As conversas dos presidentes nacionais do PSDB, Bruno Araújo, e do MDB, Baleia Rossi, acerca da união dos dois partidos, incluindo ainda o Cidadania, numa federação já vinham ocorrendo há algum tempo, mas a decisão de ambos de dar holofote ao estudo disso, nesta quarta-feira (02), de forma casada, carrega um simbolismo.
Via postagens em suas redes sociais, Baleia e Bruno deixaram claro que trabalham para fazer isso acontecer.
E o fazem mirando não só a eleição presidencial, mas a formação de uma base mais ampla para o campo que integram no Congresso Nacional, capaz de fazer frente ao volume de parlamentares do centrão e do PT e de “barrar excessos e extremos”, como define Bruno.
À coluna, ele faz uma conta rápida: “Os dois maiores partidos do centro democrático, se não entrarem juntos nessa federação, podem se ver reduzidos a partidos de segundo time, dado o tamanho com que vai chegar o centrão e a frente do PT na próxima legislatura”.
Bruno vai à ponta do lápis: “O centrão reúne algo como 200 deputados, o PT pode chegar com 90 e o PSDB e o MDB, se chegarmos divididos, vamos perder tamanho no protagonismo nacional, seja na Câmara, no Senado ou nas assembleias”.
Na condição de dirigente nacional, Bruno evita tratar da construção do ponto de vista de Pernambuco e realça o caráter nacional dessa articulação, mas, no Estado dele, o partido não só possui uma pré-candidata ao Palácio das Princesas, Raquel Lyra, como a federação do PSDB e do MDB pode carregar, à primeira vista, uma peculiaridade e ela tem a ver com a situação dos emedebistas, Raul Henry e Jarbas Vasconcelos, aliados do PSB e integrantes da Frente Popular, aliança à qual o tucanato faz oposição.
Raquel Lyra encontrava-se em São Paulo, nesta quarta-feira (02), e não foi sem ir à mesa com o dirigente nacional do tucanato que ela retornou a Pernambuco.
Os dois se reuniram, na capital paulista, e ele cuidou de transmitir a ela as referidas informações.
Caso essa unidade se consolide nacionalmente, reflexos no projeto majoritário de Raquel, prefeita de Caruaru, serão inevitáveis.
Bruno não desce a esse detalhe, mas não arrodeia sobre o MDB-PE. “Pernambuco é um dos estados onde há peculiaridade, onde vai ser preciso se posicionar. Dentro do PSDB nacional, eu tenho certeza que, da parte do partido e de Raquel, não faremos objeção a estar numa federação com dois homens públicos decentes como Jarbas Vasconcelos e Raul Henry”.
Bruno completa: “Como eles vão se posicionar dentro do partido deles em relação à federação, não tenho autoridade para falar”. Há jogo para ser jogado e, em Pernambuco, especialmente, nesse caso.
Problema dois
“A federação vai acontecer? Não sei! Eu mesmo pergunto e eu mesmo respondo”, pontua Bruno Araújo à coluna. E emenda: “O caminho é difícil”. Avisa o seguinte: “O PSDB não abre essa conversa botando exigências”. Faz referência ao fato de os dois partidos terem presidenciáveis no páreo, Simone Tebet (MDB) e João Doria (PSDB). Ele admite que isso é um “segundo problema”.
Figurinhas > Raquel Lyra já teve conversas com Simone Tebet. As duas são as mulheres pontas de lança dessa composição, considerando a cena nacional, a local e a tendência de ampliação da representatividade do gênero na política.
Nossa parte > “Tanto eu, como Baleia Rossi, não seremos condenados pela história por não botar o tema na mesa. Se os partidos decidirão fazer ou não, é outra história”, diz Bruno Araújo.
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Fonte: Folha PE
Autor: Renata Bezerra de Melo