- Author, Giulia Granchi
- Role, Da BBC News Brasil em São Paulo
Um ciclone extratropical, fenômeno meteorológico responsável por causar fortes chuvas e ventos atua nesta semana em parte do Brasil, com os efeitos sentidos na costa da região Sul e Sudeste até sexta-feira (16), trazendo chuvas intensas e rajadas de ventos em cidades do Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e São Paulo.
Os efeitos mais fortes devem ser sentidos em locais mais ao sul do país: o INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) alerta para volume de chuva alto (acima de 60 mm/dia ou superior a 100 mm/dia) com ventos superiores a 100 km/h em Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Comuns na história climática brasileira, os ciclones extratropicais costumam se formar no extremo sul do país, entre o Rio Grande do Sul e Argentina e Uruguai, países vizinhos. Seus ventos são mais fracos e seus efeitos têm duração menor em comparação aos ciclones tropicais.
“Ciclones extratropicais no Oceano Atlântico se formam toda semana, dezenas deles às vezes. Mas é comum que se formem perto do polo sul, muito distante. Por isso não mencionamos na previsão do tempo – um ciclone extratropical a mil quilômetros da costa não vai causar nenhum efeito para a população”, explica Estael Sias, meteorologista do MetSul, plataforma de conteúdo meteorológico.
A diferença do fenômeno que vemos agora é que, assim como ocorreu no ano passado, sua área de formação fica mais proxima à costa atlântica faz com que a população sinta os efeitos.
“A formação não é tão rápida quanto a de um tornado, por exemplo, que acontece em minutos”, aponta Ana Avila, meteorologista e pesquisadora da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Há risco de alagamentos, deslizamentos e enxurradas, assim como destelhamentos, danos nas redes elétricas e quedas de árvores e galhos.
Os riscos variam de acordo com a região e a intensidade com a qual o ciclone deve atuar. Por isso é importante sempre estar alerta às recomendações da Defesa Civil e outros órgãos competentes na sua cidade e estado.
Um exemplo é a diferença da força das rajadas de vento entre Florianópolis e a cidade de São Paulo. Mais ao sul, a previsão é de que o vento alcance 100 km/h. Já na capital paulista, as maiores rajadas devem oscilar entre 60 km/h e 80 km/h.
O CGE-SP (Centro de Gerenciamento de Emergências de São Paulo) recomenda que quem estiver na cidade de São Paulo não fique sob a rede elétrica ou árvores e evite os deslocamentos.
Em cidades ao sul do país, com maior risco de alagamentos, as recomendações dos órgãos competentes vão desde procurar abrigo seguro a não entrar em contato com águas.
Cidades litorâneas também devem sentir maiores impactos. “Os ventos ficam mais fortes próximos ao mar, assim como as ondas, que podem chegar a quatro metros de altura. Por isso, é essencial que toda atividade marítima, como a pesca, seja cancelada. O risco é muito alto, como os alertas meteorológicos das Defesas Civis vêm apontando principalmente nas últimas 24 horas”, explica Avila.
Os ciclones extratropicais são centros de baixa pressão atmosférica que se formam fora dos trópicos, em médias e altas latitudes.
“Ele é formado pelo contraste de massas de ar quente e frio. Parte da sua ação é sugar toda a umidade pra essa região do centro de baixa pressão e jogar para a atmosfera, resfriando e trasnformando a umidade em nuvens. É nesse processo que o fenômeno espalha chuva e vento”, aponta a meteorologista Estael Sias.
Como a população deve se proteger
Em áreas mais afetadas, as recomendações pedem maior cautela. Abaixo, como exemplo, estão os conselhos da Defesa Civil de Santa Catarina:
Alagamentos
- Evite contato com as águas;
- Não dirija em áreas alagadas;
- Evite pontes submersas e pontilhões;
- Redobre a atenção com as crianças.
Deslizamentos
Fique atento:
- A postes e árvores com inclinação;
- Qualquer movimento de terra ou encostas próximo à sua residência;
- Aparecimento de rachaduras em muros ou paredes.
Ventos fortes
- Busque um local abrigado, longe de árvores, placas, postes e outros objetos que possam ser arremessados;
- No local abrigado, fique longe de janelas.
Fonte: BBC
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