Jogando em casa, o grupo realizou uma apresentação em reverência à população do bairro, um dos principais celeiros culturais do Recife. (Foto: Wesley D´Almeida/PCR)
O maior destaque do domingo de Carnaval dos polos descentralizados da Zona Norte ficou por conta do histórico show da banda Devotos, no Alto José do Pinho. Jogando em casa, o grupo fez um show de reverência às pessoas da localidade. Cannibal, Neilton e Cello, heróis máximos de um dos maiores celeiros de cultura do Recife, não deram tempo para o público respirar, com um hit atrás de outro: “Eu tenho pressa”, “Vida de ferreiro” e, claro, não faltou o hino “Punk Rock Hardcore Alto Zé do Pinho”, com a plateia em peso cantando o famoso refrão. Um show para a história.
Em seguida, encerrando a noite, o carioca Marcelo Falcão, ex-vocalista d’O Rappa, mesclou sucessos da antiga banda e de sua carreira solo, com a competência de sempre. No Alto José do Pinho, a estrutura foi montada na Rua Severino Bernardino Pereira, a principal da localidade – famosa por ser berço para diversas manifestações culturais do Recife.
Após as apresentações de grupos e orquestras de frevo – mais uma vez, no chão – foi a vez de Cinho do Cavaco inaugurar o palco com muito samba de raiz. A apresentação foi recheada de sucessos como “Falsa consideração”, de Marquinhos Satã, “Eu e você, sempre”, de Jorge Aragão, e encerrando com “Vou festejar”, também de Jorge Aragão, em parceria com Dida e Neoci, que virou clássico em 1978 na voz de Beth Carvalho.
Diretamente de São José do Egito, no Sertão, a banda Em Canto e Poesia mostrou uma mistura de maracatu, reggae, ciranda, coco e letras na melhor tradição dos grandes poetas do Pajeú. Em seguida, representando o bairro de Peixinhos, em Olinda, o Etnia fez um resumo de seus 26 anos de estrada, com direito a um cover de “Ciranda de Maluco”, de Otto.
CULTURA POPULAR – No polo de Casa Amarela, na Zona Norte, o domingo de Carnaval começou pontualmente às 15h30, com a apresentação da Orquestra Freové e Companhia Expressão da Dança – no asfalto, em frente ao palco montado no Largo de Casa Amarela. Ainda com o sol a pino – como convém a um dia de Carnaval – músicos e passistas percorreram algumas ruas do entorno.
Logo depois veio o Clube Carnavalesco Misto Maracangalha, da Cohab, que juntou passistas mirins e uma animada ala de idosas. “Depois de dois anos sem Carnaval, poder estar assim, fantasiada de novo e fazendo o que amo – brincar a festa – é uma coisa que não tem preço”, disse, emocionada, a aposentada Sandra Ferreira.
Em seguida, o maracatu de baque solto Leão de Ouro, de Condado, na Zona da Mata Norte, fez uma apresentação emocionante. O Mestre Letinho compôs uma loa em que falou da alegria pela volta da folia após dois anos de pandemia – “para compensar as agonias, poderiam ser nove dias de Carnaval” – além de passar recados importantes sobre prevenção às doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e pela conscientização contra o assédio na festa. A noite ainda continuou com performances do grupo Black Bambas, do forrozeiro Josildo Sá, das Amigas do Brega e de MC Tocha, que encerrou o palco.
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