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Responsáveis relatam apreensão com ameaças a escolas; psicóloga orienta sobre abordagem com crianças

Com os casos recentes de ataques em escolas no Brasil – como os que aconteceram em Blumenau (SC), no qual quatro crianças com idades entre cinco e sete anos foram assassinadas em uma creche no início de abril, em Manaus (AM), na segunda-feira (10) e, nesta terça (11), em Goiás – a segurança nas unidades educacionais tem sido alvo de debates por parte do poder público e de preocupação de pais, responsáveis e alunos. 

Nos últimos dias, uma série de ameaças foram compartilhadas nas redes sociais; nelas, os supostos alvos seriam escolas públicas da Região Metropolitana do Recife e de outros municípios pernambucanos. Sobre as postagens, a Secretaria de Defesa Social (SDS-PE) afirmou que haverá uma mobilização integrada no monitoramento e combate às ameaças de violência nas escolas. “As redes sociais estão sendo monitoradas e, com isto, já foram identificados e encaminhados para delegacias competentes suspeitos de praticarem ameaças e atos semelhantes a terrorismo”, disse a Secretaria em nota. 

Nesta terça (11), representantes das secretarias de Educação e Esportes e de Defesa Social de Pernambuco se reúnem com os gestores das Gerências Regionais de Educação para discutir o assunto. O encontro deve acontecer por meio de uma videoconferência. 

Entre os pais e responsáveis, o assunto causa apreensão. Apesar do receio, alguns reforçam que a preocupação não pode afastar crianças e adolescentes das escolas e que as instituições, privadas ou públicas, devem tomar medidas para frear quaisquer planos de violência. “A preocupação existe e deve existir, o que a gente não pode é ficar refém dessas ameaças, que na maioria das vezes são falsas. Temos que trazer as crianças e torcer para que os colégios tomem medidas para mitigar essa ameaça, trazendo um pouco mais segurança”, diz o médico Kassio Macedo, 39, pai de uma criança que, aos três anos, dá seus primeiros passos na vida escolar.

No mesmo sentido, a artista plástica Marilia Della Nora, 42, assume o sentimento de preocupação, mas diz que o medo não pode restringir a educação das crianças e dos adolescentes. “A gente fica receoso, mas temos que confiar nos colégios, na segurança. Temos que aprender a lidar com essa situação de modo a evitar essas ameaças, porque são nossos tesouros que estão em risco. No entanto, é importante que não se crie um sentimento de pânico sobre especulações”, diz Marília.

Há, ainda, quem evite abordar o assunto com as crianças. Sobre esse tipo de atitude, a psicóloga Giedra Marinho especialista em infância e adolescência e mestre em educação para o ensino e saúde aponta que dificilmente a criança será blindada da informação, de modo que o contato prévio com os pais ou responsáveis acerca do assunto pode ser benéfico. “Vivemos em um meio midiático em que não temos controle sobre as informações. Em algumas situações, elas chegam às crianças sem que os adultos saibam, através de uma televisão, de um celular, ou outra fonte”, conta a profissional”

“Por isso, é muito mais interessante que você se antecipe e converse com seu filho antes; assim, você pode dar sua abordagem”, completa Giedra, que destaca a importância da iniciativa de veículos de mídia em não divulgar informações sobre os criminosos.

Quando o assunto for abordado, segundo a psicóloga, os adultos devem passar “segurança emocional” às crianças. “Os pais e responsáveis têm que entender que eles são modelo, são exemplo para os menores. É importante, portanto, passar tranquilidade; não é simplesmente não falar sobre o assunto, mas falar de uma forma que passe segurança. Por exemplo, falando que a escola frequentada por ela é um ambiente seguro e dizendo que no momento em que a criança não se sentir protegida, há a possibilidade de se procurar uma professora ou mesmo os próprios responsáveis para falar sobre o medo”, explica a psicóloga.

“Primeiro, é preciso usar sempre uma linguagem que a criança entenda, compatível com a idade dela. É importante, ainda, que a criança se sinta respeitada. Se você vai falar sobre o assunto, não precisa expor todos os detalhes, é importante destacar que o que aconteceu foi negativo e reforçar que algo semelhante não acontecerá na escola que ela frequenta. O mais importante é fazer com que a criança se sinta protegida“, completa Giedra Marinho.

A proteção, segundo a psicóloga, está relacionada à forma com que as crianças lidam com sentimentos como o medo e a insegurança. Nesse processo de autoconhecimento, a comunicação desempenha um papel fundamental. “A criança tem que sentir que possui um espaço de fala. Se ela não quer ir à escola por medo em determinado dia, por exemplo, é importante que se respeite essa vontade. Muitas crianças terão esse movimento e, quanto menor ela for, o respeito à criança é fundamental para que ela aprenda a lidar com as emoções. É importante saber como a criança está se sentindo, se sentar no chão junto a ela, pedir para que ela desenhe, que é um instrumento muito válido porque eles não têm condições de elaborar um raciocínio”.


 

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