A violência armada é uma constante nos Estados Unidos — tema que coloca defensores do controle de armas contra pessoas que protegem ferozmente seu direito de portá-las.
A seguir, confira alguns dos números por trás das armas de fogo nos EUA.
Aumento de tiroteios em massa
Houve 201 tiroteios em massa nos EUA até agora em 2023, segundo a plataforma Gun Violence Archive, que define um tiroteio em massa como um incidente no qual quatro ou mais pessoas são feridas ou mortas. Os dados incluem ataques a tiros que acontecem em residências e em locais públicos. Isso significa uma média de 1,6 ataque a tiros por dia em 2023.
Houve dois no Texas na semana passada — com cinco mortos em uma casa em Cleveland, ao norte de Houston, e oito mortos em um shopping em Allen, perto de Dallas.
Em cada um dos últimos três anos, houve mais de 600 tiroteios em massa, quase dois por dia em média.
O ataque mais mortal desse tipo, em Las Vegas em 2017, matou mais de 50 pessoas e deixou 500 feridos. A grande maioria dos tiroteios em massa, no entanto, deixa menos de 10 pessoas mortas.
Como mortes por armas de fogo nos EUA são divididas?
Segundo os dados mais recentes dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, órgão vinculado ao Ministério de Saúde daquele país, 48.830 pessoas morreram devido a ferimentos relacionados a armas de fogo nos EUA em 2021.
Isso representa um aumento de quase 8% em relação a 2020, que foi um ano recorde para mortes por armas de fogo.
Embora tiroteios em massa e assassinatos com armas de fogo (homicídios) geralmente atraiam muita atenção da mídia, mais da metade do total em 2021 foram suicídios.
Naquele ano, mais de 20 mil casos foram homicídios, segundo o CDC.
Os dados mostram que mais de 50 pessoas são mortas a cada dia por uma arma de fogo nos EUA.
Essa é uma proporção significativamente maior de homicídios do que no caso do Canadá, Austrália, Inglaterra e País de Gales e muitos outros países. Mas não do que no Brasil, onde no ano passado foram registradas 40,8 mil mortes violentas, ou 112 óbitos por dia, mais do que o dobro dos EUA.
A comparação chama ainda mais atenção considerando que os EUA têm uma população maior do que a do Brasil — 332 milhões contra 214 milhões.
Quantas armas existem nos Estados Unidos?
Embora seja difícil calcular o número de armas em mãos privadas em todo o mundo, os números mais recentes do Small Arms Survey — um projeto de pesquisa com sede na Suíça — calculam que havia 390 milhões de armas em circulação nos EUA em 2018.
A proporção dos EUA de 120,5 armas de fogo por 100 residentes, acima dos 88 por 100 em 2011, supera em muito a de outros países ao redor do mundo.
Dados mais recentes dos EUA sugerem que a posse de armas cresceu significativamente nos últimos anos. Um estudo publicado pelo Annals of Internal Medicine em fevereiro apontou que 7,5 milhões de adultos americanos se tornaram novos proprietários de armas entre janeiro de 2019 e abril de 2021.
Isso, por sua vez, expôs 11 milhões de pessoas a armas de fogo em suas casas, incluindo 5 milhões de crianças. Cerca de metade dos novos proprietários de armas naquele período eram mulheres, enquanto 40% eram negros ou hispânicos.
Quem apoia o controle de armas?
A maioria dos americanos é a favor do controle de armas.
Segundo uma sondagem do instituto de pesquisa Gallup:
- 57% dos americanos entrevistados disseram que queriam leis mais rígidas sobre armas — embora essa taxa tenha caído no ano passado.
- 32% disseram que as leis deveriam permanecer as mesmas, enquanto 10% das pessoas entrevistadas disseram que deveriam ser “menos rígidas”.
A questão é extremamente divisiva, recaindo amplamente nas linhas partidárias.
“Os democratas são quase unânimes em seu apoio a leis de armas mais rígidas”, observou outro levantamento da Gallup, com quase 91% desse eleitorado a favor de leis de armas mais rígidas.
Apenas 24% dos republicanos, por outro lado, concordaram com a mesma afirmação, junto com 45% dos eleitores independentes.
Alguns estados tomaram medidas para proibir ou regulamentar estritamente a posse de armas de assalto. As leis variam conforme o estado, mas a Califórnia, por exemplo, proibiu a posse de armas de assalto com raras exceções.
Algumas restrições são amplamente apoiadas por pessoas de todos os espectros políticos — como as que regem a venda de armas para pessoas com problemas mentais ou em listas de “observação”.
Quem se opõe ao controle de armas?
Apesar de anos de problemas financeiros e conflitos internos, a Associação Nacional de Rifles (NRA, na sigla em inglês) continua sendo o lobby de armas mais poderoso dos Estados Unidos, destinando verbas substanciais para influenciar os membros do Congresso sobre a política de armas.
Entre 2008 e 2022, grupos a favor das armas, como a NRA, gastaram consistentemente mais que o dobro dos que são contrários a elas.
Os gastos alcançaram um pico em 2013 em pouco menos de US$ 20 milhões — naquele ano, as organizações que advogam pelo controle de armas gastaram pouco menos de US$ 3 milhões.
Já em 2002, grupos pró-armas gastaram US$ 13 milhões contra US$ 2,3 milhões das organizações anti-armas.
Vários estados também chegaram ao ponto de eliminar amplamente as restrições sobre quem pode portar uma arma. Em junho de 2021, por exemplo, o governador do Texas, Greg Abbott, sancionou uma “lei de porte sem permissão” que permite aos residentes do estado portar armas sem licença ou treinamento.
Da mesma forma, em abril do ano passado, a Geórgia tornou-se o 25º país a eliminar a necessidade de permissão para ocultar ou portar abertamente uma arma de fogo. A lei significa que qualquer cidadão desse estado tem o direito de portar uma arma de fogo sem licença ou permissão. A lei foi apoiada pela NRA.
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