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Protestos terminaram com carros incendiados em Nanterre, nos arredores de Paris

Pelo menos 1.000 pessoas foram presas em toda a França na quarta noite de protestos depois que um adolescente foi morto por um policial.

Houve manifestações nas cidades de Marselha, Lyon, Grenoble e algumas partes de Paris.

O funeral de Nahel M., de 17 anos, será realizado ainda neste sábado, no subúrbio de Nanterre, na capital.

Nesta semana, o presidente da França, Emmanuel Macron, lamentou a morte do adolescente. “Nada justifica a morte de um jovem (…). É inexplicável, imperdoável”, disse. O presidente ainda pediu “calma para que a justiça seja feita”.

Por outro lado, Macron acusou os manifestantes de “explorar” a morte do adolescente e pediu aos pais a manterem as “crianças rebeldes” em casa.

O capitão da seleção francesa de futebol, Kylian Mbappé, também se pronunciou sobre o assunto, pedindo que “a violência dê lugar ao luto, ao diálogo e à reconciliação.”

Na noite desta sexta-feiram, Lyon foi uma das áreas mais afetadas pelos protestos.

A imprensa francesa relata que 35 policiais ficaram feridos na cidade e arredores, sendo que dois precisaram ser hospitalizados.

Oito prédios públicos – incluindo uma delegacia de polícia – foram atacados e sofreram danos graves.

Mais de 70 pessoas foram presas em Lyon.

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Protestos em Nanterre, perto de Paris, terminou em atos de vandalismo

A polícia utilizou um helicóptero, um drone e um veículo blindado – e um funcionário da prefeitura disse à emissora francesa BFMTV que teme que sábado seja outra “noite extremamente difícil” a menos que o governo envie mais policiais.

Quando os protestos começaram, no início desta semana, os manifestantes atacaram principalmente prédios públicos, como prefeituras, bibliotecas e centros comunitários.

Mas, com o passar dos dias, o foco mudou para saques e pilhagens de lojas.

Na noite de quinta-feira, as lojas da Zara e da Nike em Paris foram saqueadas. Supermercados e pequenas empresas em todo o país também foram alvos – lojas de esquina e tabacarias também relataram ter sido invadidas e saqueadas.

Incidentes semelhantes aconteceram na noite de sexta-feira, alguns mesmo antes do anoitecer. Várias lojas, como a da Apple em Estrasburgo, tiveram que fechar mais cedo depois de terem sido atacadas por grupos de pessoas.

Houve mais saques durante a noite de sexta-feira e muitas lojas provavelmente vão optar por permanecer fechadas neste fim de semana.

Proprietários de pequenas empresas disseram à imprensa francesa que as perdas causadas pelo fechamento no que deveria ser o primeiro fim de semana das vendas de verão serão significativas.

Quem era o jovem morto pela polícia

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Mounia, mãe de Nahel em protesto

Ele estava estudando em Suresnes, não muito longe de onde morava, para se formar como eletricista.

Aqueles que o conheceram disseram que ele era muito querido em Nanterre, onde morava com sua mãe, Mounia, e aparentemente nunca conheceu seu pai.

Pouco depois das nove da manhã de terça-feira (27/6), ele foi baleado no peito, à queima-roupa, ao volante de um carro Mercedes. A polícia afirma que ele tentou fugir durante uma fiscalização de trânsito.

Nahel M não tinha antecedentes criminais.

‘Sistema judiciário é culpado pela morte’, diz advogado

Nesta semana, o advogado do adolescente assassinado Nahel falou ao programa Newshour do Serviço Mundial da BBC.

O policial que atirou e matou Nahel já foi indiciado por homicídio doloso. O advogado de Nahel, Yassine Bouzrou, disse que a impunidade dos policiais na França é parte do problema.

Bouzrou disse que o sistema judicial, e não o racismo, foi o culpado pelo que aconteceu com o jovem de 17 anos.

“Temos uma lei e um sistema judicial que protege os policiais e cria uma cultura de impunidade na França”, disse ele ao Newshour, acrescentando que casos semelhantes ao longo dos anos mostram que “o sistema judicial ainda não está funcionando para as vítimas” em todo o país.