Em árabe, o nome mais conhecido do grupo é uma sigla para Ḥarakah al-Muqawamah al-‘Islamiyyah, que significa Movimento de Resistência Islâmica.
Ramificação do braço palestino da Irmandade Muçulmana, maior e mais antiga organização islâmica do Egito, o Hamas tinha, inicialmente, o duplo propósito de implementar uma luta armada contra Israel, liderada por sua ala militar, as Brigadas Izzedine al-Qassam, e de oferecer programas de bem-estar social aos palestinos.
Mas desde 2005, quando Israel retirou tropas e colonos de Gaza, o Hamas também se envolveu no processo político palestino.
O grupo venceu as eleições legislativas em 2006, derrotando o movimento rival Fatah, do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas.
O Fatah não aceitou o resultado, e, no ano seguinte, o Hamas tomou violentamente o controle de Gaza da ANP, que, por sua vez, segue governando a Cisjordânia.
Desde então, militantes em Gaza travaram confrontos com Israel, que junto com o Egito mantém desde 2006 um bloqueio ao território para isolar o Hamas e pressioná-lo a interromper os ataques.
À medida que o Hamas assumiu o controle das instituições remanescentes da ANP em Gaza, estabeleceu um poder judicial e criou instituições autoritárias.
Em teoria, o Hamas governa seguindo os princípios da sharia (lei islâmica), controlando a forma como as mulheres se vestem e chegando a impor a segregação de gênero em público durante os primeiros anos no poder.
Segundo a Freedom House, ONG sem fins lucrativos baseada em Washington (EUA), o “governo controlado pelo Hamas não tem mecanismos eficazes ou independentes para garantir a transparência no seu financiamento, aquisições ou operações”.
De acordo com especialistas, o Hamas também reprime os meios de comunicação social de Gaza, o ativismo civil nas redes sociais, a oposição política e as organizações não governamentais.
Em outubro de 2023, o grupo lançou um ataque surpresa no sul de Israel. O acontecimento foi considerado “sem precedentes” e uma das maiores falhas de segurança do país em 50 anos.
O motivo alegado pelo Hamas para justificar a ofensiva está relacionado à mesquita de Al-Aqsa, que fica junto ao Monte do Templo, em Jerusalém, em uma área da cidade considerada sagrada por muçulmanos, judeus e cristãos.
Em sua fundação, o Estatuto do Hamas definiu a Palestina histórica, incluindo o atual território de Israel, como terra islâmica e exclui qualquer possibilidade de paz permanente com o Estado judeu.
O documento também ataca os judeus como povo, fortalecendo acusações de que o Hamas é antissemita.
Em 2017, o grupo produziu um novo documento de política que suavizou algumas de suas posições declaradas e usou uma linguagem mais moderada.
Não houve, mais uma vez, reconhecimento de Israel, mas o grupo diz aceitar formalmente a criação de um Estado palestino provisório em Gaza, na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, algo que é conhecido como linhas pré-1967.
O documento também afirma que a luta do Hamas não é contra os judeus, mas contra o que chama de “agressores sionistas de ocupação”.
Em resposta, Israel disse que o grupo estava “tentando enganar o mundo”.
Nos últimos anos, Israel estima que o Hamas e outros grupos militantes palestinos em Gaza tinham cerca de 30 mil foguetes e morteiros no seu arsenal.
Segundo a ONU, entre janeiro de 2008 e agosto de 2023 (excluindo o último ataque, portanto), 308 israelenses, entre civis e militares, haviam sido mortos – dos quais 112 por grupos armados palestinos.
No mesmo período, 6.407 palestinos foram mortos, a maior parte civis e por militares israelenses.
Países como Estados Unidos, Reino Unido, Japão, Austrália e as nações da União Europeia classificam o Hamas como uma organização terrorista.
Já o Brasil e nações como China, Rússia, Turquia, Irã e Noruega não adotam essa classificação.
Historicamente, o governo brasileiro só aceita classificar uma organização como sendo terrorista se ela for considerada assim pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Fonte: BBC
Você precisa fazer login para comentar.