Com um investimento de R$ 4,6 milhões, local é voltado para o desenvolvimento de projetos, ações, serviços e empoderamento para as mulheres da cidade. (Foto: Edson Holanda)
Nesta sexta-feira, dia 4 de julho, o Recife celebrou mais um marco importante na promoção dos direitos das mulheres com a inauguração do Centro de Promoção dos Direitos da Mulher Marta Almeida, equipamento público localizado na Rua do Bom Jesus, no bairro do Recife. Com um investimento de R$ 4,6 milhões, recursos advindos da Prefeitura, o local passa a integrar mais um equipamento da Secretaria da Mulher. O centro surge como um espaço dedicado ao fortalecimento e empoderamento feminino, através da inclusão educacional, social, política, econômica e cultural.
“Hoje é um dia carregado de muito simbolismo. É uma alegria estar aqui inaugurando o Centro de Promoção dos Direitos da Mulher Marta Almeida. Sabemos a luta que foi pra chegar até o dia de hoje, três anos e seis meses de gestão. Aqui, tivemos uma obra predial complexa, pelos contornos de patrimônio e de infraestrutura extremamente desafiadores. O centro fica na Rua do Bom Jesus, uma das três ruas mais bonitas do mundo. É um prédio com três andares dedicados especificamente para o Centro de Promoção, onde teremos formação, capacitação e atendimento às mulheres em situação de violência. Tudo para que possamos fortalecer e trazer política pública de qualidade para as mulheres da nossa cidade”, afirmou o prefeito João Campos.
Localizado em dois casarões históricos restaurados na Rua do Bom Jesus, 147, o espaço é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e ocupa uma área construída de 700 m². O local conta com laboratório de audiovisual, cozinha de vanguarda, sala multiuso, auditório, brinquedoteca, atelier de moda e costura e ponto de leitura. O centro preservou a restauração e a integridade das fachadas originais, mantendo o patrimônio histórico-cultural da cidade.
Além dos serviços oferecidos, o Centro também sediará workshops, palestras educativas e cursos profissionalizantes como Moda e Costura, Audiovisual e Mídias Digitais, Marketing, Tecnologia, Gastronomia e Cozinha, Línguas e Indústria. Com a finalidade de garantir a qualidade dos serviços prestados, a contratação de uma parte da equipe técnica foi realizada através de seleção simplificada, sendo composta por seis instrutoras para cursos profissionalizantes, duas arte-educadoras e uma coordenadora pedagógica. Além da equipe de gestão, de apoio administrativo e predial, totalizando 19 pessoas.
Os laboratórios e salas de aula foram equipados com tecnologia de ponta, adquirida parcialmente através de uma emenda parlamentar no valor de R$ 310 mil, concedida pela atual ministra e ex-deputada federal Luciana Santos, e complementada com recursos municipais, incrementando mais R$ 390.269,56.
A secretária da Mulher, Glauce Medeiros, destacou a importância do Centro como um símbolo do compromisso da gestão com as políticas para as mulheres. “Estamos fazendo história. Este Centro é fruto da luta das mulheres e de uma gestão comprometida com a construção de uma cidade mais justa. O centro Marta Almeida impactará a vida das mulheres recifenses e da comunidade como um todo. Este equipamento será um instrumento fundamental para transformar realidades, fomentando a inclusão educacional, social e cultural, e estimulando a rede socioprodutiva, promovendo um desenvolvimento mais inclusivo e sustentável para a cidade do Recife”, afirmou a gestora.
As obras foram coordenadas pelo Gabinete de Projetos Especiais (GABPE), órgão responsável por importantes intervenções urbanas da capital. “A criação de um ambiente acolhedor e seguro no Centro vai além da simples configuração física do espaço. Cada detalhe, desde a disposição dos móveis até a escolha das cores e materiais, foi cuidadosamente pensado para transmitir uma sensação de conforto e proteção às mulheres que o frequentam”, detalhou Cinthia Mello, chefe do GABPE.
MARTA ALMEIDA – Marta Carmelita Bezerra de Almeida foi uma liderança expressiva da causa das mulheres negras em Pernambuco, sendo coordenadora do Movimento Negro Unificado (MNU) no estado. Conhecida por Martinha, era pedagoga com especialização em Psicopedagogia e em Educação Especial, e técnica da Política de Igualdade Racial em Pernambuco, além de ter integrado diversos comitês e conselhos estaduais.
Martinha dedicou parte de sua vida às lutas sociais, como o direito à saúde, à denúncia incansável e ao combate ao racismo e ao direito à existência e visibilidade de mulheres lésbicas e demais pessoas LGBTQI . Participava ativamente em eventos e debates sobre a educação pública e igualdade racial, ressaltando a importância de tornar a universidade acessível a comunidades marginalizadas. Sua última participação pública foi em um evento sobre a curricularização da extensão na educação brasileira.
Em 2023, faleceu vítima de um AVC, deixando um grande legado para a continuidade do enfrentamento da discriminação e da segregação racial e para defesa pelos direitos da mulher. A morte de Marta foi lamentada por diversas organizações, incluindo a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).