O Catar está se preparando para um boom de turismo na Copa do Mundo à medida em que o pequeno estado do Golfo se prepara para receber mais de um milhão de fãs de futebol. Mas há uma complicação: muitos deles não podem ou não querem ficar no país.
A indisponibilidade de acomodações e a baixa tolerância a bebidas alcoólicas e festas na conservadora nação muçulmana está levando dezenas de milhares de fãs a se instalarem em países próximos para o torneio. Voos das principais cidades do Oriente Médio transportarão espectadores nos dias das partidas, beneficiando companhias aéreas, hotéis e hospedagens em países como Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Omã.
O já popular centro de turismo de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, é o que mais se beneficia. Dos mais de 90 novos voos que aterrissam diariamente na cidade-sede da Copa, Doha, cerca de 40 partirão dos Emirados Árabes Unidos.
O novo hotel Atlantis, na Palm Jumeirah, uma grande ilha artificial construída no formato de palmeira, foi reservado para os hóspedes que planejam se estabelecer em Dubai e pegar o voo de 40 minutos para a capital do Catar com procedimentos de imigração simplificados.
Dubai será “a maior porta de entrada” para a Copa do Mundo, recebendo provavelmente mais pessoas que o Catar, disse Paul Griffiths, diretor executivo da Dubai Airports:
– A capacidade hoteleira no Catar é bastante limitada e temos muito a oferecer aqui.
O Catar se prepara para sediar a Copa há 12 anos e estima que o fluxo de 1,2 milhão de visitantes irá adicionar US$ 17bilhões à sua economia. Em meio a preocupações de uma crise de acomodação, organizadores do evento alugaram dois navios de cruzeiro e montarão mais de 1.000 tendas no deserto para receber os torcedores.
Arábia Saudita e Omã estão realizando festivais para atrair fãs e planejam agilizar os procedimentos de viagem. A Autoridade de Turismo Saudita diz que espera um aumento significativo de visitantes com a Copa do Mundo.
Enquanto isso, o Ministério do Patrimônio e Turismo de Omã diz que o torneio “elevará o perfil de muitos destinos regionais” e terá um impacto econômico muito além do evento. A FIFA e o Catar elogiaram os benefícios do turismo que fluirão para a região.
Fãs hesitantes
Mas não é exatamente o déficit em acomodações que está levando os fãs a procurarem outros lugares. Códigos de vestimenta locais que exigem que homens e mulheres cubram seus corpos dos ombros aos joelhos em muitos espaços públicos e regras rígidas sobre o consumo de álcool não fazem do Catar o destino ideal para alguns fãs do esporte.
– Os fãs de futebol gostam de se divertir muito e acho que há muita hesitação em relação ao Catar. Dubai parece ser a opção mais segura para os fãs que querem viver no limite – disse Dan Allen, diretor administrativo da agência DPA Sports Travel, com sede em Londres.
Acomodações mais acessíveis, quartos disponíveis em redes confiáveis e a percepção de que os Emirados Árabes Unidos terão uma abordagem mais branda em relação ao álcool estão levando muitas pessoas a escolherem Dubai ao invés de Doha, acrescentou Allen.
Resta saber se o grande patrocinador do evento, a Anheuser-Busch InBev, pode convencer o Catar a deixar os torcedores consumirem a cerveja Budweiser nos estádios – uma batalha que enfrentou na Copa do Mundo de 2014 no Brasil e acabou vencendo.
O Comitê Supremo de Entrega e Legado do Catar prometeu que as bebidas alcoólicas estarão disponível em algumas “zonas de fãs” designadas fora dos estádios e outros locais de hospitalidade, com mais detalhes a serem anunciados oportunamente.
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Fonte: Folha PE