A segurança viária e a mobilidade sustentável foram pauta na quinta edição do Rec’n’ Play. Nesta sexta-feira (20), o painel com o tema “Mobilidade urbana sobre duas rodas” reuniu técnicos e gestores para debater os desafios e compartilhar as experiências da construção da malha cicloviária. O evento aconteceu no auditório da Livraria Jaqueira, no bairro do Recife, e reuniu Roberto Cláudio Bezerra, ex-prefeito de Fortaleza (CE) (2013-2020), Samuel Dias, secretário de infraestrutura de Fortaleza, e Antônio Henrique de Oliveira, gerente geral de mobilidade humana do Recife.
Recife (PE) e Fortaleza (CE) têm histórias complementares e com desafios diferenciados que, quando compartilhados, tendem a potencializar os resultados de ambas as capitais. A capital cearense foi escolhida pela Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global (BIGRS) no período de 2015-2020 e passou a investir na infraestrutura cicloviária, readequação de velocidade, mais áreas para pedestres, intensificação de ações de comunicação estratégica e de fiscalização, assim como em campanhas de mídia de massa. O resultado foi uma diminuição dos óbitos e feridos no trânsito, reduzindo em cerca de 50% o índice de mortos por 100 mil habitantes nesses cinco anos.
Roberto Cláudio Bezerra, que foi prefeito de Fortaleza, apresentou os avanços da cidade e o enfrentamento dos desafios, destacando a vontade política como principal ponto de avanço da gestão, assim como a parceria com o terceiro setor. “A nova política de mobilidade de Fortaleza é pautada na equidade, na sustentabilidade e na saúde pública. Quando chegamos, identificamos que a quinta causa de morte na cidade era sinistros de trânsito e não achamos isso razoável. O uso da bicicleta foi primordial para essa política. A primeira coisa que precisamos foi vontade e liderança política porque mudar o desenho, os espaços e a rotina das pessoas a partir da gestão traz uma resistência da própria cultura das pessoas. Isso mexe com o que a cidade já está acostumada. Você passa a impor uma mudança porque a cidade normalmente não está preparada para as inovações. Entretanto, se houver clareza de propósito, se houver boa comunicação, podemos enfrentar”, contou.
Já o Recife começou a parceria com a Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global (BIGRS) em 2020 e seguirá até 2025. Desde então, o índice de mortos no trânsito por 100 mil habitantes reduziu em 19% entre 2020 e 2021, até onde os dados estão analisados. A política de mobilidade ativa do Recife segue o Plano Diretor Cicloviário (PDC), pactuado com entre governo e sociedade civil ainda em 2014, com previsão de término em 2024. Ao todo, o Recife conta, hoje, com 183 km de rotas cicláveis, todas de acordo com o PDC, e 178 km interligados entre si, totalizando 88,23% das rotas complementares, de responsabilidade da Prefeitura do Recife, cumpridas. Com o aumento da malha cicloviária ao longo da última década, a capital pernambucana se tornou referência para diversas cidades, tanto na Região Metropolitana, quanto em nível nacional. Cidades como Paulista, Jaboatão dos Guararapes (PE) e Porto Alegre (RS) já realizaram intercâmbios para troca de conhecimentos entre os municípios cujas gestões desejam ampliar a rede ciclável.
O gerente geral de mobilidade humana do Recife, Antônio Henrique, mostrou os avanços da capital pernambucana e alguns desafios enfrentados, destacando a cultura do carro e a tipologia da cidade. “Nos últimos anos a gente tem ampliado cada vez mais a malha cicloviária da cidade. São desafios e não apenas desafios de cultura, mas a própria tipologia da cidade. A vontade política e o comprometimento têm feito a diferença na mudança de cultura. Hoje chegamos em uma grande avenida que é Agamenon Magalhães. As cidades foram moldadas para o transporte individual há décadas e hoje o nosso desafio é trazer as pessoas para o uso da bicicleta, é uma construção longa, mas temos avançado bastante”, disse.
Outro fator que faz o Recife ser destaque na gestão da malha cicloviária entre a comunidade técnica é o nível de dificuldade geográfica É importante lembrar que, ao longo desses anos, toda a política de segurança viária se expandiu e garantiu mais qualidade de vida para todas as pessoas no trânsito. Além da CTTU na implantação de rotas cicláveis, a Prefeitura do Recife tem investido numa gestão sustentável para trazer mais conforto aos ciclistas. É o caso das ações para arborização da cidade. Até 2023, serão plantadas 1.200 árvores de grande porte nas grandes avenidas do Recife, o que garante mais conforto térmico, a iniciativa é da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SMAS). Além disso, a PCR investiu na iluminação de LED, que garante mais segurança – tanto pública, quanto viária – aos ciclistas durante a noite. Ao todo, já são mais de 106 mil pontos de LED implantados no Recife.
REC’N’ PLAY – A capital pernambucana já está conectada com o universo digital e nesta quinta edição do Rec’n’Play a Prefeitura do Recife chega em peso, neste que é um dos maiores e mais importantes eventos de inovação e tecnologia do Brasil. “A Pref Tá On” é o conceito levado para o festival e o governo municipal levará ao público tudo sobre governo digital (e-Gov) com uma programação que inclui palestras, rodas de conversa, atividades interativas e culturais e serviços. Além disso, a Prefeitura vai oferecer ao público o Espaço Conecta, um ambiente com pegada digital, que proporcionará às pessoas um cardápio de ações e iniciativas municipais. O Rec’n’Play, que é gratuito, é uma realização do Porto Digital com a Ampla e conta com o apoio do governo municipal e acontece em todo o Bairro do Recife, de 18 a 21 de outubro. A programação completa está disponível no link recnplaypref.recife.pe.gov.br. Na manhã desta quinta-feira (18), o prefeito João Campos foi conferir de perto a estrutura do Espaço Conecta.