capturaram.
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