A conversa está marcada para quinta-feira (14/12), em São Vicente e Granadinas, país do Caribe que ocupa a presidência pro tempore da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).
Maduro então solicitou a aprovação de uma lei para declarar a criação de um Estado venezuelano em Essequibo e de uma “zona de defesa abrangente da Guiana Esequiba” na cidade de Tumeremo.
O plano de encontro entre os dois governos, mediado por vários interlocutores, foi informado primeiro por Maduro e confirmado por Ali.
“O presidente Ali foi abordado hoje pelo primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas para uma reunião com o presidente Maduro na quinta-feira em São Vicente e Granadinas que será observada pelo Brasil, pela Caricom [Comunidade do Caribe] e por um subsecretário-geral da ONU. O presidente Ali concordou em realizar esta reunião”, afirmou a presidência da Guiana em comunicado.
Ali “reiterou que a fronteira terrestre da Guiana não está sujeita a discussão, já que está atualmente perante a CIJ [Corte Internacional de Justiça de Haia] e, quando determinada, será totalmente respeitada pela Guiana”.
“O presidente, em diversas ocasiões, deixou explicitamente claro que o caso perante a CIJ não será um tema para discussões bilaterais.”
Mais cedo, no sábado, Maduro havia publicado em sua conta no X (antes conhecido como Twitter) que manteve conversas telefônicas com o presidente de São Vicente e Granadinas e com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e que aceitou uma reunião com as autoridades da Guiana.
O Brasil faz fronteira com a Guiana e a Venezuela.
“Nestas conversas foi recebida a proposta de realizar uma reunião de alto nível com a República Cooperativa da Guiana, que será anunciada nos próximos dias”, disse o presidente da Venezuela.
E acrescentou que “aceita este apelo com aprovação e compromisso”.
Maduro disse ainda que conversou com o secretário-geral da ONU, António Guterres, que defendeu o diálogo entre as partes, segundo seu relato.
Brasil pede à Venezuela que evite ‘medidas unilaterais’
O governo de Lula foi o primeiro a falar publicamente após a conversa telefônica no sábado e disse que o presidente Brasileiro disse a Maduro para evitar “medidas unilaterais” que possam agravar a disputa territorial que mantém com a Guiana.
Segundo a versão do governo brasileiro, Lula levantou junto a Maduro a crescente preocupação na América do Sul com a situação e fez referência à declaração conjunta da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai para que ambas as partes possam buscar uma resolução pacífica.
“Somos uma região de paz”, disse Lula a Maduro, segundo o comunicado.
Lula havia dito, na semana anterior, que em 2024 visitará a Guiana, onde participará do encontro que reunirá os países que compõem a Caricom.
O Brasil confirmou o envio de 28 veículos blindados ao estado de Roraima, que está em alerta por fazer fronteira com os países em conflito.
Embora o envio desses veículos já estivesse planejado para operações contra a mineração ilegal na área, o Ministério da Defesa brasileiro anunciou que eles estarão disponíveis no caso de uma eventual escalada do conflito.
O Brasil quer enviar uma mensagem clara à Venezuela sobre a inviabilidade de escalada da crise com a Guiana, segundo fontes diplomáticas ouvidas pela BBC News Brasil.
Lula já havia dito no domingo passado que esperava que houvesse “bom senso”.
Fonte: BBC
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