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Maria Alekseyevna Lvova-Belova é comissária do governo russo para os direitos das crianças

O mandado de prisão por crimes de guerra emitido nesta sexta-feira (17/03) pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) não foi dirigido apenas contra o presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Outra autoridade russa também teve a prisão pedida: Maria Lvova-Belova, comissária do governo russo para os direitos das crianças, cargo que ocupa desde outubro de 2021.

Junto com Putin, a ex-senadora de 38 anos enfrenta acusações de crimes de guerra pela suposta deportação e transferência ilegal de crianças de áreas ocupadas na Ucrânia para o território russo, segundo o TPI.

O tribunal considerou que “existem motivos razoáveis” para considerar que Lvova-Belova tem responsabilidade criminal por crimes ocorridos desde 24 de fevereiro de 2022, quando a Rússia iniciou sua invasão em grande escala da Ucrânia.

Moscou nega acusações de crimes de guerra durante sua “operação especial” contra o país vizinho.

Pelo contrário, a ex-senadora manifestou orgulho pelo seu trabalho com menores do leste da Ucrânia, que a Rússia considera parte do seu território.

“É maravilhoso que a comunidade internacional tenha apreciado este trabalho para ajudar as crianças de nosso país”, disse Lvova-Belova à agência de notícias russa Ria Novosti.

“Que não as deixemos em zonas de guerra, que as tiremos de lá, que criemos boas condições para elas, que as cerquemos de pessoas amorosas e atenciosas.”

Ex-senadora adotou adolescente de Mariupol

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Belova afirmou que foi ‘graças’ ao presidente Putin que ela conseguiu adotar adolescente da Ucrânia

Quatro meses antes do início da guerra, Lvova-Belova assumiu o cargo de comissária para os direitos da criança no gabinete presidencial da Federação Russa.

Ela já havia sido senadora pela região de Penza, onde nasceu em 1984.

Durante a invasão, algumas crianças de regiões anexadas ou disputadas no leste da Ucrânia foram levadas para o território russo.

O TPI conduziu investigações sobre alegações de sequestro de crianças pelas forças russas.

“Enquanto estava lá, visitei uma das casas de anciões de onde as crianças teriam sido retiradas, perto da atual linha de frente do conflito. Os relatos daqueles que cuidavam dessas crianças e seus temores sobre o que aconteceu com elas mostraram a urgente necessidade de ação”, disse o promotor do TPI, Karim Ahmad Khan, na sexta-feira.

No ano passado, Lvova-Belova falou publicamente sobre os esforços para doutrinar crianças ucranianas levadas para a Rússia.

Ela também reclamou que algumas crianças “falavam mal do presidente [russo], diziam coisas horríveis e cantavam o hino ucraniano”.

A comissária disse que os menores de idade “começaram a se integrar” depois que foram direcionados a famílias adotivas na Rússia.

“Então, sim, há algumas coisas ruins no começo, mas depois elas se transformam e amam a Rússia”, disse Lvova-Belova na época.

Ela também revelou que adotou um menino de 15 anos de Mariupol, uma das cidades ucranianas tomadas por vários meses pelas forças russas.

A ex-senadora disse em um evento público no mês passado que foi “graças” ao presidente Putin que ela conseguiu a adoção do adolescente.

Em resposta aos mandados de prisão, o Kremlin disse que não reconhece a jurisdição do TPI — a Rússia não é signatária do Estatuto de Roma, que criou o tribunal.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, defendeu que qualquer uma das decisões do tribunal era “nula e sem efeito” em relação à Rússia.