- Author, Andrew Rogers
- Role, BBC
- Twitter, @andrewrgrs
O Call of Duty (CoD) é uma megamarca de jogos conhecida mundialmente, mesmo por quem nunca pegou em um controle.
A franquia cresceu e se tornou um fenômeno global desde que foi lançada, há 20 anos, e tornou sua proprietária, a Activision Blizzard, uma das empresas de jogos mais valiosas do mundo.
Assim, após idas e vindas, quando a Microsoft conseguiu finalizar a compra da empresa por US$ 67,8 bilhões (cerca de R$ 330 bilhões em valores atuais) no mês passado, as especulações tiveram início.
A maior era sobre se todo o catálogo do CoD poderia chegar ao Game Pass, serviço de assinatura de jogos eletrônicos da Xbox Game Studios, conglomerado da Microsoft, para uso com seu console Xbox One, Xbox Series X/S e Windows e em nuvem.
O CEO do Xbox, Phil Spencer, confirmou que tudo permanece do jeito que está até pelo menos o ano que vem, mas não há dúvida de que essa franquia de sucesso é hoje muito diferente em comparação à sua primeira versão, lançada em 2003.
Com os principais desenvolvedores trabalhando em jogos alternativos, os criadores do CoD mantiveram um cronograma de lançamento praticamente anual — foram 23 jogos lançados até agora.
As vendas sempre foram altas, e o modo multijogador do CoD é extremamente popular, mas com o tempo aumentaram as reclamações sobre os novos lançamentos não serem muito diferentes entre si.
É uma acusação que foi levantada sobre o último jogo da série, Modern Warfare 3.
Johanna Faries, gerente global da marca, admite que o CoD é um “gigante constante e sempre ativo”.
Em entrevista à BBC, ela diz estar convencida de que a franquia poderá continuar crescendo nos próximos 20 anos.
“Olhamos ao nosso redor o tempo todo para coisas que nem sempre acertamos”, diz ela.
“Onde podemos melhorar? Porque o que nos trouxe até aqui, à marca dos 20 anos, pode não ser o que nos levará aos próximos 20 anos.”
Mas ela está preocupada com o fato de Call of Duty inundar o mercado e se tornar chato?
“Temos que pensar muito na curadoria”, destaca Johanna.
“Temos que pensar com muito cuidado para garantir que nossos consumidores continuem encantados e entusiasmados, ao mesmo tempo sem deixá-los confusos, dada a quantidade de conteúdo que existe.”
E com as apostas em títulos CoD no Game Pass em 2024, pode haver muito conteúdo para escolher.
Johanna diz não poder dar mais detalhes, mas que “as possibilidades são superinteressantes”.
Mas, por enquanto, todos os olhos estão voltados para o novo Modern Warfare 3 (MW3). Foram revertidas muitas mudanças impopulares na jogabilidade central de seu antecessor, o Modern Warfare 2.
Os fãs de CoD falam abertamente sobre o que não gostam, e o MW3 foi criticado em seu lançamento porque não terá novos mapas multijogador.
Em vez disso, haverá versões remasterizadas de clássicos de jogos anteriores. O modo história para um jogador também reviveu Vladimir Makarov, o principal inimigo dos jogos Modern Warfare originais.
Isso levou alguns a sugerir que o novo jogo foi finalizado de forma apressada — alegação que o diretor criativo David Swenson rejeita.
Ele insiste que o último lançamento é “o Call of Duty com mais recursos que já fizemos”.
Swenson discorda que sua equipe tenha se deixado orientar pelas críticas dos fãs, tendo que reverter novidades que o último jogo apresentou.
“Não sinto que isso sufoque a criatividade”, diz ele.
“Acho que isso realmente a amplia. É um ambiente colaborativo muito legal.”
Call of Duty começou como um jogo da 2ª Guerra Mundial e mudou de época desde então, mas se concentrou em conflitos modernos em episódios posteriores.
A mais famosa é a missão ‘No Russian’ em Modern Warfare 2.
Desta vez, o retorno de Makarov também traz de volta sua empresa militar privada, o Grupo Konni.
Alguma semelhança com a realidade?
Muitos veem um paralelo com o grupo mercenário Wagner do mundo real, exército privado de mercenários que atualmente luta ao lado do Exército russo na Ucrânia.
Embora diga que a inspiração para a história do jogo venha de diferentes elementos, e a equipe por trás dele trabalhe com consultores militares e historiadores, David insiste que as pessoas estão vendo coisas onde elas não existem.
“Não há nada no jogo que deva ser baseado em fatos reais. Não estamos tentando fazer comentários políticos sobre o que está acontecendo no mundo”, diz ele.
“Estamos simplesmente tentando fazer uma história muito legal.”
Mas a série parece estar fazendo um esforço maior para se alinhar com certos elementos do mundo real, especialmente à medida que o seu público se expande para novos países.
Os jogos anteriores do Call of Duty foram criticados por suas representações de personagens de língua árabe, que quase sempre apareciam como vilões.
Shelby Carlton, designer do MWIII, diz que a personagem Farah Karim, comandante da fictícia Força de Libertação do Urziquistão, é uma das tentativas de resolver esse dilema.
“Farah era uma personagem monumental para mim como mulher”, diz ela.
“Certamente foi intencional tentar continuar criando novos personagens e suas comunidades”.
David concorda: “Ela fala árabe e é definitivamente uma protagonista”.
“É muito importante para nós ouvir todas essas línguas e definitivamente não apenas dos vilões.”
Fonte: BBC
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